quarta-feira, agosto 31, 2011

A República Prostituta da Madeira

A estratégia de utilizar a ameaça da independência como forma de os governantes da Madeira conseguir mais dinheiro dos contribuintes do resto do país é tão velhinha quanto a autonomia regional, mas desta vez o Alberto João não acenou com o perigo do independentismo, ele próprio fez a ameaça, ou permitimos que a Madeira ganhe dinheiro com os esquemas de evasão fiscal do Continente ou coloca-se a questão da independência.

Em qualquer país civilizado este político seria banido, mas como Portugal é o país que é o senhor continua a exibir a sua bazófia e ainda se permite usar os dinheiros públicos para perseguir judicialmente jornalistas e quaisquer políticos adversários ou cidadãos comuns que o critiquem. Como para este senhor os dinheiros públicos abundam ainda os usa para ter um jornal privativo onde pode perseguir todos os que se lhe atravessem no caminho, sejam os “ingleses” ou os “colonialistas do contenente”.

Isto é possível devido a duas razões, a cobardia do PSD nacional que não só lhes permite os desvarios como ainda o exibe como modelo de virtudes nacionais e o oportunismo social de uma classe média madeirense enriquecida pelo poder graças aos dinheiros que os esquemas do Alberto conseguem.

Não admira que sejam poucos os madeirenses que ousem vir a público questionar o seu discurso, uns por cobardia e outros por conivência preferem o silêncio. Quanto à cobardia pouco há a dizer, o fenómeno não é novo no país, foi essa cobardia que levou a que a ditadura se prolongasse por quase cinquenta anos. Já quanto aos que são conivente com o Alberto João a questão roça o indigno.

Quando Alberto João acena com a independência caso não sejam mantidos os privilégios da zona franca está a dizer que para os madeirenses que o seguem a independência não é uma questão de princípios, é uma questão de preços. Enfim, talvez um dia tenhamos o mais original dos países independentes, a República Prostituta da Madeira.

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Imagens dos visitantes d'O Jumento


Banco de pedra, aldeia de Monsanto [A. Cabral]
  
Jumento do dia


 
Pedro Mota Soares, conhecido no Governo por Pedro

Quando o jovem Pedro foi tomar posse de ministro de lambreta para depois voltar a casa num carro governamental de alta cilindrada ninguém imaginava como ele poderia tornar-se num verdadeiro mago, isto para não cometer a heresia de o comparar a um Jesus Cristo multiplicador de papos-secos. Depois de Sócrates ter esbanjado dinheiro a construir creches eis que o Pedro descobre que se conseguem criar o equivalente a centena de creches por mero decreto, basta aumentar as turmas.
 
Já imagino o Pedro a voltar a tomar posse, mas desta vez em vez de ir sozinho na sua lambreta vai imitar as famílias chinesas que aparecem nas imagens da internet, para além dele irão na mesma lambreta a Assunção Cristas, o Paulo Portas e mais dois ou três secretários de Estado do CDS.
  
«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, visita hoje a Cáritas de Setúbal, onde apresentará alterações à legislação sobre as creches, com o objectivo de aumentar em 20 mil o número de vagas.
 
Fonte governamental explicou à agência Lusa que o objectivo da portaria a aprovar “é promover uma alteração que aproveite ao máximo a capacidade instalada nas creches, em condições de segurança, permitindo que se estabeleçam condições de funcionamento e instalação, para que se possam acolher mais crianças e aumentar o número de vagas”.

O Governo quer aumentar de oito para dez o número de vagas para crianças nas salas berçário; de dez para 14 nas crianças entre o berçário e os 24 meses; e de 15 para 18 nas crianças entre os 24 e os 36 meses. “Vinte mil novas vagas” nas creches é quanto as alterações previstas poderão proporcionar, de acordo também com a fonte governamental.» [Público]
     
 

 Metam uma rolha no senhor Américo Amorim

«Nada vem por estes dias mais a propósito do que meter uma rolha no senhor Américo Amorim, e não digo isto por se tratar do "rei da cortiça" mas por este se ter auto-intitulado "simples trabalhador" quando confrontado com a hipótese da adopção de um imposto sobre as grandes fortunas, a exemplo do que se está a passar em França e na onda dos conselhos sábios de Warren Buffet, outro pobrezinho que vive do rendimento mínimo, como se sabe. Apesar de uma fortuna estimada em 2,6 mil milhões de euros, dinheiro mais do que suficiente para comprar alguns países e regiões do mundo, o senhor Amorim teve a distinta lata de, num desprendimento total dos bens materiais e terrenos, qual Jesus Christ da secção de enchidos do Jumbo, se dar como simples trabalhador: "não me considero rico" - disse. Devia ter acrescentado um: "sou da prol pá!" Coitadinho, parece que o estou a ver: sachola às costas e marmita na sacola com rancho e arroz branco, meia garrafinha de tinto e lá vai o Américo montado na Famel pronto a dar o litro durante 12 horas na herdade, debaixo de sol e chuva.

