terça-feira, agosto 14, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Castro Marim
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Chã de Álvares, Lousã [J. Ferreira]   

Jumento do dia
   
Aguiar Branco
 
Para que serve um ministro da Defesa? Para não saber o que se passa ou se passou no seu ministério. Esperemos que o ministro não deixe de conhecer o caminho de caso senão terá de passar a dormir no forte de Oeiras, na mesma cama onde dormia Paulo Portas.

«José Pedro Aguiar-Branco, questionado pelos jornalistas, respondeu com outra pergunta: "Quais documentos?", para depois explicar que o seu ministério não recebeu "qualquer notificação" por parte da Procuradoria Geral da República (PGR) para apresentar documentos ou explicar.
  
"Antes de falar devemos saber do que falamos. Se são documentos relativos aos contratos, eles estão no Ministério da Defesa, têm o visto prévio do Tribunal de Contas e não há qualquer problema. Sobre outro tipo de documentos, desconheço", afirmou.» [CM]
   
 Imaginem

Imaginem quantos sindicalistas do Ministério Público estariam a exigir investigações, imaginem quantas vezes o senhor Palma já teria chamado a Belém para informar Cavaco Silva sobre o que estaria a atrasar a investigação aos submarinos, imaginem o se diria se um ministro da Defesa tivesse abandonado o cargo com mais de 60 mil fotocópias de documentos oficiais confidenciais e pagas pelo Estado, imaginem o que se diria agora se documentos incómodos teriam desaparecido.
  
Mas como foi um governo de direita a comprar os submarinos a Quinta da Coelha está sossegada e sem receber visitas, os nossos jornalistas da treta andam em busca de novas notícias, os sindicalistas do estalinismo andam a coçar as micoses nas praias, tudo anda feliz, os portugueses que se lixem, os submarinos serão pagos com dois anos de subsídios de funcionários públicos e pensionistas, Portas poderá continuar a bebem champanhe por esse mundo fora à custa dos contribuintes e fazer uma palhaçada a que chama diplomacia económica.
  
Maldito Sócrates, ele é que devia ter comprado os submarinos, agora o país andaria animado a questionar como teria feito desaparecer documentos do ministério da Defesa.
 

  
 O desmaião do alemão
   
«Vi e revi. Vídeo desfocado em momentos semicruciais, mas dá para ver o que se passou, sem margem para dúvidas. Caminhando o árbitro alemão com dois jogadores do Benfica e com o amarelo na mão para punir, surgiu-lhe inopinadamente Luisão. Este, no cumprimento das suas funções de capitão, afastou com o ombro direito um colega e postou-se frente ao árbitro. Chocaram. Este simples facto extravasa as funções do capitão, que deveria ter sido expulso. Não o foi porque o árbitro desmaiou, de pernas e abraços abertos como, talvez, nos palcos de mau teatro. Digo "talvez" porque sucede também em situações de AVC e desconheço o boletim clínico do alemão. Aconteceu isto em jogo de futebol (desporto enérgico) e com regras (que impedem que se toque no árbitro). Luisão deveria ter sido expulso, por infração disciplinar, e deveria continuar a ser considerado o que é, um atleta correto. E o árbitro deveria curar-se, da tensão alta ou da baixice. O presidente do Fortuna de Dusseldorf disse: "Nunca vi nada assim." Estranho, tinha ele 27 anos, Mundial de 82, Alemanha-França, e o guardião Schumacher partiu três dentes e feriu duas vértebras ao francês Battiston. O encosto foi considerado - e bem - não intencional. Mas isso é futebol e um presidente pode não perceber de futebol. Ele também quer de volta os 200 mil euros que pagou ao Benfica pelo jogo. Isso é melhor pagar, ele é alemão e a extorquir eles são hábeis. Melhores, só a dar lições.» []
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.   

 A privatização da RTP
   
«De vez em quando, sem se saber muito bem de onde, surgem umas ideias na política portuguesa destinadas a “marcar a agenda”. O PSD, sem a solidez programática dos restantes partidos, é o seu porta-voz habitual. Veja-se o caso da privatização da RTP.
  
Nem a experiência da dupla Morais Sarmento-Almerindo Marques, um dos poucos bons legados da anterior coligação, parece servir de referência ao PSD.
  
