quarta-feira, abril 04, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Graffiti, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Barcos no Tejo [A. Cabral]
   
Jumento do dia


Marcelo Rebelo de Sousa

Se o ser humano viesse equipado com um travão na língua para evitar excessos verbais, mentiras e asneiras o professor Marcelo teria sido rejeitado pelo controlo de qualidade e atirado para a sucata. Este mentiroso profissional é o exemplo da podridão que grassa em Portugal, um país onde um Conselheiro de Estado fala do que sabe e do que não sabe, é comentador e não hesita em comentar o próprio presidente, recorre à mentira e não hesita em influenciar o curso da democracia com recurso à mentira não pode ser levado a sério, está à beira da falência moral e só ninguém repara nisso porque não há agências de rating para estas matérias.

Depois de ter tentado o homicídio do líder do principal partido da oposição, o professor Marcelo decidiu entrar no comentário económico, até porque é no mundo da economia que circula muito dinheiro e aí a sua influência pode ser vendida por bom preço. Só que o professor Marcelo é um aldrabão e mal se pronunciou sobre a opa da Brisa meteu os pés pelas mãos e foi apanhado a mentir.

«Ontem à noite, num jantar-tertúlia realizado em Espinho, o conselheiro de Estado, respondendo ao desafio de um empresário para dissertar sobre o alegado financiamento da CGD à OPA do grupo Mello sobre a Brisa, começou por reconhecer-se “muito crítico” em relação à actuação do banco nos últimos anos. 


Considerou que a CGD “tem sido muito partidarizada, funcionando como um instrumento de política dos vários governos, já para não falar de ver financiada a guerra de poder no BCP”.


Já em relação ao envolvimento da CGD na OPA sobre a Brisa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, num primeiro momento, a sua primeira reacção foi: “Não há dinheiro e, de repente, há para esta operação?” Mas eis que o também comentador político descobriu que “há um cenário que pode explicar esta situação”.


“Há uma quebra brutal de tráfego nas auto-estradas, que piora de semana a semana e que leva as acções da Brisa a cair a pique. O problema é que a CGD tem 6% na Brisa”, enfatizou. E, assim, segundo o raciocínio de Marcelo Rebelo de Sousa, o banco está a acumular “menos-valias galopantes”, pelo que “há aqui, portanto, um problema de provisões”, que está a “cercear meios para financiar outras operações”.


“Ora, a CGD tem de encontrar capital, pois não pode usar o dinheiro da troika", afirmou, vendo o financiamento do banco público à OPA dos Mello sobre a Brisa como uma medida "para fazer uma retirada de capital para ela própria vender a sua posição" na concessionária rodoviária. 


Marcelo Rebelo de Sousa concorda assim com a decisão da CGD na Brisa "se for na estrita e exacta medida da desalavancagem" do banco. Só há aqui um problema, professor: a CGD não tem uma participação qualificada (igual ou superior a 2%) na Brisa. » [Jornal de Negócios]

Democracia económica é...

O governo forçar a CGD a aceitar o negócio da CIMPOR conforme o Gaspar e o administrador da mercearia holandesa combinaram com a Camargo Corrêa.

O SIMPLEX do Passos Coelho é...

O negócio da CIMPOR ficar concluído a tempo de ainda sobrarem uns minutos para comprar acções da cimenteira ao preço antigo, antes da bolsa encerrar e ser divulgada a OPA.

Cumprir o memorando

Como o governo não hesita em ser mais troikista do que a troika e fala tanto do cumprimento do memorando vale a pena olhar para as medidas que não foram cumpridas ou que foram adiadas:


- Revisão da lei das Finanças Locais;

- Preparação da privatização da Parpública;

- Identificar as ineficiências e duplicações entre a Administração Central, regional e local

- Cortar a despesa pública com benefícios na saúde em 30% este ano e 20% em 2013;

- Baixar as compensações aos produtores de electricidade;

- Lançamento de concurso para novo prestador de Serviço Universal;

- Eliminar restrições injustificadas a operações internacionais no imobiliário;

- Vender a posição que a CGD detém na Galp Energia;

- Relatório sobre o funcionamento das autoridades reguladoras.