Américo Amorim tem tanto de simples trabalhador como Michael Jackson tinha de caucasiano. Mas se o segundo conseguiu disfarçar com pó de arroz na tromba e operações como quem mastiga Trident das azuis e acabou teso como um carapau, o primeiro por muito que queira dar um de humilde não conseguia iludir a madre Teresa de Calcutá, mesmo que a senhora não estivesse devidamente equipada com o sobretudo de madeira, e está mais rico a cada dia que o sol se põe.

Na verdade estou-me a marimbar se o senhor Amorim vai pagar impostos especiais, extra, do lombo, da perna, da pá ou não, para ser sincero até acho meio apatetada esta história de se inventar um imposto que taxa os mais afortunados só por o serem. Parece absurdo. Agora o que já gosto pouco de ver é pessoas que não passam qualquer dificuldade na vida equipararem-se a quem efectivamente as passa, os verdadeiramente afectados pelas medidas austeras tomadas pelo governo, cada dia em maior número e de forma mais cruel para os que menos têm. Pessoas como o senhor Amorim, cujos filhos, netos, primos, sobrinhos, enteados e afilhados jamais terão de andar a bater pé na rua à procura de emprego ou em manifestações a pedincharem direitos que jamais deveriam ter sido tocados ou alienados, alguns verdadeiramente inexistentes. Direitos, muitos deles, aniquilados por gerações de políticos sacanas e corruptos, verdadeiras bestas que engordaram meia dúzia e secaram tudo à passagem.
 
Esses sim, deviam ser taxados e de que maneira. Mas esses safam-se sempre. E os ricos? São sempre os mesmos. E vão ser sempre os mesmos. » [Expresso]

Autor:

Tiago Mesquita.
  
 Ou há moralidade ou comem todos

«Na semana passada irrompeu em força o debate sobre a aplicação de impostos extra sobre as "grandes fortunas" de modo a equilibrar o esforço que está a ser exigido só a alguns. Recapitulemos a matéria dada: o primeiro acto do governo de Passos Coelho, no dia da apresentação do programa de governo, foi o anúncio do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, o qual incide principalmente sobre os rendimentos do trabalho. Deixou de fora, pelo menos, os rendimentos de capital e lucros de empresas, evidenciando uma flagrante injustiça na distribuição dos sacrifícios exigidos aos portugueses. Quando a imprensa portuguesa fez eco de um artigo, publicado no New York Times, do multimilionário americano Warren Buffet, pedindo ao seu governo mais impostos sobre as grandes fortunas, apelo repetido dias depois por 16 multimilionários franceses, mais claro se tornou como era injusta a opção do governo de Passos Coelho. O dislate de Américo Amorim, o homem mais rico do país, que interrogado sobre a questão, declarou que não era rico, mas apenas um trabalhador, veio atiçar o debate. Estalou-lhe o verniz, mas teve o mérito de provocar a discussão. O Presidente da República, num primeiro momento, deixou que circulasse a sua simpatia por um imposto extra sobre os maiores rendimentos, lembrando que, numa entrevista à Rádio Renascença, durante a campanha eleitoral, afirmara que "os sacrifícios exigidos nos últimos tempos não se dirigem a todos os portugueses". Por sua vez, o governo, procurando emendar a mão, veio também participar no debate. Consta que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças passaram este fim-de-semana reunidos à volta da fórmula para taxar os "rendimentos e os patrimónios" mais elevados. Os partidos da oposição, PS, PCP e BE, apresentaram ou vão apresentar no parlamento propostas sobre o assunto.

