domingo, junho 24, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Constância
Imagens dos visitantes d'O Jumento


A ver o Rio Minho [A. Cabral]
     
Jumento do dia


A troika

Há poucos dias os três estarolas da troika estiveram cá e chegaram à conclusão de que estava tudo a correr às mil maravilhas, tão bem que defenderam medidas que visam tornar ainda mais baixos os salários dos portugueses que menos ganham.

Passados poucos dias sabe-se aquilo que há muito já se sabia mas o incompetente do ministro das Finanças recusava erceber, que as receitas fiscais estão a cair a pique, isto é, que o défice vai aumentar e, em consequência, aumentará a dívida do Estado. Isto é, o crescimento das exportações e a melhoria da situação da balança comercial de pouco serviram, o doente arrisca-se a morrer muito antes de chegar ao fim do tratamento.

Isto significa que os estarolas da troika não são as luminárias de que gostam de dar ares, erraram, impuiseram um programa desastroso ao país e fica-se com a impressão que gostam muito de vir a Portugal mas é para ganhar ajudas de custo, andarem em hotéis de cinco estrelas e encherem o bandulho em almoçaradas e jantaradas oficiais.

Jornalismo à portuguesa


Sim senhor, um sindicalista exemplar, antes de se candidatar à liderança da UGT fala com o patrão porque é este que lhe paga e vai continuar a pagar. Nem no tempo do corporativismo haviam sindicalistas tão exemplares.
  
«Já falou com o seu patrão?
  
Como sabe, eu sou bancário, do BES, que é quem paga o meu salário – o único que tenho e que faço questão de manter. Por isso, antes de formalizar a candidatura, fiz questão de ter uma reunião com o doutor Ricardo Salgado, a quem transmiti, de forma transparente, a minha intenção. Naturalmente que ele, enquanto presidente do BES, desejou-me sorte e disse que era também um fator de prestígio para o BES ter um dos seus colaboradores como secretário-geral da UGT.»

e cheirará mal?

Depois de ver a Merkel no jogo de futebol das meias-finais do Europeu, mal vestida e a festejar os golos com ar de parva ocorreu-me uma dúvida, também cheirará mal?

Empate no Europeu

Ainda estão em jogo dois resgatados e dois por resgatar.

Austrália: tubarões comendo uma baleia junto à praia

   
 

Esperem pelo outro resgatado e vão ver

«Ontem, de cada vez que havia golo alemão, as câmaras apontavam para uma modesta dona de casa, daquelas que em Salónica ou na Beira Interior ainda vestem o mesmo casaquito de antes da crise (e já lá vão três anos). Golo, e ela saltava da cadeira e erguia os dois braços acima da cabeça como quem agarra o varão superior da Carris ou da Ethel, autocarros de Atenas. Como o salto e o pendurar-se no varão se repetiu por quatro golos, pudemos reconhecer a mulher: era Angela Merkel. Clara operação de propaganda, para demonstrar aos gastadores povos resgatados que uma chanceler alemã anda de transportes públicos e mal vestida... Mas, como todas as propagandas, podendo ter efeitos contrários quando desmontada. Desde logo, para quem pretende ser poupado, o desperdiçar de golos: Portugal, acusado de gastar mais do que produz, produziu a mesma ida para a meia-final conseguida ontem pela Alemanha, gastando um só golo. Depois, no estádio, Merkel estava lá só para o forrobodó tão filmado. E o que fazia, no mesmo lugar, o seu homólogo grego? Leiam a ficha do jogo: o primeiro golo grego foi marcado por... Samaras. Quer dizer, o primeiro-ministro grego não só precisa de ter um segundo emprego como, neste, produz. Já para não falar no contraste que fazem as fartas carnes da tal senhora do varão com a notícia também ontem conhecida de o ministro das Finanças grego, Vasilis Rapanos, ter desmaiado, talvez de larica. Disto não quer saber o Bundesbank.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
Como a Alemanha lidou com o seu caso Miguel Relvas

«Foi em Dezembro do ano passado que o tablóide “Bild”, o jornal mais popular da Alemanha, descobriu uma história sobre o então presidente da República, Christian Wulff. Quando era governador da Baixa Saxónia, Wulff recebeu um empréstimo de 500 mil euros concedido a “preço de amigo” pela mulher de um empresário – o caso em si (vagamente parecido com o de outro presidente e de um banco chamado BPN) não seria grave se Wulff não tivesse garantido ao parlamento regional meses antes, depois de outro pequeno caso, que nunca tivera qualquer ligação de negócio com o mesmo empresário. O “Bild” tinha apanhado o cheiro a favorecimento e uma “ocultação” – a ligação, afinal, era com a mulher.
  
