quinta-feira, abril 12, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Portel
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Burro, Alcochete [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Assunção Cristas, super-mulher do CDS e super-ministra de Passos Coelho


É evidente que as grandes superfícies vão repercutir a taxa nos preços e quem a vai pagar são os consumidores. Quando a ministra diz que quer que estas empresas particiepem nos custos está a ser aldrabona, ela recorre às grandes superfícies por ser mais fácil a cobrança e porque é igualmente fáciul a repercussão dos preços.
  
«A ministra da Agricultura afirmou hoje que a taxa sobre a alimentação que o Governo quer aplicar aos supermercados visa obrigar a grande distribuição a contribuir para a segurança alimentar.» [i]
  
 Prontsh

Os nosssos goverantes já davam pontapés no país como se fossem dirigentes de clubes de futebil, agora falam como jogadores da bola, um diz que já não fala dos seus subsídios, o outro diz que já não comenta a reposição dos subsídios que tirou aos outros. Só lhes faltou acrescentar "e prontsh!".

 O cão que mijava em casa

Este governo lembra-se a história do cão que mijava em casa. Quando mijava em casa o dono castigava-o enfiando-lhe o focinho no xixi. A partir de determinada altura fazia sempre o xixi em casa e quando o dono chegava o cahorro ia logo a correr enfiar o focinho no xixi.
 
Este governo faz mais ou menos o mesmo, passa o tempo a dizer que não quer que Portugal seja como a Grécia, mas sempre que os amigos da troika estão para chegar a Portugal vão a correr adoptar as medidas que os da troika aabaram de impor à Grécia. Assim, basta-nos dar graxa aos funcionários de meia tigela que nos mandam e que se pavoneiam pelos nossos palácios como cabos da wehrmarcht enquanto os nossos ministros correm para enfiar o focinho no xixi.

Os  que chumbaram o PEC IV antecipam-se agora à troika e aplicam mais do que esta exige, aplicam o que nem em sonhos a troika se lembrava de impor quando o governo era outro. Este governo vai muito além da obediência. Pior do que sermos gregos é comportarmo-nos como se fossemos gregos sem o mínimo de dignidade coisa que eles não têm sido e que por cá tem havido com fartura.
  
 

 O desnorte

«Recentemente, têm-se vindo a acumular episódios atrás de episódios que revelam o desnorte que se vai instalando na Administração Pública e no Governo.
 
Assim, começo este texto regressando à Lei dos Compromissos que aqui critiquei no início de Março. Desde então, as adaptações têm vindo a ser conhecidas e começam a ser a regra, mas quanto à lei geral, essa não, continua a ser fantástica. Dito isto e feita a introdução, passemos então aos episódios mais recentes. Ora, na semana passada, o primeiro-ministro espantou o País ao dizer que os subsídios na Função Pública só regressariam em 2015 e somente de forma gradual, quando sempre esteve claro que regressariam em 2014. Em sua defesa, logo surgiu o ministro das Finanças, afirmando que o ano de 2015 era aquele imediatamente consecutivo a 2014. Gargalhadas na Assembleia da República e, pronto, assunto encerrado que, afinal, foi tudo um lapso de linguagem. Não, não foi. Pelo contrário, o que afinal parece existir é uma política já alinhavada para depois de 2013 e que, em breve, começará a ser anunciada aos portugueses, como foi na Grécia aos gregos. E entretanto já se anunciou, mas só para alguns, a proibição das reformas antecipadas - que, recorde-se, não são nenhuma benesse, dado que são (e bem) altamente penalizadas -, uma medida que foi mantida em segredo pois, segundo Passos Coelho, quiçá ensaiando o discurso para outra ocasião, é assim que, por exemplo, se faria uma desvalorização cambial! Pelo meio, diversas associações empresariais queixaram-se de que os reembolsos do IVA estão atrasados em mais de um mês face ao previsto na lei. O gabinete de Gaspar, refutando alhos com bugalhos, desvalorizou: não, o prazo médio de reembolsos em 2011 até foi inferior ao previsto na lei. Pois, mas estamos em 2012. E se há coisa que, neste ano de 2012, os boletins da Direcção Geral do Orçamento mais têm realçado é precisamente a redução operada nos reembolsos do IVA. Portanto, junte-se um e um e dá dois, neste país onde o Estado perde mais de metade dos processos tributários que move contra os contribuintes. Aliás, agora até já são os próprios inspectores tributários a queixaram-se do patrão e das (suas) deslocações pagas a onze míseros cêntimos por quilómetro.
 
