sexta-feira, janeiro 27, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Lojas da Rua do Coliseu, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Alcochete [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Álvaro Santos Pereira

O modesto professor de uma modesta universidade canadiana que se notabilizou por escrever um livro cheio de banalidades intelectualmente medianas teve a brilhante ideia de reintroduzir o esclavagismo como solução para os problemas da economia portuguesa. De entre as várias medidas de promoção do esclavagismo está a redução de feriados, um decisão que permitirá aos patrões receberem dos seus trabalhadores quatro dias de trabalho à borla.

A ideia de reduzir os feriados não é nova, a Merkel disse que os portugueses eram uns baldas e os ministros, obedientes, decidiram cortar nos feriados. O Álvaro fez uma escolha brilhante, escolheu o 5 de Outubro e o 1 de Dezembro, de resto o país agora é uma república das bananas e a independência foi gentilmente oferecida por Passos Coelho a Angela Merkel.
«O Governo aprovou hoje, em conselho de ministros, a eliminação de quatro feriados - dois civis e dois religiosos. O dia da Restauração da Independência (1 de dezembro), o dia da República (5 de outubro) e duas datas religiosas vão acabar.
 
Álvaro Santos Pereira, o ministro da Economia, que ficou com a pasta da negociação dos feriados, admitiu que o corte das duas celebrações civis aconteceu porque "o governo aceitou a condição que a Igreja disse".» [Dinheiro Vivo]

 Ladrão desajeitado

     
 

 Cavaco e Sócrates de novo juntos

«Dois eurodeputados espanhóis denunciaram ontem à Comissão Europeia a pisadela do futebolista Pepe a Lionel Messi, no Real Madrid-Barcelona da semana passada. A carta enviada a Durão Barroso é tão oportuna como a petição que um grupo de patriotas quer enviar ao Parlamento para apear Cavaco Silva da Presidência da República. Na senda destes temas relevantes, sugiro que se junte outro abaixo-assinado de interesse público: o dos fabulosos travesseiros de Sintra contra os pastéis de nata por causa da desconsideração do ministro Álvaro quando, há semana e meia, se esqueceu de os referir como símbolo da doçaria nacional com evidente potencial exportador.

Nos tempos mornos que correm, talvez não haja mesmo mais assunto para polemizar e refletir. Além da frase de Cavaco e dos pastéis do Álvaro, esta semana aconteceu outro debate intenso nas redes sociais a propósito de uma reportagem sobre José Sócrates publicada há uns dias. Além dos deliciosos parágrafos iniciais da dita reportagem, a prosa terminava com uma daquelas perguntas (é sempre bom sinal acabar um artigo com uma grande interrogação) que não deixa dúvidas sobre as superiores intenções do autor.

Dispenso-me aqui repetir a totalidade do belíssimo parágrafo final, atrevo-me apenas a resumir o essencial. Parece que a sociedade parisiense - a portuguesa, bem entendido - anda muito inquieta com a presença do antigo primeiro-ministro e com uma questão em particular: "Quem paga as suas despesas na excessivamente cara cidade de Paris?" Ora aqui está uma dúvida politicamente justificável. Não se pergunta como paga Sócrates a vida que tem em Paris, muito menos se investiga, já que se acha a situação dúbia; mete-se logo a mão na massa. Quem - por Toutatis, acrescento eu - paga o apartamento que fica naquele "belo prédio em pedra de talha"?!

Infelizmente, não sei responder - alguém ousou perguntar ao próprio? -, mas acrescento que Portugal ficaria mais tranquilo se o ex-primeiro-ministro tivesse humildemente arrendado um T0 num bonito bidonville, talvez ao lado de outros antigos governantes estrangeiros que, como é sabido, escolhem sempre viver em bairros de renda social. Imagino que assim a sociedade parisiense ficaria mais tranquila e a troika mais descansada; além de que o País, perante este inesperado sinal de desapego, talvez até digerisse melhor a súbita insensibilidade de Cavaco e, claro, a pisadela do Pepe. Já estou a ver Sócrates fotografado à janela de um prédio, nos arrabaldes, cheio de estupendas marquises. Estou certo de que a reforma dele para isto ainda deve chegar.» [DN]

Autor:

André Macedo.
  