Quando soube que o “Bild” tinha a história, o presidente alemão ligou ao director do jornal. Como não o apanhou, Wulff deixou uma mensagem pejada de ameaças de processos judiciais e de corte de relações com o grupo que detém o jornal caso a história visse a luz do dia. Ao mesmo tempo, o presidente ligou ao director do poderoso grupo de media Springer para o convencer a pressionar o “Bild” para este não publicar a história.
  
A direcção do “Bild” não hesitou e publicou mesmo. E fez mais. Deixou sair o conteúdo da mensagem do presidente para dois dos jornais de referência do país, o “Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung” e o “Süddeutsche Zeitung”, confirmando no dia seguinte as notícias. O caso tornou-se um escândalo. Na Alemanha é um escândalo que um político telefone a jornalistas com ameaças.
  
Numa questão de dias uma sondagem mostrou que o apoio dos alemães ao presidente tinha caído de 63% para 47%. Toda a imprensa de referência do país – que incluiu o “Financial Times Deutschland”, o “Die Zeit” e a revista “Der Spiegel” – se uniu de imediato a exigir a demissão de Wulff. A chanceler, Angela Merkel, manteve o apoio, mas entre os aliados do presidente começou a ouvir-se um silêncio ensurdecedor.
  
As notícias subsequentes deram conta de uma chamada do presidente para o director do “Bild” com um pedido de desculpas e uma justificação: Wulff só queria mais tempo para responder às alegações da peça e nunca chegou a ameaçar (deve haver um manual político internacional para estas coisas). O “Bild” tinha a gravação e ameaçou divulgá-la. Entretanto soube-se que Wulff já tinha pressionado antes jornalistas do “Die Welt”, ameaçando-os com “consequências públicas desagradáveis”.
  
O presidente pediu desculpa publicamente por ter ocultado o empréstimo, acabando na mesma crucificado pela imprensa. O caso, entretanto, foi crescendo de dimensão, com vários jornais a noticiarem outros pequenos favores concedidos a Wulff – desconto feito no leasing de um carro, férias pagas por outro empresário – enquanto governador. Os casos em si não eram muito graves, mas como se lê num editorial da “Der Spiegel”, “compõem uma imagem” do homem. Perante os indícios nos media houve investigações dos procuradores públicos na Baixa Saxónia, que em meados de Fevereiro pediram ao parlamento federal em Berlim que levantasse a imunidade do presidente. Sem apoio político e sem crédito na sociedade alemã, Wulff demitiu-se.
  
Há diferenças (a mensagem gravada) entre o caso do presidente alemão que ameaça e o do ministro português que ameaça, mas a história é suficientemente parecida. O caso Wulff mostra-nos que, ao contrário da mensagem que os alemães nos vendem, também há má política na impoluta Alemanha. Mas mostra mais: na Alemanha há instituições (poder judicial, comunicação social) que funcionam, apoiadas numa sociedade que não perdoa a falta de transparência. Olhando para a reacção geral perante o caso Miguel Relvas – ou o caso do roubo dos gravadores pelo deputado socialista Ricardo Rodrigues –, percebemos que o fosso que separa Portugal da Alemanha está longe de ser apenas económico. Wulff, em Portugal, terminaria o mandato.» [i]

Autor:

Bruno Faria Lopes.
    

A anedota do dia

«O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo está a analisar em que medida a quebra de receitas fiscais pode pôr em causa o objectivo do défice, mas que é cedo para falar em novas medidas de austeridade.» [CM]

Parecer:

Para cortarem os subsídios inventaram um desvio colossal, agora que já não têm como tirar mais à classe média e aos mais pobres dizem que é cedo para falar em mais austeridade. A verdade é que se aplicarem mais austeridade para compensarem os estragos da ugandização do país promovida pelo Gaspar arriscam-se a uma revolução na reacção dos portugueses.

Os grandes defensores da pinochetada financeira a que o povo português foi sujeito são, afinal, uns cobardolas, não têm a coragem de assumir os erros e depois de meses a negar um segundo resgate, a serem contra medidas que promovam o crescimento, a lamberem as partes à senhora Merkel e a afirmarem consecutivamente que tudo estava uma maravilha esperam agora que a Europa mude de posição e admita o aligeirar da austeridade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver se têm coragem de ir ao bolso dos mais ricos.»
  
