sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




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Ao largo de Fernando Noronha [A. Cabral]
  
 
Jumento do dia


Miguel Relvas

Mais uma vez Miguel Relvas surpreendeu o país com o seu brilhantismo pessoal, os protugueses ficaram a saber que o governo tem dois Álvaros, o ministro dos Assuntos Parlamentares desconhece as regras do próprio parlamento e fala com a ligeireza intelectual de uma betoneira.
 
«O ministro dos Assuntos Parlamentares lembrou na quarta-feira que o primeiro-ministro estará na sexta-feira no Parlamento, conforme o previsto, para responder a questões, numa reação ao pedido potestativo do PCP para Passos Coelho prestar esclarecimentos sobre as secretas.

Em entrevista à rádio Antena 1, que será transmitida hoje na íntegra, Miguel Relvas afirmou que o PCP pode já colocar na sexta-feira "as questões que entender" ao primeiro-ministro, recordando que Passos Coelho vai ao plenário de 15 em 15 dias, "que é o que está regimentalmente definido".

Criticando os comunistas, o ministro dos Assuntos Parlamentares disse que "todas as matérias públicas devem ser tratadas com elevado sentido de responsabilidade e sem circo".» [i]

«O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, remeteu hoje para a comissão de Assuntos Constitucionais a apreciação do requerimento do PCP para que o primeiro-ministro preste esclarecimentos sobre o funcionamento dos serviços de informações.

"Esse é um assunto que vai ser analisado no âmbito da primeira comissão, portanto, vamos aguardar a realização da comissão que apreciará esse requerimento", afirmou Montenegro aos jornalistas à saída da reunião do grupo parlamentar social-democrata.» [DN]

 Mais um fim do mês complicado

     
 

 Inferno "Made in Germany"

«O economista Daniel Gros revelou há dias um número relevante: apesar da violenta austeridade imposta à Grécia nos últimos dois anos e da recessão profunda em que o país se encontra - 16 trimestres consecutivos a perder riqueza e ainda a seguir para bingo -, os gregos só têm dinheiro para sustentar 80% do seu nível de vida. O resto, os 20% que seriam precisos para manter o país a funcionar, tem de ser financiado através de empréstimos no exterior, já que não há poupança nem recursos internos para compensar o desequilíbrio, mas hoje esse capital já não existe. Fugiu.

Ou seja, a seguir a este novo pacote que está a ser negociado a custo com a troika, se nada de extraordinário mudar na Zona Euro, a Grécia terá de continuar indefinida- mente ligada à máquina e a viver às pinguinhas. Os gregos acabam, portanto, de entrar no quinto ano de recessão, mas já perceberam que têm pela frente mais um interminável período de empobrecimento profundo, enxovalho político e cultural - made in Germany - e um doloroso drama social que envergonhará a Europa durante muitos anos.

Com o desemprego a atingir 47,2% dos jovens - um em cada dois! - e 19% entre do resto das pessoas, é simples perceber a dimensão humana da catástrofe a que os portugueses e os outros europeus assistem sem grandes inquietações, exceto o terrível pavor de que a maré também acabe por engoli-los. Desde o início da crise da dívida soberana, a atitude tem, aliás, sido sempre a mesma em Portugal, na Irlanda, em Espanha e agora também em Itália: os gregos são um povo amigo, mas para manter patrioticamente à distância, como se fazia com os leprosos.

Compreende-se a necessidade de Passos Coelho, Mariano Rajoy e outros tantos fugirem a sete pés da comparação grega para continuarem fiéis ao diktat alemão e, assim, permanecerem ligados a um ténue fio de esperança. No entanto, chegados a este ponto dramático na vida de um povo, é obrigatório ser um pouco mais corajoso. O ciclo de miséria grega e a sua rota interminável têm-se agravado pelos inúmeros falhanços orçamentais e políticos internos, é inegável, mas também pelo obscurantismo financeiro alemão que se perpetua graças à fragilidade (cobardia) dos outros países.

A troika falhou na Grécia. Fez mal as contas. Não emprestou dinheiro suficiente. Fê-lo por um período ridiculamente curto (três anos, como exige o FMI). Calculou mal o efeito recessivo e a espiral negativa. E definiu objetivos financeiros e económicos surreais. A Grécia já não é um país, é um laboratório onde jaz um Estado (quase) falhado. Kaputt, dirá um dia a sr.ª Merkel enquanto nós, com sorte, seguiremos a nossa vidinha.» [DN]

Autor:

André Macedo.
     