 - Adopção de medidas para colocar o sistema eléctrico nacional com um ritmo sustentável
Pois, quando estão em causas grandes interesses o governo deixa de estar tão empenhado no empobrecimento!

Obrigadinho Durão Barroso

Quando fugiu de Portugal de forma quase indecorosa Durão Barroso justificou-se dizendo que em Bruxelas poderia ajudar Portugal. Deus fez-lhe ea vontade e deu-lhe a oportunidade de ajudar o seu país, aliás, o divino deve ter considerado o Cherne tão generoso que lhe deu logo vários países para poder ajudar.

Como se tem percebido a ajuda de Barroso tem sido preciosa para o país, a última parece ser governar o país à margem das suas instituições, como se vai reformar na Comissão o Cherne já pode dispensar os subsídios e os seus funcionários tiveram a iniciativa de considerar o corte como definitivo.

Ou será que Gaspar comunicou a Bruxelas que os cortes eram definitivos sem ter dito nada ao país e à margem do Tribunal Constitucional? Se o fez é suficientemente grave para exigir a demissão do netinho da avó Prazeres.

Os pitbull do Chiado vão ser condenado?

Porque será que ficamos com a sensação de que os pitbull do Chiado só serão "incomodados" porque se enganaram e desancaram em jornalistas? É mais do que evidente que se as vítimas do comportamento abusivo tivessem sido cidadãos comuns ou sindicalistas em vez de serem sujeitos a processos disciplinares os polícias agressivos teriam sido protegidos e elogiados pelo ministro. Mas enganara-se, bateram nas pessoas erradas e é por isso e não pelo que fizeram que vão ser admoestados.
   
 

Os mistérios da Caixa Geral de Depósitos

«No tempo em que Portugal achava que era rico, a banca privada mandava no Governo, nas empresas e no povo. Mesmo assim, apesar das benesses do Estado, dos financiamentos loucos e da usura para a vida sobre cada português que comprou casa, o maior banco do mercado continuou a ser o do Estado.

Em 2005, a Caixa Geral de Depósitos comprou as seguradoras Império Bonança e Seguro Directo, através da sua Fidelidade Mundial, para meter 343 milhões de euros no BCP, que estava a precisar de fundos. O favor deu à Caixa um terço do mercado segurador português, que este ano será privatizado, apesar de valer 38,9% de todo o lucro do banco. Em 2010 achava-se que a privatização valeria 1,5 mil milhões de euros. Agora, toda a gente duvida.

Também em 2005 a Caixa entrou com 80 por cento dos 426 milhões de euros com que a Sumolis comprou a Compal e a Nutricafés. Três anos depois, a Caixa cedeu parte da sua posição à Sumolis por 397 milhões, ficando com apenas 20 por cento da empresa. Este negócio motiva agora uma investigação do Ministério Público, que suspeita de fuga ao fisco caucionada pela CGD, numa alegada fraude de 5,7 milhões de euros.

Desde a nacionalização do BPN até à anunciada venda ao BIC, por apenas 40 milhões de euros, a Caixa meteu ali 4,2 mil milhões de euros. Há uma promessa de o Estado pagar, até 2020, 3,9 mil milhões pelo favor. O resto logo se vê.

O grupo José de Mello precisa que a banca lhe empreste uns 500 milhões para poder fazer uma OPA à Brisa. Quem vai ajudar na operação? A Caixa, claro, mais uns euros vindos do BCP e do BES.
Na Cimpor, a Caixa, que em 2009 comprou ações a um preço superior em 25% ao valor de mercado para ficar com cerca de 10% da empresa, recusou, há semanas, vender essas ações - na sequência de uma luta pelo poder dentro da empresa - a 6,18 euros cada. Agora diz-se disposta, depois de uma ordem do Governo, a vender a 5,5 euros, favorecendo assim uma das partes em luta.

Esta história de gestão do banco do Estado, que se mete em trapalhadas suspeitas, que esbanja dinheiro de forma incompreensível, que aplica políticas contrárias aos seus interesses, que é suspeita da justiça, levará qualquer um de nós à indignação. Os que defendem a privatização deste banco encontrarão razões para defender a sua tese. Os que valorizam o papel de um banco do Estado forte, mas livre da dependência de interesses obscuros, também.

