segunda-feira, julho 02, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Bairro do Grandella, Benfica, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Dia da Força Aéria na BA n.º 6 [A. Cabral]
     
Jumento do dia


Paulo Macedo

O Opus ministro da Saúde está de parabéns, enquanto faz propaganda à custa do trabalho alheio, desta vez é a PJ que trabalha para o grande gestor, os doentes diabéticos poupam nas bolachas. Enfim, uma gestão miserável.

«Acabaram o leite e as bolachas de água e sal, dadas por volta das 23 horas, aos doentes diabéticos, internados no Hospital Central Tondela-Viseu. Este suplemento, que servia para estabilizar os níveis de glicemia, deixou de ser fornecido desde o início de maio. "A situação é muito grave porque os diabéticos não podem estar tantas horas sem comer. Muitos fazem insulina um pouco antes das 19 horas, jantam alguns minutos depois e só voltam a comer às 8 da manhã do dia seguinte", relatou ao JN um dos profissionais do hospital."Estamos sempre com medo de encontrar um morto por hipoglicemia. E já têm surgido casos de doentes com os níveis descompensados", explicou outro profissional de saúde, obrigado a reforçar a vigilância.» [JN]
   
 

Portas e a revolução

«1 - "É um ano de recessão. A melhor notícia é que metade desse ano já passou", disse Paulo Portas ao Jornal de Negócios. A declaração deve ter sido recolhida nos breves instantes em que o ministro dos Negócios Estrangeiros não está ocupado a fazer-se de morto, ou a anunciar investimentos em Portugal, ou ainda quando vai falar com empresários estrangeiros mostrando, caso estivéssemos esquecidos, a inutilidade do ministro Santos Pereira.
  
Paulo Portas não é homem para dizer disparates, mas no melhor pano cai a nódoa: é que o facto de metade do ano já ter passado é uma péssima notícia. Foram seis meses em que se aplicaram medidas erradas, e o tempo, infelizmente, não é recuperável. Em razão das políticas deste meio ano, empresas viáveis faliram em catadupa, o desemprego atingiu números impensáveis, a classe média está a desaparecer (615 000 portugueses sobrevivem com 432 euros por mês, 10,9% da população activa). Pois é, estes seis meses fizeram de Portugal um país mais pobre, com uma economia alegremente a caminhar para a destruição e mais desigual. Seis meses em que se semearam ventos...
  
Mas havia um desígnio, uma meta que, atingida, ia milagrosamente guiar-nos à terra prometida: 4,5% de défice. Para atingir este valor, Paulo Portas não falaria mais do confisco quando se falasse de impostos. Esteve mesmo disposto a aceitar a maior subida de impostos, taxas e preços da história da democracia. Engoliu, sem problemas de maior, a arenga revolucionária que faria morrer de inveja qualquer sobrevivente do PREC: é preciso destruir tudo para construir uma nova sociedade. Uma sociedade de pessoas que olha o desemprego como uma oportunidade, uma comunidade livre de gente piegas e preguiçosa. No currículo ideológico de Paulo Portas só faltava mesmo um liberalismo de contracapa. Com os mágicos 4,5% na mente, não apresentou sinais de incómodo por ser o consultor António Borges a conduzir o processo de privatizações, pela forma como foi conduzido o processo das secretas ou por a coordenação política do Governo se assemelhar à duma associação de estudantes. Não tremeu com a iniquidade da proposta sobre o enriquecimento ilícito nem com o populismo desbragado e perigoso do Ministério do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, ou melhor, do Ministério da Justiça.
  
Passados apenas seis meses, o líder do CDS já percebeu que não vamos cumprir os objectivos do défice, que todos os esforços dos portugueses foram, afinal, em vão. Como o antigo Paulo Portas sabia, demasiada carga fiscal arrebenta com a economia. Como o antigo Paulo Portas desconfiava, criar desemprego e cortar salários não é muito saudável nem para a receita nem para a despesa. Como o antigo Paulo Portas diria, uma coisa é austeridade, outra, completamente diferente, é afogar uma economia.
  
Claro que ninguém vai esquecer a inestimável colaboração do ministro dos Negócios Estrangeiros - nem ele conta com isso - neste gigantesco fracasso. Sobretudo porque do homem com mais experiência política, em funções executivas, do ministro mais bem preparado, esperava-se mais, muito mais.
  
2 - Os seis meses que já passaram podem, afinal, não ter sido tão maus como isso. Ou melhor, os seis meses que faltam podem ser ainda piores. Basta que, tal como os comunistas que ainda acham que o comunismo não resultou por não se ter ido suficientemente longe, se insista na receita e se adoptem mais medidas de austeridade. Como João Salgueiro disse na SIC Notícias, "claro que não estamos no máximo de austeridade. Podemos passar fome, mas ninguém quer isso." Pois, talvez ninguém queira isso, mas que é para onde vamos se não se puser um travão a esta loucura toda.
  
A receita falhou. Não foi por falta de avisos, e de gente insuspeita de sofrer de esquerdismo. No fim deste ano, as contas públicas estarão mais desequilibradas, as reformas apregoadas continuarão no papel e serão apenas quimeras, o País vai estar ainda mais pobre, as pessoas mais desesperadas, mais empresas irão fechar e o desemprego continuará a crescer.
Os próximos anos estão perdidos, haja coragem para inverter o caminho para que não se perca ainda mais tempo. Chega de revolução.» [DN]

Autor:

Pedro Marques Lopes.
  