 Já ninguém acredita em Portugal

«Os mercados financeiros estão "preocupados com Portugal", e os investidores acreditam que a dívida portuguesa será reestruturada como a da Grécia, escreve o "The New York Times" num artigo publicado 'online' na quarta-feira.

O artigo, escrito pelo correspondente do diário nova-iorquino para a Península Ibérica, descreve as expetativas dos investidores para a evolução da crise da dívida soberana em Portugal.

Segundo o "The New York Times", quando a Grécia concluir um acordo para a reestruturação da sua dívida, é provável que Portugal "venha a seguir". O Governo grego está atualmente a negociar com os credores a dimensão e formato do haircut (redução) da dívida. O economista Edward Hugh, citado pelo "The New York Times", afirma que "o mais provável é que Portugal diga que também quer um acordo desses", até porque "literalmente já não tem nada a perder".» [Expresso]

Parecer:

É uma questão de tempo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Professor violentamente agredido

«Um professor de Matemática de 63 anos, que expulsou uma aluna da sala de aula por estar a perturbar a lição, foi agredido à frente da escola por alegados familiares da estudante do 6.º ano, disseram hoje fontes oficiais.

Fonte do Hospital de Vila Nova de Gaia, para onde o professor agredido a murros e pontapés foi transportado, adiantou à agência Lusa que a vítima deu entrada nas urgências daquela unidade hospitalar pelas 14h30 de terça-feira e teve "alta médica pelas 18h07" do mesmo dia.

O professor de Matemática Mário J. S., de 63 anos, foi "agredido ao início da tarde de terça-feira quando se preparava para entrar no estabelecimento de ensino, alegadamente por familiares de uma sua aluna", conta o bombeiro José Pereira, que esteve no local da ocorrência.» [Expresso]

Parecer:

Longe vão os tempos em que este tipo de situações era objecto de discussão pública.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se e proteste-se.»
  
 O Big Brother Azevedo chegou às compras por multibanco

«O Fisco vai controlar todas as compras efectuadas através dos terminais de pagamento automático, independentemente do valor, mas os contribuintes não serão identificados.

De acordo com a edição de hoje do Correio da Manhã, o Fisco vai controlar todos os pagamentos efetuados nos Terminais de Pagamento Automático, independentemente do valor em causa.

A portaria que exige aos bancos que comuniquem às finanças todos pagamentos realizados com cartão de crédito ou débito foi publicada ontem em Diário da República, segundo fonte do Ministério das Finanças.» [DE]

Parecer:

O resultado é óbvio, muitos comerciantes vão dispensar os terminais do multibanco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Passe-se a usar dinheiro nos pagamentos.»
  
 Passos Coelho vai dar explicações sobre secretas

«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vai ser obrigado a explicar-se sobre as secretas numa Comissão parlamentar, o que é acabará por ser algo de inédito.

Segundo noticiam hoje "Público" e "Diário de Notícias", o PCP vai garantir que Pedro Passos Coelho vá em audição à Comissão dos Assuntos Constitucionais, ao utilizar um mecanismo regimental que só tinha sido usado, até agora, para figuras abaixo na hierarquia governamental, como ministros e secretários de estado.

Esse mecanismo prevê que, em cada sessão legislativa, os grupos parlamentares poderão solicitar a presença de membros do Governo de forma potestativa. O PCP vai requerer a presença de Passos Coelho com carácter potestativo. O primeiro-ministro não pode recusar, já que é sua a tutela dos serviços secretos. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Será que ficaremos a saber quantas vezes Passos Coelho contactou com o espião da Ongoing?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho se vai contar tudo sobre a sua relação com o espião da Ongoing.»
  
 Até tu Manela

«Manuela Ferreira Leite não acredita que seja possível ao Governo cumprir as metas do défice.» [DN]

Parecer:

Por este andar a senhora ainda vai para a administração de alguma empresa chinesa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arranje-se um lugar na REN.»
  
 Mais uma boa razão para não gostar do Seguro

«O ex-dirigente socialista André Figueiredo contestou hoje a eventual nomeação do ex-ministro Manuel Maria Carrilho para a direção do Laboratório de Ideias para Portugal (LIP) do PS, considerando que é alguém com um passado de "traição".» [DN]

Parecer:

Se um Carrilho que tanto ajudou a direita por questões de egoísmo pessoal for promovido é mais uma razão para deixar de questionar a hipótese de votar neste PS:

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»