A pergunta que deixo é óbvia: por este caminho, vão mesmo ser capazes de, um dia, arruinar de vez a Caixa. Quem ganhará com isso?» [DN]

Autor:

Pedro Tadeu.
  
Quando a mão visível mata o mercado

«A Caixa Geral de Depósitos está, publicamente, transformada numa direcção-geral do ministro das Finanças Vítor Gaspar. Já era de facto, mas pressa - em 26 minutos !? - a responder positivamente a uma oferta pública da Camargo sobre a Cimpor a 5,5 euros por acção, sem discutir o preço, torna-a de direito. Só falta mesmo ser de Direito.


Pior, a intervenção do Governo na decisão da CGD numa oferta em bolsa tem um problema ainda mais fundo: põe em causa tudo o que nos diz, este governo, sobre o mercado, particularmente, o mercado de capitais.


Sabe-se, a banca não tem dinheiro disponível para emprestar às empresas, o que tem está a um preço proibitivo para qualquer negócio, porque não existem hoje projectos com rentabilidades de 8,9 ou 10%. A resposta passa, também, pelo mercado de capitais. Mas para isso, há um ‘pormaior'. São necessários investidores, grandes e pequenos, que estejam dispostos a emprestar às empresas cotadas, porque é disso que se trata. E há outra condição: os investidores, grandes e pequenos, actuam com base na confiança e na credibilidade da gestão das empresas e das autoridades de cada mercado.


A liquidez da bolsa portuguesa já é miserável, ‘per si' e quando comparada com a de outros mercados, como o espanhol, por exemplo. É preciso uma dose de confiança enorme para fazer aplicações em Portugal e, por isso, as maiores empresas são obrigadas a pagar um prémio - através de dividendos - para garantir a atenção dos fundos internacionais. Porque, ao contrário do que possam pensar algumas mentes, iluminadas, Portugal não é um "must have market". O caso Cimpor só serve para confirmar esta ideia.


Um Governo com uma mão visível, através da Caixa, no mercado de capitais é tudo o que as empresas portuguesas dispensam. Mais ainda, de um governo que tem Vitor Gaspar e António Borges e ‘vende' um projecto, uma ideologia... A mão invisível é necessária, sim, mas quando são os "outros" no Governo.


A Caixa - e Faria de Oliveira - recusou uma oferta de 6,18 euros por acção há dois anos, garantiu que entrava na maior empresa industrial portuguesa para defender os centros de decisão nacional e, com isso, criou expectativas, particularmente junto dos pequenos investidores, que acreditaram no projecto que lhes foi vendido. Agora, sem mais, aceita 5,5 euros e garante o sucesso da OPA da Camargo Corrêa. E, depois, querem que os portugueses, e já agora, os estrangeiros, acreditem no mercado de capitais português? Eu não acredito.


PS: caro Dr. Carlos Tavares, a CMVM está a fazer alguma coisa para evitar este desastre, além de vigiar as notícias dos ‘sites' dos jornais?» [DE]

Autor:

António Costa.
  
 Como se faz um PGR

«O procurador distrital, Euclides Dâmaso, apontado como possível novo PGR, fez um ataque indirecto  ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, por ter declarado nulas as escutas a Sócrates no caso "Face Oculta". Falou com ironia num novo ramo penalístico, o "Direito penal dos amigos", para se referir à lei processual, aprovada em 2007, no tempo do governo Sócrates, que prevê autorização prévia do presidente do Supremo  Tribunal de Justiça às escutas que envolvam o primeiro-ministro (pertencente ao pacote de alterações feitas à medida do caso Casa Pia).


Em 2006, o atual Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, foi escolhido para o cargo  pelo governo Sócrates depois de ter feito um ataque a Noronha do Nascimento, então candidato favorito à eleição pelos seus pares para presidente do STJ. Pinto Monteiro, um desconhecido juiz conselheiro, acusava-o de ter um poderoso sindicato de voto no STJ que lhe  garantia a eleição. O STJ  parecia a União Nacional, dizia.