O debate está lançado e é oportuno. Num país em que mais de milhão e meio de portugueses recebe menos de 600 euros por mês, a que se juntam mais de 600 mil desempregados, e em que o aluguer de um quarto ronda os 300 euros, não é possível insistir mais, por insensibilidade social ou opção ideológica, no aumento de impostos que empobrecem os mais pobres, como o IVA, e deixar de fora deste esforço as "grandes fortunas" (só 3 dezenas de famílias somam, no seu conjunto, quase 20 biliões de euros de património). E o debate é ainda mais oportuno no momento em que se procuram receitas adicionais para compensar a redução da TSU. Sabe-se que o conceito de "grandes fortunas" é impreciso, o que obriga à procura de regras claras (a incidência é sobre o património - imobiliário e mobiliário - ou sobre os rendimentos de capital ou sobre ambos?) e a uma cobrança eficaz. À parte isso, é necessário fazer ouvidos de mercador às posições extremadas. Sobretudo, àqueles que pensam que não se deve tocar nos "ricos", nos rendimentos de capital e nos lucros dos bancos e dos grandes grupos económicos porque isso provoca a fuga de capitais para o estrangeiro e o desinvestimento na economia portuguesa; mas, também, àqueles que, como Proudhon, pensam que a propriedade e o lucro são um roubo e, consequentemente um crime e, por isso, é preciso persegui-los até à sua extinção.
 
Dito isto, são de temer as soluções que o governo nos vai apresentar. A sua prática, em apenas dois meses, leva-nos a pensar que está no seu código genético poupar quem tem muito e tirar a quem tem menos. O pior que podia acontecer é o governo tomar por "grandes fortunas" os rendimentos de quem trabalha, mas tem salários muito acima da média nacional ou o património de quem tem uma ou duas boas moradias, esquecendo os bancos e os rendimentos de capital, em juros ou dividendos, que têm alimentado um enriquecimento desproporcionado de muita gente em relação à média nacional. Se isso acontecer, se não se sentir coesão social nos esforços exigidos, não se admirem se Lisboa entrar no roteiro da contestação europeia, de copiar Atenas, Madrid ou Londres.» [i]

Autor:

Tomás Vasques.
   
 Portugal tem de existir

«O Verão acabou. O Governo aprova hoje a estratégia orçamental. É o primeiro passo formal para as medidas que vão reduzir substancialmente o poder de compra da classe média, através de preços mais elevados dos serviços públicos e de rendimentos mais reduzidos pelos impostos para quem tem emprego.
 
Setembro será o mês de todas as más notícias, mas também o tempo da clarificação que nos permitirá antecipar um futuro melhor, mesmo com menos soberania, ou concluir que a União Monetária como a conhecemos não tem futuro. Portugal vai piorar para melhorar se a Zona Euro conseguir ultrapassar, também em Setembro, a crise política em que está mergulhada e, claro, se o Governo conseguir executar as medidas consagradas no plano imposto pelos financiadores internacionais, a União Europeia e o FMI. [ Link]
 
O documento de estratégia orçamental vai consagrar, no quadro do acordo assinado com a troika a 17 de Maio, "as previsões económicas e orçamentais" a quatro anos. Chegará depois a subida da electricidade e do gás por antecipação do aumento do IVA; as medidas na área da saúde, que vão aumentar a factura suportada pelos cidadãos; o corte no subsídio de Natal; e no início do ano, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2012, mais impostos - ou cortes nos benefícios fiscais - e os efeitos da redução da despesa pública não só no Estado (como, por exemplo, na saúde), mas também nas autarquias, nas regiões e nas empresas públicas, municipais e regionais.
 
Não tenhamos ilusões. O Estado gastar menos significa para cada um de nós gastar mais com menos rendimento, já que não se verifica no curto prazo aquela promessa de menos impostos. E será a classe de rendimentos médios que mais vai sentir o impacto da violenta austeridade que agora se vai iniciar.
 
O "Passe Social+", ou preços dos transportes mais baixos para quem tem rendimentos abaixo dos 545 euros mensais, ontem anunciados, é apenas um exemplo do que vai acontecer à classe média em muitas outras áreas, como as da saúde e da Segurança Social. A condição de recurso, como se designa a regra de acesso aos serviços fornecidos pelo Estado em função do rendimento, vai provocar um significativo aumento dos preços para rendimentos pouco superiores aos 700 ou 800 euros. Corremos o risco de passar do excesso de gratuitidade para uma situação em que só quem estiver muito perto da pobreza terá acesso a serviços subsidiados pelo Estado.
 