Ninguém contesta hoje a importância da abertura da comunicação social aos privados. É mesmo duvidoso que possa haver democracia digna desse nome sem grupos de comunicação social privados. E sem dúvida que o PS chegou tarde a esta conclusão. Mas a abertura da comunicação social a privados não significa privatização total da comunicação social, nem implica abdicar de um canal público de televisão. É essa a regra que vigora nas democracias europeias, onde prevalece o modelo dos dois canais públicos. A Resolução do Conselho Europeu, de Janeiro de 1999, é clara e mantém-se atual: "um amplo acesso do público, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, a várias categorias de canais e serviços, constitui uma pré-condição necessária para o cumprimento das obrigações específicas do serviço público de televisão". Confundir a SIC-Notícias com serviço público, como fez Miguel Relvas antes das eleições, é não perceber a diversidade de ofertas que o conceito implica.
  
Andou bem António José Seguro ao associar-se ao manifesto contra a privatização da RTP, de António-Pedro Vasconcelos. E espera-se que haja mesmo "consequências políticas" caso o Governo avance com a privatização, conforme anunciou o PS. Aliás, nesta área da comunicação social, o PS avançou com a iniciativa que verdadeiramente importa: um projeto-lei sobre a não-concentração nos meios de comunicação social. Questões como a transparência na titularidade dos media ou a sua independência face ao poder económico são hoje muito mais críticas para a qualidade da democracia do que a falta de iniciativa privada no setor.
  
Recentemente, o diretor deste jornal, António Costa, escreveu mesmo que "o maior risco para o setor, para o próprio país, não são as pressões políticas, é a dependência económica". Ora, essa dependência económica não vai certamente diminuir com a privatização da RTP. Já para não falar do enfraquecimento da regulação do setor que a privatização comportaria. Mas se ainda assim o ministro Relvas quiser alimentar a sua guerra privada com o dr. Balsemão, tem bom remédio: pode aumentar a publicidade na RTP ou abrir concurso para um quinto canal. Não querer "sábados mais tranquilos" é um direito que lhe assiste. O que não pode é pretender ficar para a história como um mártir da Impresa às custas do pluralismo na comunicação social.» [DE]
   
Autor:
 
FilipeNunes.
      
 A leveza do mês de Agosto
   
«Entre nós, como noutros países do hemisfério norte bafejados por mar tépido e temperaturas doces, Agosto é, e será sempre, o mês em que se celebra o mar, a viagem e a preguiça. Os portugueses debandam no cumprimento do ritual e do desejo. Na minha rua, o quiosque dos jornais, a pastelaria, a mercearia, o restaurante, a cabeleireira, todos encerraram para férias. Nem a profunda crise que nos assola e nos empobrece altera a natureza das coisas. O euro pode desaparecer, mas Agosto nunca desaparecerá. É assim. São os costumes que a História e a Geografia nos impuseram a todos. Até António de Oliveira Salazar, o nosso austero ditador, se espraiava ao sol de Agosto, ali no Forte de Santo António da Barra, quando bateu fatalmente com a cabeça nas lajes do terraço, ao cair de uma cadeira de lona. Os tempos mudaram muito desde então, mas o actual primeiro-ministro também não prescinde de descansar no mês de Agosto, tal como o seu remoto antecessor, e arrenda uma casa na Praia da Manta Rôta e aí se instala com a família para responder ao irresistível apelo do mar, da viagem e da preguiça. Mesmo para quem foi lançado no desemprego e na miséria, Agosto não deixa de ser Agosto. Há que respeitar Agosto, o que D. Sebastião, o nosso rei-menino, não fez: teve a ousadia de partir para Alcácer-Quibir no mês de Agosto, e aí protagonizou um dos maiores desastres da nossa História.
  
