segunda-feira, agosto 13, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Conquilhas, Algarve
     
Jumento do dia
  
Nuno Crato
 
Depois de criar condições para o despedimento de dezenas de milhares de professores o ministro da Educação vai salvando meia dúzia de docentes para calar uma classe que tudo fez para ir parar ao matadouro e que só muito tarde percebeu o logro em que caiu.
  
«O ministro da Educação e Ciência anunciou ontem, em Constância, um reforço de professores a destacar para os 19 Centros de Ciência Viva de todo o País.» [CM]
 

  
 Está bonito!
   
«Isto anda bonito. Um país intervencionado, onde a austeridade imposta está a destruir postos de trabalho num processo necessário de ajustamento da economia, descobre agora que alguns dos grandes investimentos previstos para o breve prazo, afinal, foram para o caixote do lixo. Não discuto os méritos das propostas nem a responsabilidade das partes, que isso é conversa para outros rosários, mas espanto-me que a facilidade com que se aprovaram estes projectos seja a mesma facilidade com que se anuncia que os "milagres" eram falsos.
  
Adiante. Parece impossível, mas há coisas bem piores do que megainvestimentos que são falsas promessas ou até bem piores do que o desemprego. Parece impossível, mas há. Não consigo imaginar coisa pior do que ter salários em atraso. Salários que não são pagos é pôr as pessoas a trabalhar para o boneco e fazê-las pagar por isso, é que trabalhar custa dinheiro em transportes e refeições.
  
Estamos a chegar ao mais temível momento das crises económicas, aquele em que ninguém sai bem na fotografia. O Estado que nos saca tudo e um saca-rolhas, dando-nos cada vez menos em troca. Patrões que nos exigem cada vez mais trabalho sem contrapartidas. Sindicatos que promovem lutas e greves em empresas à beira de falência. Trabalhadores que julgam ser apenas portadores de direitos.
  
Adiante. Estamos a lançar os últimos foguetes, inebriados pelo calor do Verão, julgando até que pior do que já estamos é impossível. Mas não é! Estamos com níveis de desemprego a bater recordes e os que trabalham pagam impostos como nunca pagaram, mas pior do que tudo isso é ter emprego, pagar impostos e não receber salários. Por estes dias, a cada 24 horas há mais de cem pessoas a pedir a intervenção do Fundo de Garantia Salarial, porque nas empresas onde trabalham não há quem lhes pague.
  
Não quero ser pessimista, mas a experiência de vida diz-me que este é o fenómeno a que vamos ter de dar mais atenção no último trimestre do ano. Tem de haver regras claras, tem de haver bom senso. A crise grave que vivemos não pode servir de justificação para tudo. Empresários e trabalhadores devem lutar pela reconversão das empresas para que elas sejam viáveis, mas a salvação não pode ser conseguida à custa dos mais fracos. Quem trabalha tem direito a salário, pago a tempo e horas de acordo com a lei.
  
E isto também acontece num país que vê as Finanças anunciarem com orgulho que recuperaram cerca de 260 milhões de euros. Graças a um regime excepcional de regularização tributária, o terceiro e último, garante o Governo. No primeiro e no segundo também tinham dito que não havia mais nenhum. O que era crime deixou de ser. Não há nada que o dinheiro não (a)pague.» [DN]
   
Autor:
 
Paulo Baldaia.
    
  
     
 Tem de se acabar com tudo o que se fez de bom
   
«Nelson Évora queria ter ido a Londres para defender o seu título olímpico mas uma uma lesão na tíbia impediu-o. Assistiu à primeira vaga de desilusões olímpicas ainda em Portugal, mas juntou-se à comitiva olímpica para ver as provas de atletismo. Não critica os atletas que nem igualaram os seus recordes e considera que estar no Jogos Olímpicos já é uma vitória pois o país é pequeno e os atletas poucos.
  
Acrdita que a crise que Portugal atravessa pode ter influenciado os maus resultados: "Quando as coisas correm bem, é fácil adaptarmo-nos; o mais difícil é regredir no nosso estilo de vida." Considera que a vaga de cortes salariais também estão na base do insucesso olímpico: "Sem dúvida. Há coisas que nos destabilizam porque estão próximas de nós, mesmo não tendo a ver com o desporto."
  
Quanto ao último ano de preparação para Londres, o facto de ter havido eleições e mudanças de política não é bom para o desporto olímpico: "Sempre que há mudanças de governos não é dada uma continuidade ao que já foi feito de bom. Uma das coisas que acontece é que os novos governos querem começar tudo de novo e com novas ideias."» [DN]
   
Parecer:
 
Depois das energias renováveis e da formação profissional sabe-se agora que também  no desporto o culto da personalidade de Passos Coelho que tem origem nos seus ciúmes em relação a José Sócrates determinou a destruição do que de bom se fez de bom.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao ilustre dr. Relvas e determine-se que uma corrida à volta da Praia da Manta Rota seja suficiente para se pedir a equivalência à licenciatura em motricidade humana.»
      
 PCP quer verdade sobre submarinos
   
«O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, exigiu hoje o "apuramento da verdade" no caso dos submarinos e do alegado desaparecimento de documentos do Ministério da Defesa sobre a compra desses equipamentos, à margem de um comício no Algarve.» [DN]
   
Parecer:
 
A verdade sobre os submarinos já deve estar a uma profundidade que nem os submarinos alcançam.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Boa resposta de Jerónimo de Sousa a Zita Seabra, um dos militantes mais extremistas que o PCP teve, tão extremista que foi escolhida para casar e procriar com um dos seus líderes.»
   
 Coitadinha da criança
   
«Um grupo de populares que contesta a introdução de portagens na Via do Infante tentou, este domingo à tarde, abordar o primeiro-ministro quando este se dirigia para a praia, acompanhado pela mulher e pela filha, assustando a criança, que começou a chorar.» [JN]
   
Parecer:
 
Uma central de propaganda miserável.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Limpem-se as lágrimas e vote-se PAssos Coelho nas próximas eleições.»