sábado, junho 02, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Castelo dos Mouros, Sintra
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Praia de Paço d'Arcos [J. Ferreira]
 

Miradouro da Lua, Angola [B. Ribeiro]
    

Jumento do dia


António Saraiva, presidente da CIP

O presidente da CIP tem-se aproveitado da crise financeira do Estado para obter proveitos, tem por isso sido o campeão das exigências em matéria de cortes salariais, seja pela criação de horas de trabalho escravo seja mesmo pelo corte de subsídios. Agora vem dizer que com a redução da TSU os salários poderão aumentar, como se este senhor e os amigos que representam tivessem a mais pequena sensibilidade em relação às necessidades e direitos dos trabalhadores, para uma boa parte deles até o regresso do esclavagismo era uma boa solução.

«O presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal defendeu hoje uma redução da Taxa Social Única (TSU) a cargo das empresas, salientando que isso poderia até conduzir a aumentos nos salários mais baixos.» [DE]

Há honestos e honestos

Há muita forma de ser honesto, há aqueles em relação aos quais não se suscitam dúvidas quanto à sua honestidade e os que todos achamos que são desonestos mas não temos forma de o provar. Não há ninguém que não ache que a intimidade entre o espião e o Relvas é bem maior do que este afirma e são muitos que pensam que os seus negócios são mais políticos do que as meras reuniões da Ongoing.O mesmo se passa com as suas chantagens sobre a jornalista do Público, ninguém, nem mesmo os pares do governo, acredita que a jornalista as tenha inventado, mas eitas ao telefone são difíceis de as provar.
  
Relvas poderá ser honesto, mas para a maioria apenas o é de uma forma formal, um pouco como aqueles que todos vimos cometer um crime mas que não são condenados porque entretanto esse crime prescreveu.
 
 

Quem com ferro

«O caso Relvas é muito atreito a ditados. "Não cuspas para o ar", por exemplo: anos de acusações inconsubstanciadas, calúnias e insultos, fatwas a propósito de tudo e nada, tarde ou cedo haviam de bater à porta dos aprendizes de feiticeiro.
  
Não servindo a indecência alheia de desculpa, porém, assentemos em princípios básicos: Relvas não estava, naturalmente, impedido de ter uma relação com Silva Carvalho. Podiam até passar o dia a trocar mensagens fofinhas, poemas e receitas de farófias; ainda que fique demonstrado ser o ex-SIED um absoluto energúmeno, ter uma relação mais ou menos próxima com alguém dessa descrição não é crime nem implica necessariamente cumplicidade.
  
Não pode, pois, estar em causa julgar o ministro por ter tido uma relação com o ex-SIED, mesmo se pareceu anteontem ser esse o fito das baralhadíssimas perguntas da oposição. O que está e deve estar em causa é se existiu impropriedade nessa relação e, tendo em vista as contradições entre factos entretanto revelados e as declarações do ministro na primeira audição, se faltou à verdade perante o Parlamento ao descrever os termos da dita. Infelizmente, a audição de quarta deixou-nos onde estávamos: na noção de que Relvas está muito pouco à vontade na explicação da natureza da relação com Silva Carvalho e afirmou várias coisas não verdadeiras na primeira audição.
  
O que suscita duas questões: a da inverdade perante o Parlamento, que é só por si muito grave; e do móbil dessa inverdade, a saber, por que motivo Relvas achou que devia ocultar a verdadeira natureza da sua relação com Silva Carvalho, relação essa que se prolongava pelo menos através de um membro do seu gabinete, que entretanto se demitiu. Poderá Relvas, com noção do que ele próprio faria a um governante de outro partido apanhado numa tal relação "perigosa", ter assim agido apenas para alijar suspeitas. Como pode ter demitido o seu adjunto para evidenciar dureza; sem se dar conta, porém, do quão bizarro é que considere ser uma relação mais estreita com Silva Carvalho motivo de demissão para o adjunto mas não para si.
  
