terça-feira, junho 26, 2012

(Haja) Justiça!


Se o país tivesse sido poupado à fraude do BPN muito provavelmente não estaria na situação em que se encontra, o montante envolvido é muito superior ao que o Estado poupa ao espoliar funcionários e pensionistas ficando-lhe com os subsídios. Mas a nossa justiça não fez o mais pequeno esforço para identificar os responsáveis, limitou-se a fazer um simulacro de investigação e a levar um ou dois a julgamento. É evidente que não querem que o povo conheça toda a extensão da fraude, os custos sociais que provocou e o nome de todos os beneficiários.
  
Se o país combatesse eficazmente a evasão fiscal poderia promover justiça fiscal e disporia de recursos financeiros que teriam evitado a crise financeira. Mas parece que quem manda neste país não quer que assim seja, o país esvai-se em evasão fiscal e o governo faz de conta que o fenómeno não existe, até se dá ao luxo de promover a desorganização da máquina fiscal para promover fusões da treta. Desde os tempos dos perdões fiscais de Oliveira e Costa, secretário de Estado de Cavaco Silva, que a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais não passa de um serviço de finanças reservado aos mais ricos, ali produz-se legislação onde se multiplicam os truques para que os mais ricos beneficiem de esquemas para que não paguem impostos.
  
Se o governo cortasse nas famosas gorduras do Estado, se eliminasse os tais instituto que estão a mais e acabasse com a vergonha das fundações privadas que servem para muitos evitarem pagar impostos não teria sido necessário cortar tanto na saúde ou aumentar o IVA nos produtos alimentares. Mas o governo preferiu sacrificar os mais pobres para que o Estado continue a alimentar os amigos, enquanto corta em vencimentos e investimento.
  
E como se tudo isto não bastasse o Passos Coelho decidiu ser mais troikista do que a troika e atirar a economia portuguesa para um beco sem saída. A irresponsabilidade de coca bichinhos universitários e de um primeiro-ministro inexperiente, com fracos recursos intelectuais e sem grande sensibilidade para a realidade social está conduzindo o país para a ruina e o conflito social.
  
O défice cresce, o fisco corre o risco de colapsar com a evasão fiscal, o desemprego cresce exponencialmente, o país está cada vez em pior situação e bem pior do que estava antes do pedido de ajuda internacional e do que fala o primeiro-ministro? Não sugere o combate à evasão fiscal, não diz que vai cortar as gorduras do Estado, esqueceu-se das fundações e dos institutos, diz que se for necessário adopta mais austeridade, rodeado de seguranças armados o nosso primeiro-ministro é um homem muito corajoso.
Esta gente ainda não percebeu que já foi longe demais num programa de austeridade que além de inútil promove a injustiça, a discriminação e que visa tirar aos pobre e a alguma classe média para dar aos que por inércia ou incompetência foram incapazes de se manter competitivos num mercado cujas regras defenderam. Estão a tirar aos que trabalham para darem a empresários que só foram competitivos com escravidão, subsídios e proteccionismo.
  
Não é mais austeridade que o povo já não aguenta, aquilo que o povo já não estará disposto a suportar durante muito mais tempo é a tremenda injustiça que lhe está sendo imposta.