Noronha do Nascimento foi eleito, como era esperado com grande vantagem, presidente do STJ em Setembro de 2006. Pinto Monteiro tornou-se PGR um mês depois. 


Antigos rivais, Noronha do Nascimento e Pinto Monteiro desenvolveram curiosamente muito em comum no exercício dos seus cargos. Ambos foram atacados pelas associações de classe, a Associação Sindical dos Juízes e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público pela gestão de casos políticos. Pinto Monteiro por causa do caso Freeport e Noronha do Nascimento precisamente por causa do Face Oculta. No caso Freeport, o primeiro-ministro José Sócrates, apesar de índicios controvertidos, não foi constituído arguido. No caso Face Oculta, apesar das conversas entre José Sócrates e Armando Vara poderem revelar indícios suficientes do ponto de vista material, o líder socialista também não respondeu criminalmente por causa do vício formal de as escutas não terem sido autorizadas previamente pelo presidente do STJ.  


O que pensar disto tudo?


Nas mãos dos políticos   


Olhe-se, também, para a história da PGR nos últimos 30 anos. Cunha Rodrigues, que foi PGR entre 1984 e 2000 saiu do lugar criticado pelo PSD em virtude do caso Leonor Beleza/Sangue contaminado com sida.  Souto Moura, PGR entre 2000 e 2006, abandonou o cargo criticado pelo PS por  causa do caso Casa Pia/Paulo Pedroso. Hoje, Pinto Monteiro, prestes a terminar o seu mandato de 6 anos, sai da PGR acusado por vários níveis da hierarquia do MP de não ter sido independente no cargo e favorecer os socialistas.


O Ministério Público é uma entidade dotada de autonomia nos termos constitucionais. Mas o PGR, que está no topo da hierarquia do MP, é escolhido pelo Governo e nomeado pelo Presidente da Repúlica. A sua legitimidade assenta, pois, nesta dupla confiança política (como até se lembra na página on-line da PGR).  É esta contradição que está na base dos conflitos existentes e da própria instabilidade associada ao exercício do cargo.     


Por mais que apregoem o princípio da separação de poderes, na hora da verdade os políticos não toleram que o PGR não ponha na ordem procuradores justiceiros que decidiram tratar políticos de topo como qualquer outro cidadão perante a justiça. Então, das uma. Ou o PGR cumpre a lógica dos políticos e fica de mal com a estrutura do MP. Ou os enfrenta e tem a vida estragada (sem levar a água ao seu moinho porque atritos inexplicáveis acabam por põr fim ao processo).   


É um modelo que só serve para manter as aparências de que há um Estado de Direito em Portugal (onde os  Isaltinos e Felgueiras servem como máscaras). Até o  modelo para Provedor da Justiça, eleito por maioria de dois terços  pela Assembleia da República, independente e inamomível do cargo, a não ser por vagatura - enquanto o PGR pode ser exonerado pelo PR a todo o tempo sob proposta do Governo -garantiria mais independência ao PGR.» [Expresso]

Autor:

Paulo Gaião.

Obviamente, demita-se, António José Seguro!

«1)António José Seguro confirmou a sua fraqueza e cometeu um erro político crasso ao responder a Marcelo Rebelo de Sousa. De facto, António José Seguro tem sido - na opinião da esmagadora maioria dos portugueses - um líder de oposição muito meiguinho, muito suave, muito querido para Pedro Passos Coelho. Raramente se irrita com as medidas do governo, não se importando de ficar colado às iniciativas legislativas da maioria - mesmo que o seu conteúdo seja frontalmente contra a linha ideológica que António José Seguro virtualmente defenderia. O governo liberaliza os despedimentos? António José Seguro diz que sim. O Governo corta o subsídio de Natal aos funcionários públicos? António José Seguro consente. Qual é a grande bandeira da oposição de Seguro? Não sabemos. Ninguém sabe. António José Seguro tem revelado um silencio confrangedor na oposição. Mas...calma! Atenção, muita atenção! António José Seguro ontem irritou-se. Zangou-se. Sentiu-se ofendido. Porquê? Devido aos resultados assustadores do nível de desemprego em Portugal? Devido aos jovens que não têm perspectivas de futuro? Não, nada disso: António José Seguro irritou-se porque...foi humilhado por Marcelo Rebelo de Sousa! Ui, coitadinho do Seguro! Tão ofendido que ficou! Foi incapaz de dar uma entrevista quando o governo se enganou nas previsões dos indicadores macroeconómicos, quando o desemprego aumentou exponencialmente, quando se soube que a miséria aumentou em Portugal...todavia, Seguro ontem abriu uma excepção para ir à televisão...responder a um comentador televisivo! Assim se vê, a fraqueza do Sê! Sê de Seguro que na liderança socialista tem sido muito inseguro e fraco. Muito fraquinho. Quem é muito fraco para com o governo e muito forte para com Marcelo Rebelo de Sousa (que, para já, é apenas comentador televisivo) é muito fraco para exercer cargos políticos de grande responsabilidade. Uma nota complementar: Marcelo Rebelo de Sousa, mais uma vez, parece o verdadeiro primeiro-ministro ou Presidente da República de Portugal. Um sinal de que o próprio PS já sente que o próximo PR será Marcelo Rebelo de Sousa?