Junte-se a isto o facto, que o próprio não contesta, de ter perdido a cabeça (porquê?) com as perguntas que uma jornalista do Público lhe enviou sobre a sua primeira audição, ligando várias vezes para o jornal. É acusado de ter nesses telefonemas ameaçado, para evitar a publicação de uma notícia, a divulgação na Net de um facto da vida privada da jornalista - a de que esta viveria com um homem de um partido da oposição (o que é falso). Além de intolerável e sem paralelo nos anais da democracia portuguesa, esta ameaça, a verificar-se, surtiria um irónico efeito de ricochete. Se Relvas achar que uma relação próxima com alguém da oposição é de molde a tornar uma jornalista não credível e incapaz, como classificará o ministro que tendo uma relação pessoal com um ex-espião acusado de usar os serviços secretos da república para fins criminosos, aldraba sobre ela?» [DN]

Autor:

Fernanda Câncio.
     

2012 não era o ano da retoma?

«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou esta sexta-feira previsões mais pessimistas para a taxa de desemprego, esperando agora um agravamento da taxa para os 15,5 por cento este ano e para 16 por cento no próximo ano.
  
Numa declaração realizada após uma reunião com os parceiros sociais, o ministro reviu as previsões que o Governo enviou há menos de um mês para a Comissão Europeia no âmbito do Documento de Estratégia Orçamental (DEO), prevendo uma nova deterioração.
  
Os novos números apontam agora para uma taxa de desemprego média para a totalidade deste ano de 15,5 por cento, ao contrário dos 14,5 anteriormente esperados, e de 16 por cento, contra uma melhoria esperada para os 14,1 por cento, incluído no anexo que tanta polémica deu por não ter sido entregue aos deputados na mesma altura que o DEO foi entregue à Assembleia da República.» [CM]

Parecer:

Aos poucos vamos percebendo quanto vale este Gaspar, em menos de um mês dá uma cambalhota nas previsões. Quando um ministro perde credibilidade porque falha todas as suas previsões está na hora de o demitir.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
O PSD anda distraído

«O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, precisou hoje, em Lisboa, que o Ministério Público está a investigar "há mais de um mês" as Parcerias Público-Privadas (PPP) rodoviárias, e disse que "o PSD anda distraído".
  
"Isso está mais do que esclarecido, as perguntas são sempre repetidas, alguém anda distraído, isso está a ser investigado há mais de um mês", acrescentou Pinto Monteiro, que falava à imprensa à margem de um colóquio a decorrer na Universidade Católica Portuguesa.» [DN]

Parecer:

Ou anda distraído ou quer o povo distraído por causa dos casos Relvas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
BCP vai ter vaga para boy

«Segundo soube o Diário Económico, o banco liderado por Nuno Amado já acordou com as Finanças a entrada de um administrador não executivo em representação do Estado. A escolha de um administrador não executivo como representante do Estado é facultativa. Isto significa que caberá ao Governo escolher se designa, ou não, um administrador nos bancos que recorram à linha dos 12 mil milhões de euros. Isto, independentemente da forma como é dada a ajuda, seja através da subscrição de acções, seja através da subscrição da emissão dos títulos híbridos, CoCo's.
  
A portaria define que, mesmo que a entrada no capital de um banco seja feita através da compra de acções, se essa aquisição não ultrapassar os 50% do capital, o Estado não irá ter direito de voto em AG. Mas "quando o número de acções subscritas ou adquiridas pelo Estado ultrapasse metade das acções representativas do capital da instituição, pode o Estado exercer a sua plenitude os direitos de voto inerentes às acções que excedam aquele limiar". Isto é, se o Estado ficar com 51%, o seu poder de voto seria apenas de 1% .» [DE]

Parecer:
  
Os contribuintes entram com o dinheiro e o melhor que se consegue é um lugar de boy, os bancos até podem usar o dinheiro contra o interesse nacional, existe mesmo o risco de se investir nos bancos para que este comprem dívida soberana, aproveitando, por exemplo, as altas taxas aplicadas em Espanha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
Haja alguém que o diga

«Correspondente financeiro do jornal "Le Monde" em Londres considera ainda que levanta conflito de interesses a escolha de António Borges para chefiar o processo de privatizações em Portugal.
  