Enfim, está agora a fazer um ano desde que a ‘troika' aterrou em Portugal. E, com o objectivo de evitar a reedição da experiência grega, os elementos da ‘troika' têm-se esforçado por enaltecer os feitos positivos do executivo. Ainda bem. Porém, sem prejuízo de uma ou outra peça de legislação bem conseguida e de alguns sinais encorajadores na execução orçamental, onde está a reforma do Estado que esta coligação governamental prometeu (e bem) aos seus eleitores? Onde está a radiografia da Administração Pública? Onde está a análise de custo e de benefício que substitua os cortes cegos, necessários no início, pelos cortes estratégicos? Onde está a estratégia fiscal que permita libertar-nos desta castradora carga de impostos? Ora, nada disto parece estar pronto nem prestes a ser anunciado. E o Governo, pois claro, não tem culpa! Ao que parece, anda agora preocupado com a proibição das máquinas que vendem tabaco... » [DE]

Autor:

Ricardo Arroja.
  
 Espanha, que medo

«A política é a arte do possível. Mas é também a arte de fazer o que é melhor para a sociedade, mesmo que a sociedade o não consiga compreender. E é aqui que a governação do euro está a falhar.

Espanha tem hoje um governo que, nos estereótipos, é amigo dos investidores financeiros. Está a fazer tudo o que se interiorizou que querem os investidores. Liberaliza a economia, reduz o rendimento para, como se diz agora, colocar o país a viver de acordo com as suas possibilidades e ganhar competitividade com a única ferramenta que a Europa parece conhecer agora: o corte de salários.

Que retribuição está Espanha a ter pelo seu rigor de sedução aos caprichosos mercados? A cotação dos seus títulos de dívida pública afunda com o consequente aumento dos juros no mercado secundário. A taxa de juro implícita dos 'bonos' a dez anos regressou aos 6%, valor que não se via desde o Verão passado, um tempo em que o BCE não actuava no mercado nem tinha ainda iniciado os seus empréstimos a três anos cobrando a ridícula taxa de 1%.

Vamos imaginar que somos uma instituição com influência e que pode jogar milhões para ganhar com os títulos de dívida pública, em geral transaccionados em pequenas quantidades, abrindo assim espaço para grandes mudanças de cotação - elevada volatilidade. Primeiro passo: atirar as cotações abaixo criando o pânico entre quem está menos informado e assim gerando o habitual movimento de rebanho dos mercados financeiros. Segundo passo: começar a comprar quando as cotações estiverem bem lá no fundo. Terceiro passo: aproveitar uma qualquer afirmação política para gerar confiança no país que emite esses títulos de dívida pública e gerar uma nova onda de rebanho, agora compradora. Quarto passo: vender sem ninguém notar. E se tudo isto se fizer com dinheiro do BCE que custa 1% por entrega, como colateral, de títulos de dívida que também se está a reproduzir a grande velocidade, mais milhões se ganham.

Parece impossível? Não é. No final do mês de Março, revelava o "Financial Times" que as obrigações portuguesas do Tesouro garantiram o melhor retorno no conjunto dos países do mundo desenvolvido. Os títulos com maturidades entre sete e 10 anos, deram uma remuneração de 21,1% desde o início do ano, superando a rendibilidade da dívida soberana de 25 outros mercados no índice Bloomberg/Effas. Que o diga também quem está a investir em dívida pública portuguesa, uma moda que o Negócios também já revelou.

A Espanha entrou de novo nesse círculo que garante ganhos de milhões pela simples manipulação das cotações.

Um país pode estar eternamente no círculo infernal que garante ganhos de milhões e é alimentado por meia dúzia de instituições financeiras com influência global. Ao mesmo tempo, os seus cidadãos submetem-se a terapias de desemprego, incerteza e empobrecimento, apresentadas como de remissão dos seus pecados consumistas.