Em Agosto, a própria actividade política tem outra leveza. O Presidente da República, a banhos na Praia da Coelha, utilizou o facebook para enviar uma mensagem a Mario Draghi convidando-o a honrar a sua palavra e a comprar, também, dívida da Irlanda e de Portugal no mercado secundário. Não se sabe se o presidente do BCE fez like na mensagem de Cavaco Silva colocada na popular rede social, mas a leveza do meio utilizado pelo nosso Presidente é a mais adequada ao mês de Agosto. De qualquer modo, a mensagem só tinha destinatários internos, o que dispensava bem os títulos dos jornais, do tipo: “Presidente pressionou hoje o Banco Central Europeu”, como se o Presidente português tivesse relevância para pressionar quem quer que seja para lá de Badajoz. Também Zita Seabra, em declarações na televisão, veio dar um ar da sua (des)graça. Já tínhamos no nosso anedotário político a “insurreição dos pregos” denunciada por Ângelo Correia, então Ministro das Polícias, durante uma greve geral, em 1982, após a polícia ter interceptado um carro que transportava na bagageira caixas com pregos e umas tábuas. Agora, passamos a ter também no nosso “património” a “intentona do ar condicionado”. Zita Seabra contou-nos que, nos anos oitenta, era ela, então, por devoção e serviços prestados à causa, membro do comité central do PCP, se dizia, entre camaradas, que o seu partido colocava escutas no ar condicionado “em tudo o que era ministério, em sítios nevrálgicos e em órgãos de poder”. Zita Seabra, qual Irmã Lúcia, a pastorinha, guardou tão importante “segredo” durante quase 30 anos, revelando--o agora, numa noite morna de Agosto. Pelo ar sério que Mário Crespo afivelou, enquanto ouvia Zita Seabra, é caso para dizer: temos uma nova vidente. Mas o luxuriante mês de Agosto também ataca noutras paragens. A chanceler Angela Merkel, numa entrevista ligeira, de Agosto, a um jornal alemão, confessou uma das suas fantasias: “Um dia gostava de jantar com Vicente Del Bosque”. O treinador da selecção espanhola não se fez rogado e informou, também através dos jornais, que está disponível para jantar com a senhora, inclusive para pagar as despesas do encontro. É um cavalheiro este Del Bosque. Garanto-vos que se este convite fosse feito em Dezembro ou em Fevereiro parecia descabido, sem sentido, mas em Agosto cai que nem sopa no mel. Simplesmente, porque é Agosto.
  
Enquanto nos deliciamos com os prazeres que o mês de Agosto nos dá, preparamo-nos para as crescentes dificuldades que vêm a seguir, depois do jantar da senhora Merkel com o senhor Del Bosque. Mas este Agosto já ninguém nos tira. » [i]
   
Autor:
 
Tomás Vasques.
   
  
     
 O ajustamento continua a bom ritmo
   
«A venda de gasóleo, que representa dois terços do consumo em Portugal, caiu quase dez por cento no primeiro semestre de 2012, face ao período homólogo do ano anterior, uma redução de cerca de 200 mil toneladas.» [CM]
   
Parecer:
 
Se o Gaspar estiver muito mais tempo a brincar com as cobaias lusas este país regressará ao tempo das mulas e deixará de consumir combustíveis fósseis. Como diria Passos Coelho é uma oportunidade para sermos verdes.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Gaspar.»
      
 Sobreviveu a 70 paragens cardíacas
   
«Um brasileiro está a espantar a medicina e vai finalmente ser alvo de um estudo científico: em 2008, teve 70 paragens cardíacas em apenas 12 horas, sobrevivendo sempre após reanimação.» [CM]
   
Parecer:
 
Sobreviveria ao Gaspar e ao Passos Coelho?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Teste-se.»
   
 Portugal no Bom caminho
   
«As insolvências de empresas vão aumentar 50% em Portugal este ano, segundo um estudo da empresa especializada em seguros de crédito Euler Hermes, que afirma que no mundo estas vão crescer 4%.» [Jornal de Negócios]
   
Parecer:
 
Grande Gaspar!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Substitua-se a estátua do Cristo-Rei por uma do Vítor Gaspar.»
   
 Retoques diz o Marcelo
   
«Passos Coelho “tem de retocar a equipa governamental. Acho que tem de retocar e uma das linhas é óbvia: é a Economia. É preciso acento tónico na Economia. É preciso repensar aquele Ministério”, defendeu o comentador político no comentário semanal da TVI. “Não sei se [Álvaro Santos Pereira] é o primeiro ministro a ser substituído, mas acho que num retocar do Governo é preciso alguém que marque mais na economia. Ele tem um mérito enorme. Até ganhei simpatia pelo ministro, mas é curto. Quer dizer, é curto para mobilizar os partidos, os parceiros económicos e sociais. É curto para um Ministério daquela dimensão.” 
  
Marcelo Rebelo de Sousa considera também “desejável” que fosse “necessário mexer num Ministério como o da ministra Assunção Cristas, que é outro Ministério impossível.” » [Jornal de Negócios]
   
Parecer:
 
Este Marcelo anda muito espirituoso, chama retoques a mudar meio governo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»