Se não fosse o Relvas nem conseguiríamos dormir

«O ministro dos Assuntos Parlamentares reconheceu este sábado que existe um problema "do lado da receita" na execução orçamental, mas defendeu que há condições para o Governo atingir "os objectivos" do défice, recusando comentar eventuais aumentos de impostos.» [CM]

Parecer:

Este Miguel Relvas podia poupar o seu latim para falar de economia, o homem que tem umas habilitações académicas bem piores do que aquilo que dizia das Novas Oportunidade sabe tanto de política económica como o comum dos cidadãos sabe de lagares de azeite.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Relvas que poupe os portugueses à sua vaidade idiota.»
  
Até tu Alberto?

«O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse esta sexta-feira que Portugal não aguenta mais austeridade e que a solução é reanimar a economia.» [DN]

Parecer:

Ao que isto chegou!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ó Alberto, tem tento na língua senão o Gaspar corta-te a massa!»
  
Até tu David Justin

«O ex-ministro da Educação David Justino considerou hoje que a fase de audições para discutir a nova reforma curricular foi "teórica" e resultou num "equívoco" do Governo, uma vez que "as vozes divergentes não foram ouvidas".» [DN]

Parecer:

Aos poucos começam a ouvir-se vozes divergentes num PSD que nunca esteve tão dividido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar na primeira fila do espectáculo.»
  
O consenso europeu mais básico?

«As eurobonds e o reforço das competências do Banco Central Europeu estiveram na origem do falhanço das negociações entre o governo e o partido socialista para a entrega de um texto conjunto na próxima cimeira europeia. Tais propostas, defendidas pelo PS, "estão fora do consenso europeu mais básico” e são “dificilmente compreensíveis”, lê-se num comunicado do Executivo enviado para a redacção do i.» [i]

Parecer:

Passos Coelho devia explicar o que é isso do "consenso europeu mais básico", será o que a senhora Merkel quer?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
E Gaspar vai controlar a despesa?

«O governo português tem margem política externa para deixar derrapar a meta do défice orçamental desde que cumpra a redução da despesa e o calendário de reformas estruturais definido com a troika, apurou o i junto de fontes de Bruxelas. A abertura europeia – que se soma à já demonstrada pelo FMI – surge num contexto de perda acentuada de receita fiscal nos primeiros cinco meses do ano, que compromete de forma clara a execução orçamental, revelada ontem pela Direcção-Geral do Orçamento. Em reacção aos números, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, admite um “aumento significativo dos riscos e incertezas” sobre o cumprimento da meta de 4,5% do PIB para o défice.» [i]

Parecer:

Não o tem conseguido e quanto a reformas estruturais só faz as mais fáceis.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»
  
Pobre Relvas

«É mais uma história a precisar de ser esclarecida. Helena Roseta contou-a na quinta-feira à noite na SIC Notícias e ontem explicou ao PÚBLICO o que a levou a fazê-lo: "Achei que as pessoas têm de saber quem é este homem". O homem chama-se Miguel Relvas e a decisão da antiga presidente da Ordem dos Arquitectos "mostrar quem ele é" foi tomada a propósito da controvérsia sobre as pressões que o actual ministro recentemente tentou exercer sobre o PÚBLICO.
  
Em poucas palavras, a actual vereadora da Câmara de Lisboa contou que Relvas - quando era secretário de Estado da Administração Local do Governo de Durão Barroso - a chamou e lhe propôs um acordo entre a Secretaria de Estado e a Ordem dos Arquitectos, com vista à formação de arquitectos das câmaras municipais. A ideia era aproveitar os fundos europeus do Foral (Programa de Formação para as Autarquias Locais) e promover acções específicas viradas para aqueles profissionais. A ex-presidente da Ordem lembra que mostrou o maior interesse, mas diz que, nessa altura, Relvas pôs uma condição: A formação tinha de ser feita pela empresa do dr. Passos Coelho. "Fiquei passada e disse: "Desculpe lá, senhor secretário de Estado, mas nessas condições não há acordo nenhum". E não houve!"
  
Ao PÚBLICO, a arquitecta repetiu ontem o que então aconteceu, frisando: "Isto passou-se comigo!" Na sua memória, adiantou, foi tudo o que ficou registado, nada mais se recordando, nomeadamente se Relvas tinha referido o nome da empresa em questão. Em todo o caso, do episódio não retirou nenhuma conclusão sobre Passos Coelho, admitindo mesmo que ele desconhecesse a iniciativa do secretário de Estado.» [Público]

Parecer:

Já é um cadáver político mas o Passos Coelho insistem em adiar o funeral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»