Tem de ser assim? Claro que não. Os políticos europeus do Norte da Europa transformaram esta crise numa espécie de luta do bem espartano contra o mal hedonista. E esqueceram-se de ver qual é de facto o problema, de o explicar aos seus cidadãos e de o resolver de vez. Bastava que o BCE, sem medo nem preconceito, atacasse o problema directamente com a força da sua criação monetária. Bastava dizer que comprava os títulos que fossem necessários para reequilibrar os mercados e ninguém mais se atreveria a colocar alguns países do euro, e a própria moeda única, à beira do precipício. E, não, isto não impede que as economias corrijam os seus desequilíbrios. Podem é fazê-lo com tempo e bom senso, em vez de destruírem o que se construiu para que alguns ganhem milhões.

O que está a acontecer em Espanha mete medo. Mas é a oportunidade para se resolver de vez uma crise que não é mais que a escravização dos Estados aos caprichos dos milhões que alguns ganham.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Helena garrido.
  
Facebook compra saudade

«Velhadas (já vai a caminho dos 30), Mark Zuckerberg, o patrão do Facebook, tinha 15 anos quando foi da bolha da Internet. Foi um desastre, a especulação nas empresas "ponto.com", década de 90 - uma bolha que rebentou. Mas quem, apesar das borbulhas, não guarda boas recordações da sua adolescência? Zuckerberg, patrono do "queres ser meu amigo?", deve sentir-se atraído pelo rebentar da bolha da rede social. Vai daí, deu mil milhões de dólares pela Instagram (empresa só com 551 dias e onze trabalhadores), que, através de filtros, põe velhas as nossas fotografias. À falta de exportar pastéis de nata, exportamos a saudade: não sem razão, um dos dois fundadores da Instagram, o brasileiro Mike Krieger viveu em Portugal. Pôr sépia em fotos modernas é a melhor forma de revisitarmos a Belle Époque, com a vantagem de levarmos penicilina, entretanto já inventada (acreditem, Toulouse-Lautrec não achou piada à sífilis). Esse navio Balmoral, que no domingo partiu de Southampton imitando o Titanic, tem a ementa de há cem anos e orquestra disposta a tocar a pique, é uma aplicação Instagram gigante. Presume ter destino marcado com um iceberg na próxima noite de 14 para 15 e já ontem se comoveu por causa de umas ondas de dez metros. Mas, lá no fundo (de cada passageiro, não do oceano), espera-se que se fique por aí (pelas ondas, não pelo icebergue). As fotos modernas em sépia somos nós, escarrapachados.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

Um tiro em Atenas

«Era um velho decente, formal e limpo. E havia nele memórias, sofrimento e grandeza. Olhou em volta. Nem a sombra de um remorso nem aquele limite denso e excessivo que a idade costuma expor. Olhou em volta e talvez estivesse a lembrar-se dos vendedores de esponjas de antigamente, que ofereciam o produto na praça da Constituição; ou das tavernas com parreiras, na Plaka, sob as quais comera queijo de cabra e bebera resinato, nos longos dias de calor. E de mulheres com quem dançara, pelas festas perdidas para sempre.
Passara por muitas coisas de infortúnio e por algumas alegrias selvagens e dispersas. Transfigurada de ventos e de silêncios, a cidade fora invadida pelos nazis, envolvendo de medo e atrocidades o chão sagrado dos deuses, dos poetas e dos filósofos.

Atravessara o luto criado pelos coronéis, com a consciência de que a adversidade era fruto da falta de bondade e de compaixão, aparentemente inexplicável. Fora preso por querer ser livre. Conhecera as rudezas do desemprego, e os ténues acenos de uma esperança obstinada. Depois, como se a sociedade precisasse de um mundo de compensações, haviam-lhe reduzido o ordenado, e aumentado tudo o que pertencia aos domínios da sobrevivência estrita. Mais tarde, extorquiram-lhe os subsídios e limitaram-lhe os proventos de uma reforma escassa.
Suportou as gradações da infelicidade, porque aprendera que a infelicidade nunca é lisa, e dispunha sempre de diferentes medidas de circunstância. Chegara, assim, ali: àquele plaino com relvado, de onde se divisava o que desejasse ser divisado. E descobrira, exausto e triste, de que pouquíssimas vezes o tinham deixado ser feliz e livre.
Soltou um grito. Como se quisesse desabafar a dor insuportável que sobre ele tombara, lhe vergara os ombros e lhe ferira o mais secreto da sua fé. As coisas são como são, diziam. Mas ele não queria que as coisas fossem como queriam que elas fossem.