2)António José Seguro limitou-se a confirmar as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa no domingo. É que a tese central de Marcelo consistiu no seguinte: António José Seguro não consegue pôr ordem na casa, precisando de recorrer a um golpe estatutário. Ora, ontem, Seguro admitiu, pela primeira vez, que não consegue liderar o seu partido, devido à oposição crónico dos socráticos! Disse-o preto no branco, confirmando o que Marcelo Rebelo de Sousa dissera no domingo! Ao tentar desmentir, Seguro confirmou as palavras do Professor! Mais: António José Seguro afirmou que as alterações já decorriam da sua moção: ora, este argumento - a ser válido - confirma o lado ditatorial de Seguro. Porquê? Porque, desta forma, acabavam-se as leis, as regras constitucionais, os estatutos, todas as limitações legais do poder: tudo é discutido na moção, logo, tudo é permitido. Ora, se António José Seguro algum dia chegasse a Primeiro-Ministro - o que é impossível, mais depressa um porco ganha asas - não tinha de respeitar as leis ordinárias, nem a Constituição para aprovar os actos legislativos. Porquê? Porque já tudo tinha sido discutido no Programa do Governo e objecto de um grande debate político nacional. Que grande democrata você me saiu, Tó Zé Seguro!» [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.
   

 As lideranças na miséria

«As grandes empresas vivem dos favores do Estado. Incluindo os bancos. As pequenas e médias empresas vivem sufocadas na incapacidade própria e no exíguo espaço que lhes é dado pelas elites. 


Os bancos. Hoje dizem que tiveram de financiar as Parcerias Público-Privadas (PPP), titularizar a dívida da energia e, mais recentemente, de comprar títulos de dívida pública. Durante mais de uma década e meia fizeram o que nenhum gestor recomenda. Concentraram boa parte do seu crédito no sector da construção e imobiliário e nos projectos de Obras Públicas, das autarquias à Administração Central. Era barato e dava milhões. Nada a criticar, se pagassem, também, a factura quando passa a ser caro e dá prejuízos, também de milhões. É disto que é feita a economia de mercado, que força a visão de médio e longo prazo e desincentiva os ganhos arriscados de curto prazo.


Hoje, caídos quase na desgraça e porque a desgraça deles seria a nossa morte, os soberanos vendem aos bancos dinheiro a 1% para que o possam vender no mínimo a 6%, mas que pode chegar a mais de 20%.


Tudo aconteceu aqui, na Irlanda, mas também na Alemanha. Incompreensivelmente, a Europa, social, humanista e de raiz cristã, aponta o dedo aos devedores, elegendo-os como os réus do delírio da dívida e da gestão irresponsável. Nos Estados Unidos não foi assim.


Hoje estamos armadilhados pelo passado financeiro. Não se pode reduzir as rendibilidades das PPP por causa dos bancos – e das grandes empresas nacionais e internacionais –, não se pode reduzir os ganhos, também excessivos, na energia. Enfim, não se pode basicamente acabar com os excessos do passado que remontam, é preciso sublinhar, aos anos 80 do século XX.