É um mundo de relação com o Estado completamente diferente do que conhecemos desde praticamente o 25 de Abril de 1974. Passar de um mundo de estado social para quase todos para assistência social apenas aos desfavorecidos dos desfavorecidos, ao mesmo tempo que se aumenta os impostos e se corta salários, é extremamente perigoso para a coesão do País.
 
O caminho que Portugal tem de percorrer até aos primeiros meses do próximo ano é muito estreito e repleto de perigos bastante mais graves do que os puramente financeiros. A classe média endividada, e sobre a qual estão a cair os impostos e os cortes de despesa, pode não aguentar. E nunca ninguém sabe qual é a gota de água que faz transbordar o copo. Na Tunísia, tudo começou com um jovem licenciado que se imolou pelo fogo quando a polícia lhe confiscou a fruta que tentava vender na rua.
 
O Governo e as elites portuguesas têm de pensar menos em finanças e mais em economia e política. O que quer isso dizer? Há medidas que dão receitas de tostões mas valem milhões em paz social. Chegou a hora de vermos se temos Portugal ou apenas um grupo de pessoas desunidas que por acaso vivem no mesmo espaço.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Helena Garrido.
     

 Ajuda da treta

«Governo está disponível para dar descontos sociais aos utentes de transportes públicos mais pobres que usem o sistema de passes intermodais (a série L de Lisboa e o Andante do Porto, por exemplo), mas não fará o mesmo no caso dos passes combinados, assinaturas ou dos passes próprios (emitidos pela empresa transportadora).

Aos passes que combinam o transporte por autocarro, barco e comboio - , modalidades que são usadas diariamente por milhões de pessoas nas grandes áreas urbanas - a nova tarifa social, designada de "Passe Social +", não se aplica.» [DN]

Parecer:

Governo recusa ajuda à maioria, precisamente aos que habitam nos subúrbios e pagam mais pelos passes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»
  
 Relvas diz que não convidou Crespo

«O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, negou hoje o alegado convite feito a Mário Crespo para correspondente da RTP em Washington.» [DN]

Parecer:

Pois não.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 A coisa continua a piorar

«A queda da confiança nos serviços, comércio e Obras Públicas ditou uma nova deterioração do indicador de clima económico em 2,4 pontos, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).» [Jornal de Negócios]

Parecer:

É a consequência de uma política à base de alvarices e gasparoikas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Gasparoika.»
  
 Manuel Coelho inaugura estrada na Madeira
 
«O presidente do PTP-M, José Manuel Coelho, inaugurou hoje uma estrada municipal de dois quilómetros que serve apenas duas pessoas em Gaula: o chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz e o seu motorista, noticia

O candidato a presidente do Governo Regional da Madeira pelo PTP-M nas eleições legislativas regionais de 9 de Outubro denunciou no local que «o presidente da Câmara de Santa Cruz, José Alberto Gonçalves, não faz a estrada há mais de 20 anos reivindicada pela população entre os sítios da Fazenda e Achada da Rocha que serviria cerca de 200 famílias alegando não ter dinheiro mas foi célere em construir uma para apenas duas pessoas».» [Portugal Diário]

Parecer:

Boa!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  

   




terça-feira, agosto 30, 2011

Depois das gorduras, atacar o colestrol do Estado

Supostamente as secretas deveriam servir para velar pela segurança nacional e se os inimigos externos dessa mesma segurança nacional são mais ou menos fáceis de catalogar, já os inimigos internos deixa margem para muita dúvida. Se os negócios privados de um administrador de uma televisão ou o trabalho de um jornalista que faz publicar notícias que respeitam os parâmetros estabelecidos pela lei de imprensa poem em causa a dita segurança nacional então temos que concluir que todos os portugueses, por um qualquer motivo, podem catalogar-se na classe dos inimigos internos. Quem nos garante que o varredor dos serviços camarários que varre a Rua da Imprensa à Estrela, onde se situa a residência oficial do primeiro-ministro, não é um perigoso espião ao serviço da al-Qaeda que tem por função registar os horários de Passos Coelho.