 O regresso da Velha Senhora

«A Antena 1 acabou com a rubrica de opinião "Este Tempo" após, numa crónica de Pedro Rosa Mendes, aí ter sido criticado o servilismo do Governo face ao regime corrupto de Luanda e o tipo de jornalismo que, pago a peso de oiro com dinheiros públicos, sabuja, sob o diáfano manto da "informação", cada poder do momento.

A decisão recorda-me episódios idênticos vividos no JN antes de 1974. Um em que uma crónica de Olga Vasconcelos sobre Indira Ghandi, filha de Nehru (que ordenara a invasão da "Índia Portuguesa"), levou à ordem de encerramento da rubrica onde fora publicada; e um outro que pôs fim ao Suplemento Literário dirigido por Nuno Teixeira Neves por aí não ter sido devidamente louvado um medíocre romance do escritor do regime Joaquim Paço d'Arcos. Os dois jornalistas só não foram despedidos porque tiveram o apoio do então director Pacheco de Miranda e, no primeiro caso, também do chefe de Redacção Costa Carvalho.

As personagens são agora outras, ou as mesmas com outros nomes, mas as semelhanças são inquietantes (só não há na Antena 1 Pachecos de Miranda nem Costas Carvalhos). E vivemos, diz-se, em democracia, regime em que a Velha Senhora, a Censura, não tem, diz-se, lugar.

Mas por algum motivo 64,6% dos portugueses estão hoje, segundo o "Barómetro da Qualidade da Democracia" apresentado há dias, insatisfeitos com a democracia que temos, quando em 1999 mais de 80% a consideravam "boa" ou "muito boa".» [Jornal de Notícias]

Autor:

Manuel António Pina.
      

 Gaspar ludibriou os portugueses
  


 Amigos de primeira e amigos de segunda
«Afinal não houve um desvio colossal na despesa em 2011. Quem o diz é a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), num relatório sobre a execução orçamental do ano passado, no qual conclui que o desvio existente se deveu a menos receita e não a despesa em excesso.

Se não forem contabilizadas medidas extraordinárias, “o défice em 2011 foi superior ao previsto inicialmente no Orçamento do Estado para 2011 em 1893 milhões de euros”, refere a UTAO, entidade que dá apoio aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças. “Para este desvio contribuiu sobretudo a insuficiente execução da receita não fiscal. Também em termos ajustados, a despesa reduziu-se face ao ano anterior e acabou por ficar abaixo da previsão inicial e do estimado no OE/2012, tendo este último desvio (favorável) sido bastante elevado.” [Dinheiro Vivo]

Ou seja, o final do ano mostra que a despesa se acabou por ter um comportamento melhor do que o esperado, tendo sido a receita a ficar aquém das expetativa, quer do Governo de José Sócrates, quer do atual. A despesa fechou o ano a cair mais 440 milhões de euros do que o previsto no OE 2011, enquanto a receita ficou 2332 milhões abaixo do estimado. O que justifica a quebra de receita? Segundo a UTAO, “os desvios negativos da receita não fiscal relacionam-se sobretudo com a não contabilização, no exercício de 2011, da receita prevista com a emissão de licenças 4G” e com um crescimento abaixo do esperado das contribuições para Segurança Social. No que diz respeito aos gastos, a despesa efetiva de 2011 caiu 0,6% quando – a três meses do final do ano – o Governo de Pedro Passos Coelho previa um aumento de 1,7%. 

A UTAO é clara: “A redução do défice ajustado [sem medidas extraordinárias] face a 2010 deveu-se sobretudo ao aumento da receita fiscal e à diminuição da despesa corrente primária.”»

Parecer:

É muito grave que um ministro imponha as suas teses extremistas com base em mentiras, ainda por cima mentiras que supoem acusações a terceiros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Gasparzinho que comece a fazer a malas não vá o povo irritar-se e de nada lhe servir a segurança armada.»