“O FMI disse-me que se livraram dele [António Borges] porque não estava à altura do trabalho e agora chego a Lisboa e descubro que está à frente do processo de privatização. Há perguntas que têm de ser feitas”, defende o correspondente financeiro do “Le Monde” em Londres, em entrevista à Renascença.
  
Marc Roche é o autor de um livro, já premiado, que conta a história da Goldman Sachs e de como este banco dirige o mundo. Na obra são denunciadas as estreitas relações entre a banca e o poder. O correspondente diz que António Borges, ex-quadro da Goldman Sachs e ex-director do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa, surge neste tabuleiro como um peixe pequeno, mas que levanta sérias reservas tendo em conta a tarefa que tem agora em mãos.
  
António Borges foi nomeado por Pedro Passos Coelho para chefiar o processo de privatizações. “O senhor Borges estava fora do meu radar quando escrevi o livro, nunca tinha ouvido falar”, admite Marc Roche, que apenas tomou conhecimento do economista “quando se demitiu do FMI”.
  
Questionado se ficou surpreendido com a nomeação de António Borges para a questão das privatizações, Marc Roche admite que não. “Vejo gente da Goldman Sachs a aparecer por todo o lado em posições de poder, faz parte da marca do banco.” 
  
“Aqui, o senhor Borges é um peixe pequeno, comparado com Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, que trabalhou na Goldman Sachs, com Mário Monti, o primeiro-ministro italiano, que também trabalhou na Goldman Sachs, ou com Lucas Papademos, ex-primeiro-ministro grego.”
  
Marc Roche, nesta entrevista à Renascença, defende ainda que o processo de privatizações não deve ser apressado e responsabiliza a Goldman Sachs pela entrada prematura da Grécia no euro, que deu origem à actual crise da dívida.» [RR]

Parecer:

Este rapaz aparece por Portugal quando perde os tachos lá fora, desde que se armou em vice-presidente da Goldman Sachs, cargo que na acepção que lhe damos nunca o teve, anda por cá a dar lições de moral ao país como se fosse uma grande sumidade. Chega-se ao ponto de ser um executivo do merceeiro metido no governo pela porta do cavalo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
Mais algumas do Relvas

«A 31 de Julho do ano passado, o ex-dirigente do SIED Jorge Silva Carvalho enviou uma mensagem ao presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, em que fala do interesse da empresa na privatização da RTP através da sua participada brasileira Ejesa. Esta é liderada pela mulher de Vasconcellos, Maria Alexandra Mascarenhas, que nesse dia dera uma entrevista ao Correio da Manhã, onde se manifestava a favor da privatização da RTP, para a qual iria olhar com interesse.
  
Na mensagem, o ex-espião refere-se à empresária como X, diz que a entrevista estava óptima e vinha dar um toque feminino de serenidade. A Ongoing e Jorge Silva Carvalho estavam já envolvidos em polémica, pois dias antes fora tornado público o caso de espionagem à lista de telefonemas do jornalista Nuno Simas. Silva Carvalho dá conta a Vasconcellos de dois tipos de reacção à entrevista. Por um lado, havia quem estranhasse os elogios que Alexandra Mascarenhas fizera ao patrão da Impresa, Pinto Balsemão, com quem o marido mantém um conflito judicial pelo controlo do grupo. Por outro, frisava que havia quem tivesse reparado no pormenor Ejesa/privatização da RTP.
  
Na mesma mensagem, há referências encriptadas a três pessoas, identificadas por siglas, mas que correspondem aos nomes de Nuno Morais Sarmento (advogado de Silva Carvalho), António Cunha Vaz, conselheiro de comunicação referido em vários outros SMS do ex-espião, e MR, as iniciais usadas por Silva Carvalho na sua agenda para assinalar encontros com o ministro Miguel Relvas. Diz Silva Carvalho que NMS e ACV falaram com MR (então já ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares) e que estava tudo sob controlo, mas sem especificar a que se refere. O ministro garantiu ontem, no Parlamento, não ter tido qualquer contacto com Silva Carvalho ou a Ongoing após tomar posse. Porém, o SMS sugere que terá tratado de um assunto relacionado com um deles ou os dois.» [Público]

Parecer:

Pobre Relvas....

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»