Nos últimos dias percebemos também que se pode espiar o administrador de uma empresa para depois ir entregar a informação assim obtida a um concorrente dessa empresa, no caso é a Ongoig que quer abocanhar a RTP de onde resultarão prejuízos potenciais para a TVI, para além de a mesma Onoing ser uma importante participante no capital da Impresa, proprietária da SIC e por enquanto a grande concorrente da mesma TVI. Que utilidade teria tal informação para a Ongoing? Para ganhar vantagens competitivas, para fazer chantagem sobre o visado ou para o prejudicar? Não sabemos se existiram ganhos em negócios ou se foi feita qualquer chantagem, mas soube-se pela comunicação social que alguém ligado à Onoing usou tal informação de forma insidiosa para impedir Bairrão de fazer parte do Governo, sendo evidente que a Ongoig não queria no Governo alguém ligado à TVI e muito menos num ministério ligado à segurança.

Quando este caso ocorreu ouviram-se uns guinchinhos de indignação mas a coisa ficou por aí, ninguém chamou o responsável das secretas a São Bento nem se pediu uma investigação profunda, como agora sucedeu no caso do jornalista. Ainda que a diferença seja nula pois em ambas as situações tudo vai ficar em águas de bacalhau, vale a pena comparar e registar a diferença de reacções.

A questão que se coloca é saber até que ponto as secretas não têm sido usadas para obter vantagens nos negócios ou na política e se em pouco tempo se teve conhecimento de dois casos evidentes de abuso não é difícil de imaginar que poderemos não estar perante situações de excepção.

É evidente que as secretas actuam nos limites da legalidade, ninguém imagina que tendo conhecimento da entrada em Portugal de um perigoso terrorista a secreta vá acordar o juiz da comarca de Vilar Formoso para lhe solicitar autorização para proceder a escutas às comunicações telefónicas do suspeito de terrorista. Ninguém imagina que depois de obtida tal autorização aguarde pela segunda-feira para se dirigir às operadoras para que procedam à intercepção e gravação das conversas telefónicas. Se assim fosse quando o processo legal estivesse concluído já o terrorista teria estoirado com a Quinta da Coelha e estaria a bronzear-se calmamente nas praias de Torremolinos.

O problema é que os recursos que servem para perseguir e espiar um terrorista também permitem conhecer os pequenos podres de um adversário político para depois o derrubar, ou para conhecer os negócios de um grande banqueiro para depois se ganharem milhões na bolsa. A regra é partir-se do princípio de que os que dirigem e trabalham nas secretas são possuidores de alguma autonomia em relação ao poder político e que têm uma formação democrática acima de qualquer suspeita. Ora, é evidente que não parecem ter nem uma coisa nem a outras, as manobras de bastidores para controlar as secretas são notícias dos jornais e pelos dois casos revelados pela imprensa deverão ter menos vocação e formação democrática do que tinha um vulgar agente da PIDE.

E se os meios e liberdade para investigar o tal terrorista que pode entrar por Vilar Formoso são necessários nada nos garante que quando o tal personagem entrar os nossos agentes secretos em vez de o investigarem estão ocupados a vasculhar a alcofa de um jornalista ou a recolher informação para os amigos da Onoing. Se assim é não estão avelar pela segurança nacional e os contribuintes estão a ganhar dinheiro para enriquecer ainda mais o senhor da Ongoing, isto depois de ter andado a pagar o subsídio de doença da Manuela Moura Guedes durante quase um ano. Se assim é o melhor é fechar as secretas, depois da preocupação com as gorduras do Estado talvez seja tempo para combater também o colesterol desse mesmo Estado.

PS: Se os senhores das secretas quiserem investigar este humilde palheiro façam um favor aos contribuintes, em vez de fazerem como nos filmes poupem na despesa e batam à porta.

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Janela de Alfama
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Chegada do círio das Alfândegas na Procissão da Nossa Senhora da Atalaia [Mafalda Miranda]
  
Jumento do dia


Alerto João

Só numa república de bananas (não das bananas) é que uma personagem como Alberto João Jardim faz chantagem sobre um país sempre que lhe quer extorquir dinheiro. E quem são os bananas? Além do próprio são os que daqui a uns dias vão aparecer ao lado do Alberto João dando-lhe cobertura e apelando aos madeirenses para que votem nesta versão tropical-portuguesa e alguns políticos africanos que estão em risco de extinção.
   
A sorte dele é que a Madeira não é um enclave no norte de África, a esta hora estaria a correr sérios riscos de ser afastado do poder.
  