«A chanceler alemã, Angela Merkel, recebeu com honras militares o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, na sede do Governo alemão, em Berlim, antes de um almoço de trabalho cuja agenda será a crise económica e a cimeira europeia na próxima segunda-feira.» [DN]

Parecer:

Pobre Passos Coelho, quando vai a Berlim é recebido pelo motorista da embaixada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 A miséria humana anda à solta

«A escola Básica Integrada Vasco da Gama, no Parque das Nações, em Lisboa, exige aos pais de uma criança deficiente o pagamento pela cedência de uma sala onde duas vezes por semana decorrem as sessões com uma terapeuta da fala.
v
Carla Alves, mãe de Joana, uma criança de nove anos com trissomia 21, disse à agência Lusa que a filha "praticamente não consegue dizer o seu nome" e que precisa de terapia da fala "pelo menos duas vezes por semana", uma necessidade que está expressa no seu plano educativo especial.

Até agora, os pais têm pago a terapeuta da fala e têm podido usufruir de uma sala na escola Básica Integrada Vasco da Gama, no Parque das Nações, onde a filha tinha sessões de terapia.

Na semana passada, uma mensagem de correio eletrónico informou os pais de que "a cedência desse espaço passará a ter o custo de dez euros por hora, caso se mantenha o interesse, caso contrário deixará de ser permitida a entrada da terapeuta".

A diretora do Agrupamento de Escolas Eça de Queiroz, a que pertence a Vasco da Gama, Maria José Soares, disse à agência Lusa que "a terapia da fala é um cuidado de saúde, não é competência da escola".

"Quando uma criança tem problemas de visão e precisa de óculos, não é competência da escola fornecer-lhe os óculos. Ou se a criança falasse mal porque precisava de aparelho, não era a escola que tinha que lho arranjar", argumentou.» [Expresso]

Parecer:

Há gente muito miserável...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
 E agora Gasparzinho?

«A austeridade, por si só, não tem os resultados pretendidos. Um bom exemplo disso é Portugal, disse Stephen King hoje em Davos.

Para o economista-chefe do HSBC, citado pela CNBC, a austeridade não dá os frutos desejados quando é seguida de forma isolada. Stephen King deu Portugal como o exemplo de um país que seguiu a via da austeridade e que está a seguir todas as regras, mas que continua em apuros.

“Há um risco nisso [na austeridade, por si só]. Observem Portugal. Fez as coisas todas certinhas, assumiu a via da austeridade, cumpriu os programas definidos pela União Europeia e, ainda assim, as ‘yields’ da sua dívida pública estão incrivelmente elevadas”, declarou King no Fórum Económico Mundial, a decorrer em Davos.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Parece que o Gasparzinho estava enganado e de nada servem as doses cavalares de austeridade que estão a matar qualquer hipótese de reduzir a divida.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Gasparzinho que vá fazendo as malas.»
  
 Pediu a demissão oi foi gentilmente corrido

«Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e protagonista no processo de alegadas fugas de informação dos serviços secretos para a Ongoing, apresentou um pedido de renúncia do exercício das suas funções na empresa liderada por Nuno Vasconcellos (na foto).

“O Grupo Ongoing entende e aceita as razões que levaram o Dr. Jorge Silva Carvalho a solicitar a sua renúncia” e “acredita na justiça e espera que a verdade seja totalmente reposta no mais breve prazo possível”, refere o comunicado interno.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

De activo passou a ser um passivo que estava destruindo a Ongoing.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para se fica a saber para onde vai o espião.»
  
 Processo contra Portugal por não tratar devidamente as galinhas poedeiras

«A Comissão Europeia abriu um processo contra Portugal por infracção ao direito comunitário por não ter adoptado as novas normas de produção de galinhas poedeiras destinadas a melhorar o seu bem-estar.» [Público]

Parecer:

Um excelente problema para a Assunção Cristas honrar o seu galináceo apelido!
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  

 Salvaging the TK Bremen [The Atlantic]

Rescue workers stand next to TK Bremen cargo ship which ran aground during a powerful storm, spilling oil off the coast of France's northwestern region of Brittany as it lies stranded on Kerminihy beach in Erdeven, on December 16, 2011. (Damien Meyer/AFP/Getty Images)
In this image made available by France's Marine Nationale, the cargo ship TK Bremen sits stranded on a beach near Erdeven, France, on December 16, 2011, spilled fuel oil fouling the water. (AP Photo/Mael Prigent, Marine Nationale)
The beached TK Bremen is broken apart at Erdeven, France, on January 7, 2012. (AP Photo/David Vincent)
The bow removed, crews continue work to dismantle the TK Bremen, on Kerminihy beach, on January 13, 2012. (Reuters/Stephane Mahe)