A partir de certa altura, decidira manter uma atitude respeitosa e marginal. Nem mesmo assim obtivera paz e sossego. A verdade é que um homem está sempre ligado ao seu passado. O aparente apaziguamento interior não domesticara a ira, a cólera e a indignação que sentia, sobretudo quando a sua terra deixara de ser a lenda e a história e fora transformada numa litografia imbecil.

Quando gritou, gritou para aqueles que o não ouviam ou não desejavam ouvir. Assaltara-o o medo de ter, num futuro próximo, de esgaravatar nos caixotes de lixo, em busca de comida. E de deixar aos filhos e aos netos o peso de dívidas e a impossibilidade de as pagar. Sentou-se na relva. Ninguém o olhou. Há muito que as pessoas não se cruzavam: trespassavam-se.

Gritou: eles não respeitam nada nem ninguém!

E disparou o revólver na cabeça.

Dimitris Christoulas, 77 anos, reformado, grego. Nosso irmão.» [DN]

Autor:

Baptista-Bastos.
   

 Em 2012 ainda temos Corpo de Deus

«Este ano, os portugueses ainda vão poder gozar o feriado do Corpo de Deus, que é no dia 7 de Junho. Os bispos portugueses, que voltarão a discutir o assunto na próxima semana, já informaram o Governo de que não haverá tão cedo uma decisão do Vaticano sobre esta matéria.» [CM]

Parecer:

Em 2013 passaremos a ter Corpo de Diabo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o sô Álvar à bardamerda.»
  
Há quem os tenha "en su sitio"

«"Esperamos que [os líderes europeus] assumam as suas responsabilidades e sejam mais cautelosos nas suas declarações", disse hoje Mariano Rajoy, citado pela agência Reuters, aos parlamentares do seu partido, depois de Mario Monti, o primeiro-ministro italiano, ter culpado a situação financeira espanhola pela mais recente onda de tensão nos mercados de dívida pública.» [DE]

Parecer:

Não é o caso dos nossos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
O Menezes está muito preocupado com Seguro

«O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, afirmou hoje que está na hora do líder do PS, António José Seguro "se descolar completamente do passado recente, que foi muito negativo" e deixou o país na atual situação.» [DN]

Parecer:

Chega a ser ternurento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Menezes que se preocupe com a sua candidatura ao lugar do Rio e com o futuro político do seu rebento.»
  
Mas a culpa não é todinha do Sócrates

«A Caixa Geral de Aposentações (CGA), a "segurança social" dos funcionários públicos, também paga pensões a reformados do setor privado, muitas delas milionárias.


No próximo mês de maio, por exemplo, começa a pagar uma reforma de 5000 euros a um dirigente de um externato particular, ao abrigo de uma lei antiga feita aprovar pelo então primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva.» [DN]

Parecer:

Um dia far-se-á a história da mentira neste país.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se está em condições de saúde mental e disponível para um  comentário.»
  
Ignorância e falta de solidariedade

«Miguel Relvas disse hoje que é importante para Portugal que Espanha tome as medidas certas para criar confiança nos mercados financeiros.


"Esperamos que o Governo espanhol tome as medidas adequadas e crie confiança nos mercados, porque as economias portuguesa e espanhola são economias de integração significativa. É para nós importante que Espanha ultrapasse hoje as dificuldades com que hoje está confrontada", salientou o governante.» [DE]

Parecer:

Quem ouve Miguel Relvas falar da situação em Espanha não consegue perceber a mais pequena solidariedade, o que preocupa Relvas é unica e exclusivamente as repercussões em Portugal e apenas nos mercados financeiros, os espanhóis que se lixem. Mas a posição revela igualmente ignorância, as consequências de uma crise financeira em Espanha não chegam a Portugal apenas pela via dos mercados financeiras, atinge em cheio a economia portuguesa com a redução das suas importações e da vinda de turistas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se tanto egoísmo e ignorância.»