Inaceitável

«Estamos numa fase crítica para o consenso nacional que se gerou à volta do acordo que assinámos com a troika. Não sendo possível em nenhuma sociedade democrática a unanimidade, não deixou de ser surpreendente que mais de dois terços dos portugueses tenham votado nos partidos que assinaram esse acordo. E, não sendo de esperar que esse consenso se fosse alargando, é inaceitável a displicência com que o poder instituído contribui para o esvaziar.
O esforço que o País está a fazer, assumindo medidas de austeridade duríssimas, para consolidar as suas contas só continuará a ter o apoio da maioria dos portugueses se eles sentirem que nesta tarefa não há filhos e enteados. Num momento em que muitos cidadãos comem o pão que o diabo amassou, quem governa tem de dar um exemplo de lisura acima de qualquer suspeita. Em todo o momento o dinheiro público tem de ser gerido com o máximo de responsabilidade e em momentos de crise grave como o que vivemos não pode haver a mínima falha.
  
Olhemos para dois títulos da primeira página de ontem do Expresso: "Condenados do BPN gerem fundos do Estado" e "Ex-sócio de Moedas gere rendas sociais". Gente inibida de trabalhar em instituições financeiras, e que teve responsabilidade num buraco de milhares de milhões de euros que os contribuintes têm de pagar, foi escolhida para gerir o dinheiro desses contribuintes. Pode haver muitas e boas explicações, mas para o comum dos cidadãos isto é simplesmente inaceitável. No segundo caso é o amigo de um governante que foi escolhido pelos bancos para liderar um fundo de milhões que visa tornar um sucesso o mercado de arrendamento social para imóveis que estão parados nas mãos do sistema bancário. Podem apresentar-se todos os méritos do escolhido, mas para o comum dos cidadãos isto é traficância política e isso é inaceitável.
  
Coloquemos agora os ouvidos na TSF e em dois testemunhos de militantes do PSD. Rui Rio ficou furibundo com o desrespeito do Governo pelas autarquias da Área Metropolitana do Porto que, uma vez mais, os deixou a falar sozinhos e impediu a nomeação de uma nova administração para o Metro. Rio acusa alguns governantes de utilizarem a empresa de transportes para fragilizarem o ministro da Economia. Macário Correia, cansado de ver o dedo apontado às autarquias, lembra que as empresas públicas torram milhões e milhões de euros mas continuam a receber excepções atrás de excepções atenuando a austeridade que deveria ser na mesma medida para todos.
  
Tudo o que é prática governativa inaceitável contribui para esvaziar o consenso nacional que tanto gostamos de apregoar lá por fora. Não olhemos para ele como um cartão de visita, mas como um instrumento que é preciso preservar a todo o custo. Portugal é de todos, tratem-no bem.» [DN]

Autor:

Paulo Baldaia.
    

Gaspar incompetente

«O Governo precisa de arrecadar mais 1,5 mil milhões de euros em impostos até Dezembro para conseguir atingir o objectivo do défice de 4,5 por cento imposto pela troika para 2012. Uma missão impossível.
  
Quem o afirma é o relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que acrescenta: "A meta traçada para a receita fiscal em 2012 encontra-se seriamente comprometida devido ao comportamento desfavorável dos impostos indirectos."» [CM]

Parecer:

Este desvio significa uma coisa: o ministro das Finanças é um incompetente, errou nas previsões, errou nas consequências da política que defendeu e errou na avaliação das consequências do aumento das taxas dos impostos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se o ministro incompetente antes que consiga destruir a economia portuguesa com as suas experiências.»
  
Quem quer tramar o sôr Álvaro

«O autarca do Porto, Rui Rio (PSD), denunciou ontem "interferências" de outros elementos do Executivo para "prejudicar" o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Rio fez esta acusação a propósito do impasse na eleição dos órgão sociais da Metro do Porto. O ministro já reagiu: "Não há nada de dramático". O autarca de Gaia, Luís Filipe Menezes (PSD), contestou a polémica.» [CM]

Parecer:

Pobre Álvaro....

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
Já há quem peça um café para dois

«O IC1 tem mais trânsito mas mesmo assim os comerciantes queixam-se da falta de negócio. "Já há quem peça um café para dois", dizem.» [Expresso]

Parecer:

E o pior está para vir.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo fim do ano ou por Fevereiro de 2013.»
  
Hora de poupar no gás

«Novos aumentos na energia registam-se a partir deste domingo, com a fatura do gás a crescer para as famílias e para as empresas, enquanto a eletricidade sobe já para as empresas, mas só em janeiro para as famílias.
  
A atualização de preços definida pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), decorrente dos compromissos assumidos pelo Governo junto da "troika" (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), com vista à liberalização do mercado do gás e da eletricidade, tem como objetivo "obrigar" os consumidores a escolher um fornecedor em regime de mercado livre.» [JN]

Parecer:

Banhos mais curtos e gastronomia menos demorada no fogão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Divulgue-se.»
  
Refrendo no RU quanto à continuidade na UE

«O primeiro-ministro britânico abriu a porta à realização de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, num artigo este domingo publicado pelo jornal "The Sunday Telegraph".
  
No texto, David Cameron mostra-se partidário de uma consulta à população sobre este assunto polémico, que divide os conservadores, quando o Reino Unido analisa o que lhe interessa e o que não tem interesse para o país na UE.
  
O chefe do Governo defende que é necessária uma "paciência tática e estratégica" já que a UE atravessa uma fase de mudanças profundas e o país deve garantir a defesa dos seus interesses, principalmente o acesso ao mercado único.
  
"Como nação comercial, o Reino Unido necessita de acesso direto aos mercados europeus e de ter voz acerca da forma como as regras desses mercados se escrevem", defendeu o líder conservador, para quem o principal interesse britânico na Europa é o potencial comercial.» [JN]

Parecer:

Esta UE é cada vez mais a Alemanha e cada vez menos interessante, principalmente para o Reino Unido e para os países do Sul. A UE confunde-se cada vez mais com um IV Reich.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
   

 tDBV