As grandes empresas vivem (e viveram) no mesmo mundo de facilidades. Basta olhar para as componentes do principal índice bolsista, o PSI-20. A maioria actua em sectores regulados. Ou em sectores que sucessivos governos elegeram como prioritários. Ou são empresas com a dimensão e o peso na sociedade portuguesa que lhes permite influenciar as leis que impedem os outros, que não fazem parte do grupo, de crescer, de fazer negócios. Ou seja, ganham aquilo que o Estado as deixar ganhar. 


O que, em tempos de estados capturados pelos interesses, é muito mais do que ganhariam em concorrência. São os tais ganhos excessivos.


O resto da economia são as pequenas e médias empresas sem espaço para se expandirem. Por incapacidade, que se vai perpetuando em benefício de alguns, e pela falta de espaço que lhes é retirado pelas elites económicas e políticas que ditam as regras do jogo da economia.


Desde que o país se começou a liberalizar, na segunda metade dos anos 80 do século XX, a teoria prevalecente foi, em parte, semelhante à do Estado Novo. É preciso dar margens elevadas às elites para que acumulem o capital e o saber que fará Portugal prosperar por contágio a todo o resto da economia. Assim se disse. Passou quase um quarto de século e o que boa parte das elites acumularam foram dívidas, que as conduziram – e nos conduziram – ao precipício da falência. Onde não vão cair porque obviamente são a nossa elite, porque são demasiado grandes e demasiado agarrados uns aos outros para falirem, porque a sua queda seria a nossa miséria.


Não foi sempre assim e sempre assim será? Talvez. Então, por favor, que se tenha o pudor de não invocar o mercado e o liberalismo ou, ainda, o génio da gestão. Se há culpas, se há responsabilidades, são das elites económicas e políticas. Que não querem apenas tudo. Praticam a política da terra queimada para todos os que não sejam eles. E nem sequer são capazes de criar valor para eles. Há países onde não é assim. Aqui, também podia não ser. Sinais de esperança? Poucos. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Helena Garrido.
  
 O porquinho mealheiro

«A manchete de ontem do Negócios diz tudo: "Governo obrigou Caixa a aceitar OPA da Camargo à Cimpor". E já não surpreende. Infelizmente. 


José Sócrates foi altamente criticado pelo PSD de Passos Coelho de usar a Caixa como braço armado da sua política. Caiu o carmo e a trindade quando a Caixa entrou na Cimpor; quando a Caixa votou contra a OPA da Sonaecom sobre a PT; quando os gestores da Caixa passaram, directamente, para o BCP; quando Armando Vara foi nomeado administrador; quando abriu a porta a Isabel dos Santos (ao vender-lhe acções e ao financiá-la) na Zon. 


Por estes dias, Passos Coelho falava, antes de ser eleito primeiro-ministro, da privatização da Caixa e até sugeriu a criação de um conselho estratégico na CGD nomeado pelo Parlamento. E dizia, numa entrevista ao "Correio da Manhã" em 2010: "hoje o Conselho de Administração da CGD só se explica perante o ministro das Finanças, não perante o País. E julgo que não há forma mais democrática do que o Parlamento, por exemplo, poder nomear uma espécie de conselho estratégico, com poderes consultivos, ao qual a própria administração da CGD se pudesse explicar. (...) Sem poderes vinculativos mas que obrigassem a uma maior explicação, a uma maior transparência nas decisões que são tomadas". 


O Governo mudou. Passos Coelho foi empossado primeiro-ministro. Conselho estratégico da Caixa não existe. E, entretanto, para a Caixa é nomeado Nogueira Leite, conselheiro do PSD de Passos Coelho; a Caixa vende directamente a participação na Zon, que dará a quem comprar o controlo; a Caixa quer colocar Teixeira dos Santos na PT, o Estado ou alguém por ele diz que não; a Caixa quer vender acções da Cimpor por 6,5 euros, o Estado diz para vender a 5,5 euros aos brasileiros da Camargo Corrêa.


O que parece tudo isto? A Caixa continua a ser um braço armado, agora da política de Passos Coelho. E tal como teve de explicar, no Parlamento, porque tinha feito o acordo com Manuel Fino, espera-se que agora o banco público seja chamado para explicar por que vende agora à Camargo, por menos do que o que pretendia. 