 

 Cuidado com as recomendações

«Enquanto Professor de Finanças, uma das perguntas que me fazem mais frequentemente é o que irá acontecer aos mercados financeiros, sejam os mercados de acções, de dívida ou de commodities como o ouro ou o petróleo. A resposta que eu dou raramente satisfaz o meu interlocutor. Em geral, respondo que não sei. Posso ponderar cenários, avaliar riscos potenciais e oferecer algumas alternativas plausíveis, mas não me é possível ir além disso. É, de alguma forma, equivalente a perguntar a alguém o que irá acontecer quando se atira uma moeda ao ar. Se a moeda não for enviezada, ou sai caras ou sai coroas e a probabilidade de cada uma dessas alternativas é de aproximadamente 50 por cento. Mas não é possível afirmar de que lado vai cair a moeda.

Não estou sozinho nesta admissão de ignorância. Quase todos os académicos que conheço partilham desta perspectiva sobre os mercados. Há muito poucas pessoas que consigam prever de forma consistente a direcção em que os mercados vão evoluir. Sabemos que, em média e ao longo de períodos longos de tempo, os mercados de acções tiveram um retorno superior aos mercados de dívida. Mas para efeitos de formulação de previsões, mesmo esse facto passado é controverso. A maioria dos académicos de economia e de finanças recomendam, portanto, que investidores individuais diversifiquem os seus investimentos, ou seja, que não ponham os ovos todos no mesmo cesto.

Curiosamente, alguns comentadores de economia e finanças dos jornais e televisões não partilham desta perspectiva. Em vez disso, ouvem-se por parte de alguns afirmações sobre o movimento futuro dos mercados que são perturbadoras. Um exemplo muito recente foi um comentário feito por um jornalista de economia na segunda-feira passada num canal de notícias português. Nesse comentário, quando lhe perguntaram se investir neste momento em ouro seria uma boa alternativa, esse jornalista respondeu sem hesitação que era uma "excelente alternativa". Para além de outras elaborações erradas, a principal justificação para esta recomendação era que o ouro, desde Janeiro último até àquela data, já tinha valorizado 28 por cento e que, nos últimos 5 anos, a valorização média do ouro tinha sido de 20 por cento ao ano.

O mais grave desta justificação não é o facto de ser absurda. O mais grave desta explicação é o facto de fazer parecer o ouro um investimento "seguro" e de criar nos espectadores a impressão de que é um dado adquirido que o ouro vai ser um bom investimento nos próximos 6 ou 12 meses.

É importante perceber que o analista em causa pode ter razão. É possível que o ouro continue a subir. Mas também é perfeitamente possível que o ouro venha a descer, e muito. Entre 1980 e 1990 o preço do ouro caiu 38 por cento em termos nominais. Entre 1990 e 2000 caiu mais 27 por cento. Entre 2000 e 2010 aumentou 350 por cento. Uma estimativa razoável para a valorização do ouro durante os próximos 10 anos é, portanto, de que esta ficará algures entre -40 e +350 por cento. Toda a gente sabe que o ouro tem subido muito nos últimos anos mas isso não pode, em si, ser razão suficiente para prever que o preço continue nessa direcção. Não é particularmente grave que este analista não conheça conceitos básicos de finanças. O que é grave é que alguém lhe peça para dar recomendações sobre esses temas.» [i]

Autor:

Manuel Neves Adelino.
  
 Jornalista mas patriota

«Revela o "Expresso" que espiões do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) obtiveram ilegalmente, tudo indica que da Optimus, uma lista dos telefonemas e SMS do então jornalista do "Público" Nuno Simas para fins pouco claros mas que se julga visarem a identificação das suas fontes.

Tenho uma boa notícia para o SIED e, já agora, também para o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP): no que me diz respeito escusam de recorrer a práticas criminosas e podem solicitar-me directamente todos os números para que telefono e me telefonam que, com a patriótica intenção de facilitara vida aos esforçados espiões da República, terei o maior gosto em fornecer-lhos de imediato.

Proponho-me ainda gravar as comunicações que fizer e receber (e, no caso de cartas e correspondência avulsa, incluindo publicidade não solicitada, fotocopiar), mandando tudo ao SIED e ao SIRP, bem como, se for caso disso, igualmente informação detalhada sobre a cor e padrões da minha roupa interior.

Por fim, já que possuo cópia (ilegal, mas isso que importa?) das informações a meu respeito obtidas pela PIDE/DGS nos saudosos tempos anteriores ao SIED e ao SIRP, terei também o maior gosto em partilhá-las com o Sistema de Informações da República.

Só com uma mais que justa condição: que me seja deduzido em sede de IRS o valor da poupança em pessoal e meios que assim proporcionarei ao agora Estado Democrático.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
  

 Não era boy?

 
"i" de Inganados?
  
«O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho reuniu-se esta manhã com Júlio Pereira, em São Bento, Lisboa. Este mantém-se como patrão das secretas. » [DN]

Parecer:

Afinal nem todos eram boys?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao gester dos boys Miguel Relvas.»
  
 Os ladrões perderam o respeito à PJ?

«A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem que estava a tentar arrombar a porta de um carro estacionado à porta das instalações daquela força policial, no Porto, e entregou o caso à PSP, foi hoje anunciado. » [DN]
    
 O Alberto manda, o Governo obedece

«O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse hoje acreditar que o Governo não vai acabar com a zona franca da Madeira e que essa eventualidade "de certeza levantaria de novo a questão da independência deste território".» [DN]

Parecer:

O que seria da evasão nacional sem a simbólica zona franca da bandalheira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Começou o assalto aos direitos laborais

«A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) defende que as férias não devem superar os 22 dias úteis.

A proposta consta num documento entregue ao Governo e a que a Lusa teve a acesso, no qual a CPCI apresenta um conjunto de sugestões para a concretização das medidas do memorando da 'troika' para o sector da construção e do imobiliário.» [DE]

Parecer:

Como se alguma vez as construtoras tiveram prejuízos...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste em que estão a transformar este país.»
  

 O Governo fez uma vítima inesperada


Quando muitos prognosticavam a morte do "Câmara Corporativa" eis que é o "Albergue Espanhol" que depois de se arrastar durante as últimas semanas à espera do milhão de visitas fecha as portas. É uma pena, a direita fica mais pobre, mas a vida política portuguesa é assim, chega-se ao poder, fica-se mais rico com os cargos governamentais, mas mais pobre de ideias. Parece que o vírus do poder faz mais mal ao pensamento do que a famosa "asfixia democrática".
 
Aos resistentes do "Albergue Espanhol" aqui ficam os parabéns pelo contributo que deram para o debate político, esperemos que depois do poder não fiquem demasiado aburguesados e anafados e regressem às lides e lutas blogosféricas.
 

   




segunda-feira, agosto 29, 2011

Alvarices e gasparoikas

Dois meses depois de sermos governados pela coligação da direita continua a assistir-se a uma pobreza governamental quase deprimente, o governo não tem ideias, em vez de soluções para os problemas do país vai entretendo a comunicação social com descobertas de facturas em quarto escuros e os problemas nacionais foram reduzidos à obsessão da troika. Quem ouve os membros do Governo fica com a impressão de que são membros de uma comissão administrativa de aplicação do acordo com a troika.

Os grandes problemas do país parece serem o excesso de indumentária dos t públicos que têm ar condicionado no gabinete, a falta de bandeirinha nos produtos portugueses para que os estrangeiros percebam que não somo tão maus como imaginam. Nas Obras Públicas não se sabe muito bem o que se pretende e já nem em relação ao TGV há certezas, no Ensino o único problema parece ser a avaliação dos professores, até parece que é a nota dos professores que vai passar a constar nos diplomas dos alunos, na Saúde mais do que uma reforma do sector assistimos à aplicação ao ministério da velha estratégia de propaganda adoptada com sucesso pelo Dr. Macedo na DGCI, na Agricultura a ministra descobriu que o problema da produção é fiscal.

O ambiente é de cobardia colectiva perante os desafios colocados pela crise internacional ao país, é o salve-se quem puder com cada um a escapar-se da austeridade sugerindo que esta se aplique aos mais fracos. Está-se a perder totalmente o sentido da solidariedade e coesão social, os patrões avaliam o Estado Social na perspectivas das suas contas de lucros e perdas, o presidente anda a brincar ao Facebook e o primeiro-ministro quase não tem tempo para concluir o seu estágio por causa dos escândalos da secreta, tudo começou com um malfadado sms de uma velha amiga e ainda não se sabe muito bem como vai acabar

A política deste governo está cada vez mais limitada às idiotices do Álvaro e à aplicação das medidas da troika pelo Gapa, não passam de alvarices de de gasparoikas.