E já agora podia também explicar por que vai a Caixa deixar de ter participações financeiras mas ainda nomeia administrações. O que ficou para a história do caso Teixeira dos Santos na PT foi a Caixa ter sido ultrapassada. Mas, para mim, há outra perplexidade nesse caso. A Caixa vai ou não sair da PT? E quando? E que papel ainda tem na nomeação da administração da operadora? Ou é mais um caso em que o Estado não quer ter papel interventivo nas empresas, mas já agora, a pretexto de ainda lá estar, decide administrações? Como na EDP.


Esta é a prova de que a Caixa tanto serve de saco de boxe quando se está na oposição, como serve de porquinho mealheiro quando se está no Governo.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Alexandra Machado
  
  
Processos disciplinares para polícias pitbull? 

«Alguns dos agentes da autoridade que estiveram envolvidos em incidentes com manifestantes e jornalistas no Chiado, no passado dia 22, deverão ser alvo de processos disciplinares, de acordo com a recomendação do relatório do processo de averiguações da Inspeção-Geral da Adminsitração Interna.» [CM]

Parecer:

Estes vão ser vítimas mais dos estragos à imagem do governo do que das consequências do seu comportamento abusivo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
Era uma vez o optimismo governamental

«As yields (juros) das obrigações do Tesouro (OT) português estão, de novo, em alta. Já durante segunda-feira tinham dado sinais nesse sentido. A pressão sobre o curto prazo é mais evidente, na véspera do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) lançar um leilão de dívida a 18 meses, pela primeira vez, desde o resgate pela troika. A agência do Estado para a gestão da dívida vai testar uma maturidade mais longa e ver como reage o mercado primário da dívida soberana.


Os juros das OT a 2 anos regressaram hoje ao patamar dos 10%. Abriram perto dos 11% e estão, agora, pelas 10h, em 10,17%, segundo dados da Bloomberg. Fecharam, ontem, em 9,84%. Tinham saído do patamar dos 10% a 27 de março, quando desceram, significativamente, para 9,5%, regressando a um nível que já não se verificava desde o pedido de resgate.» [Expresso]

Parecer:

Havia quem já cantasse vitória.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo mês de Setembro de 2013, o mês em que Passos Vai ao mercado comprar batatas.»
  
Nada funciona bem com este governo!

«O portal do Governo de Passos Coelho na Internet (http://www.governo.gov.pt/pt ) está em baixo desde o início da semana, devido a problemas informáticos.


Além da página do Executivo não estar disponível para consulta, também os emails de vários departamentos do Executivo estão em baixo, nalguns casos desde o final da semana passada.


Fonte oficial da Presidência do Conselho de Ministros garantiu ao Expresso que está fora de causa a possibilidade de se tratar de um ataque de piratas informáticos. "O que nos foi explicado é que há um problema nos discos", disse a mesma fonte.» [Expresso]

Parecer:

Ainda bem que a página não foi atacada pelos piratas, bastaram os de dentro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos piratas informáticos que ponham a página a funcionar.»
  
Padre descuidado

«A Igreja Católica na Irlanda informou na segunda-feira que um padre projetou "inadvertidamente" imagens de pornografia homossexual durante um encontro com pais, numa escola, sobre a primeira comunhão dos filhos, e que o incidente está a ser investigado.


O cardeal Sean Brady, líder da Igreja Católica na Irlanda, explicou em comunicado que "imagens inapropriadas foram mostradas inadvertidamente por um padre no início de uma apresentação de PowerPoint", numa escola em Pomeroy.


O padre reuniu-se com os pais para preparar a primeira comunhão das crianças e quando ligou ao computador um dispositivo USB acabou por projetar imagens de pornografia homossexual. "O material foi imediatamente removido do ecrã" e o padre "disse não ter conhecimento das imagens".» [Expresso]

Parecer:

Esta Igreja Católica não tem emenda.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
Começaram as demissões no PS

«O líder do PS/Aveiro, Pedro Nuno Santos, demitiu-se hoje da vice-presidência do Grupo Parlamentar socialista, cargo em que tinha a coordenação da área financeira, disse à agência Lusa fonte oficial desta bancada.


Segundo fonte da direção da bancada, Pedro Nuno Santos "invocou razões de caráter pessoal" para a decisão de se afastar da direção da bancada, mas deputados próximos do ex-líder da JS referiram que a demissão se deve "a divergências políticas".


Pedro Nuno Santos esteve em divergência com a direção do PS e com a liderança parlamentar de Carlos Zorrinho logo em relação à estratégia para o Orçamento do Estado para 2012, em que os socialistas optaram pela abstenção.» [i]

Parecer:

Para onde vai este PS de Seguro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Seguro que proponha a integração do PS no PSD.»
  
João Proença dá guinchinhos contra o governo

«O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou hoje no final de uma audição na Assembleia da República, que o ritmo do Governo, na área do emprego, "é devagar, devagarinho e parado".


"Na área do emprego o ritmo do Governo é devagar, devagarinho e parado", acusou João Proença em declarações à margem da audição na Comissão de Trabalho, no Parlamento, acrescentando que rejeita que as políticas que constam do acordo tripartido promovam o desemprego e admitindo que o Governo nada faz para fomentar o emprego em Portugal.» [i]

Parecer:

O facto é que o Proença já deixou de ser útil à direita e a sua credibilidade junta da esquerda é nula, é zombie do sindicalismo.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
Haja alguém que diga o óbvio

«A presidente da Comissão Executiva da Confederação do Turismo Português (CTP) disse hoje à Lusa que afirmações sobre os subsídios de férias e de Natal só assustam mais a população e incentivam a instabilidade.


Em resposta a uma questão colocada pela Lusa sobre se encaravam como provável a eliminação definitiva dos subsídios de férias e de Natal à função pública e aos pensionistas, a presidente da Comissão Executiva da CTP, Adília Lisboa, afirmou que "este tipo de afirmações, tiradas do contexto, só servem para assustar mais as pessoas e gerar um clima de maior instabilidade psicológica entre os trabalhadores portugueses".


"O corte do subsídio de férias e de Natal foi legalmente imposto como uma medida temporária e começar a aventar a hipótese de outra realidade parece conter o desejo de que isso venha a acontecer, o que não é certamente o caso da CTP", declarou Adília Lisboa.» [i]

Parecer:

É a primeira personalidade que não vem da Função Pública a tomar posição sobre a questão dos subsídios.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
Emprestavas-lhe o teu carro?

«Depois do Governo, agora foi a vez do PSD afastar a possibilidade de tornar permanentes os cortes nos subsídios de férias e natal aos funcionários públicos.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Nem emprestava o carro, nem acredito numa única palavra dele.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao neto da Prazeres se autorizou o Moreirinha a opinar.»
  
Cimpor: gente sem princípios

«José Augusto Brás Chaves, administrador executivo da Cimpor e responsável pelas áreas da Ibéria e Cabo Verde, comprou ontem 12.026 acções da cimenteira, segundo comunicado à CMVM. 


O membro da Comissão Executiva da Cimpor tinha uma posição inicial de 57.974 acções da empresa, tendo passado a deter 70.000 títulos na sequência desta operação. O preço unitário da aquisição foi de 5,47 euros – valor de fecho na sessão de ontem. Hoje, a cimenteira encerrou a ceder 0,18% para 5,46 euros.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Seria de esperar que a esta hora o administrador da Cimpor já estivesse proibido de entrar na empresa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
Prendam o Otelo!

«Durante a madrugada, Portugal foi alvo de um golpe de estado... no Twitter. A brincadeira começou em Espanha, propagou-se para os Trending Topics e pode acabar nos tribunais. 

Portugal esteve no centro das atenções dos utilizadores do Twitter esta madrugada. Tudo parece ter começado por brincadeira, mas poderá chegar aos tribunais. Em causa estão diversos "twits" enviados por utilizadores na rede social, onde se divulgava um suposto golpe de estado que estaria a decorrer no país, utilizando imagens de alegados twits enviados pelo El País e pela Associated Press.» [Jornal de Notícias]