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Constança
Imagens dos visitantes d'O Jumento


O Rio Tejo em Toledo [A. Cabral]
  
 
Barcos tradicionais na Procissão Fluvial do Tejo realizada ontem [Mafalda Miranda]


Jumento do dia


Passos Coelho

Passos Colho fez bem ao pedir um inquérito interno ao caso do acesso ilegal aos registos telefónicos de um jornalista, ainda que não seja muito claro se tal inquérito também visa apurar se houve uma investigação que foi para além das competências a secreta. O problema é que no caso às investigações "privadas" a Eduardo Bairrão não mostrou a mesma firmeza.
«O Governo anunciou que pediu a abertura de um inquérito interno ao SIRP sobre o acesso ilegal aos registos telefónicos do jornalista Nuno Simas, quando este integrava a redacção do PÚBLICO, em Julho e Agosto de 2010.» [Público]

 O Sol comprou a Imprensa Nacional?

 
O governo parece ter decido privatizar a custo zero a Imprensa Nacional ainda antes de repartir a RTP entre os agentes secretos da Ongoing e o pessoal da Cofina, só assim se entende que o Sol anuncie o texto de um diploma em primeira página. Parece que Felícia Cabrita deixou de ter acesso aos processos do Ministério Público e agora faz investigação nos gabinetes do Conselho de Ministros, enfim, sempre é um progresso.

Agora ficamos à espera que saber a quem vai ser entregue a Série II do Diário da República.

 O imposto sobre as fortunas

Mais do que resolver o problema das contas públicas quando se exige qe o ricos participem no esforço do país trata-se de uma questão ética e na perspectiva de um governo de uma questão de equidade, Justiça e, mais ainda, de coesão nacional. Quando Passos Coelho enfrentar um distúrbio social o que vai dizer a quem estiver a pilhar o hipermercado, vai pedir-lhes desculpa porque deixou os ricos de fora e ainda lhs deu uma preciosa ajuda com o dinheiro que cobrou aos pobres?

É evidente que a receita de um imposto sobre os mais ricos não é significativa e que a lógica dos "ricos que paguem a crise" pode ser perversa e com resultados desastrosos. Mas faz sentido aumentar os impostos sobe o consumos dos mais ricos (iates, carros, casas etc.), assim como tributar fortemente os capitai ganhos em Portugal que são transferidos para off-shores.

Mais do que tributar a riqueza seria vantajoso tributar os consumos ostensivos e a saída de capitais ociosos. Infelizmente algum esquerda além de ter mais olhos do que barriga está mais empenhada na propaganda, seno ridículo ver o Louçã a reboque do segundo homem mais rico dos EUA ou da burguesia tradicional francesa, o resultado disso é que daqui a quinze dias estaremos esquecidos e os ricos estarão a rir do país.
    
 

 Sonhadores e engenheiros

«A Samsung e a Apple lutam em tribunal. A americana acusa o Samsung Galaxy Tab de ser cópia do desenho do iPad. Em sua defesa, a sul-coreana passou uma cena do filme 2001: Odisseia do Espaço, de Stanley Kubrick, filmado em 1968 (na pré-História dos computadores). Dois actores manipulam tablets rectangulares, com ecrãs até aos bordos, cantos arredondados e superfície plana e negra - tal como o iPad e o Galaxy Tab... O tribunal vai decidir entre a Samsung e a Apple, não prognostico a sentença. Mas anoto que o tribunal não tenha em conta uma outra solução: porque é que ambas, Samsung e Apple, não pagam a quem, mesmo sem saber como pôr em prática, soube sonhar antes das empresas? Isto é, ao visionário Stanley Kubrick? As invenções precisam tanto de sonhadores como de cientistas. Todas as questões básicas da bicicleta - a roda, a transmissão por pedais, a manilha para controlar a direcção, o selim... - eram conhecidas séculos antes, mas ela só foi inventada no começo do séc. XIX, fazendo-a contemporânea do automóvel a vapor, bem mais complicado. Até no romance Um Americano na Corte do Rei Artur, o grande Mark Twain pôs cavaleiros medievais a andar de bicicleta, para sublinhar esse estranho atraso de invenção... Mais inteligente do que o debate jurídico entre a Apple e a Samsung, foi a Intel, empresa de processadores, que contratou quatro escritores de ficção científica para espevitar os seus engenheiros.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  

 E vão quinhentos

«Dois meses depois de ter tomado posse, o Governo já nomeou quase 500 funcionários para o executivo, com o gabinete do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares a liderar a lista, com 65 elementos.» [DN]

Parecer:

Quase faz sentido haver um centro de emprego reservado ao PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a proposta.»