quarta-feira, agosto 29, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Padrão de azulejos, Alfama, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Tejo [A. Cabral]   
 
Jumento do dia
   
António Borges
 
Ninguém duvida de que António Borges não inventou o esquema do aluguer da RTP, nem divulgou o negócio por sua iniciativa. O problema é exactamente esse, ao armar-se em ministro do governo substituindo-se ao desvalorizado Miguel Relvas o digníssimo professor prestou-se a fazer frete ao falso licenciado, atirar barro à parede. Foi isso que António Borges fez no caso RTP, lançou a ideia a público para testar as respostas. A coisa correu mal e só alguma falta de dignidade e talvez o interesse num salário chorudo o impede de pedir a demissão das funções políticas que exerce.

«O consultor do Governo para as privatizações garante que o Executivo lhe deu autorização para divulgar o modelo que está a ser preparado para a RTP. A confirmação de António Borges foi dada ao Correio da Manhã.» [Notícias ao Minuto]
   
 Cruzes Canhoto

  

 Vai estudar Relvas!
 
É um erro mandar o Relvas estudar, o homem já estudou a forma de lixar a RTP e se continuar a estudar a este ritmo e com o professor Borges a divulgar as pautas nada sobrará em pé neste país quando se livrar deste governo.
 
 Vai estudar Borges!

A figura triste feita por António Borges foi pior para o antigo banqueiro do que ter ido à Lusófona solicitar uma equivalência ao dr. Relvas.
 
 A versão zoo do prof. António Borges

 
   

  
 A promiscuidade do ministro gazua
   
«O governo – este governo, chefiado por Passos Coelho – conseguiu a proeza inédita, em democracia, de atribuir funções governativas, as quais devem ser exercidas em exclusividade e na defesa do interesse público, a alguém que não dispensa o exercício, em simultâneo, da sua actividade profissional em grupos económicos privados. A situação é tão notória e descarada, com entrevistas televisivas em momentos escolhidos a dedo, que nem a ausência de tomada de posse no cargo governativo esconde esta inaudita e aberrante promiscuidade entre público e privado. Não se trata de um acaso, de simples amiguismo ou de uma desleixada permissividade. Esta “inovação” é o símbolo de toda a actuação política e ideológica deste governo.
   
António Borges, o 12.o ministro, move-se na actual paisagem política portuguesa como se fosse a rainha do Sabá. Não se deita na cama de Salomão, mas não lhe faltam intimidades promíscuas com a governação, ao ponto de ocupar no espaço público as competências de qualquer ministro empossado, senão mesmo as do primeiro-ministro. Ainda está por apurar se António Borges é, de facto, a eminência parda do primeiro-ministro, estatuto eventualmente conferido pelo tentacular banco Goldman Sachs (como nos diz o jornalista e escritor Marc Roche, no seu livro O Banco: Como o Goldman Sachs Dirige o Mundo) ou se, antes, se trata de um vaidoso peão de brega que salta para a arena para preparar o “touro” para a faena a fim de proteger o toureiro. Contudo, aquilo a que temos assistido é que o personagem aparece na sua qualidade de ministro-consultor sempre que as circunstâncias exigem que se vá “mais além” no afã “reformista” e o governo hesita com medo da reacção das “forças de bloqueio” e da “populaça”. Quando estas aparições ministeriais a que nos habituou “correm mal”, tratam-nos a todos por parvos, com uma lengalenga de adormecimento: o senhor é apenas um “consultor”, e como qualquer português tem direito a ter a sua “opinião”. Foi o que aconteceu, não há muito tempo, com a proposta de “redução dos salários” dos portugueses. Depois, deu o dito por não dito, mas preparou o caminho. No fundo, António Borges, o ministro privado das Privatizações, é uma espécie de gazua que vai abrindo as portas que o governo tem dificuldade em abrir.
   
Na semana passada, como eminência parda ou como peão de brega, o que ainda não se sabe bem (ou melhor, nós ainda não sabemos bem, mas certamente há quem saiba), António Borges veio a público dizer qual era a intenção do governo em relação à privatização da RTP. O “plano” é simples: primeiro, encerra-se o segundo canal e tudo o resto que não interessa; segundo, entrega-se a um grupo privado a “exploração” por 20 anos do primeiro canal da RTP, entregando-lhes o dinheiro dos contribuintes, espoliados através da factura da electricidade, no valor de 150 milhões de euros a que acrescem as receitas da publicidade, no valor de 50 milhões de euros; terceiro, o grupo privado a quem for entregue a exploração do canal “público” de televisão paga as despesas, neste momento estimadas em 180 milhões de euros, mas ainda fica com rédea solta para as reduzir, despedindo trabalhadores, reduzindo os salários e tudo o mais que lhe vier à cabeça para aumentar o seu lucro. Ou seja, à partida o lucro seria na ordem dos 15 a 20 milhões de euros – um petisco sem riscos. Só faltou mesmo António Borges dizer: temos aqui dois ou três amigos interessados em fazer o “negócio”. Esta solução para a “privatização” da RTP tem também a particularidade de revelar que o governo não quer aliviar um cêntimo a carga de impostos e as taxas que recaem sobre os portugueses. Qualquer solução para os destinos da RTP que passe pela extinção da taxa cobrada nas facturas da electricidade é, na perspectiva do governo, “dinheiro perdido” que desaparece: não beneficia os amigos, nem entra no Orçamento do Estado. Estamos entregues ao Goldman Sachs.
  
PS: Nos primeiros sete meses deste ano, a receita fiscal do IVA foi inferior à obtida no mesmo período do ano passado, com taxas do IVA mais baixas. Ou seja, com as taxas do IVA mais baixas obtêm-se melhores receitas fiscais. Sugar as pessoas até ao osso não reduz o défice. Antes pelo contrário.» [i]
   
Autor:
 
Tomás Vasques.   
     
  
     
 Carteirista que rouba a carteirista...
   
«Há quem acuse a troika de estar a meter a mão nos bolsos dos portugueses, mas também ela já se pode queixar de que lhe foram ao bolso em Portugal. É que o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), o austríaco Albert Jaeger, a viver em Lisboa desde Outubro, ficou sem a carteira no eléctrico 28 quando foi passear entre os turistas ao Castelo de São Jorge e teve a prova de que os carteiristas se infiltram por todo o lado, não olhando a cargos ou estatutos das vítimas. Na cidade de Lisboa há uma equipa policial que anda em cima deles e o i foi acompanhar como lidam com este jogo diário do gato e do rato na Baixa da cidade que faz centenas de vítimas por ano, com alguns furtos a render milhares de euros. O recorde de perda pertence a um turista italiano que, em 2011, ficou sem os 3700 euros que trazia na carteira.» [i]
         
 Pobre Relvas
   
«A administração da RTP não concorda com a concessão do serviço público de televisão a um operador privado e qualifica como “descabido” o anúncio feito na passada semana por António Borges.
  
Em comunicado emitido ontem a chefia da estação pública deixa claro que não acompanha as intenções do executivo, expressas pelo consultor para as privatizações. E adianta que manifestou “em tempo oportuno” a sua discordância relativamente a este cenário. O conselho de administração (CA) liderado por Guilherme Costa contraria uma das teses avançadas em favor da concessão aos privados, afirmando que “não reconhece os argumentos económicos de poupança para o Estado apresentados publicamente em favor deste cenário”. Borges não é poupado: “O CA da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise.”
  
Além deste comunicado, o CA dirigiu também uma mensagem aos trabalhadores, na qual especifica as críticas à opção avançada por Borges, garantindo que a entrega da concessão do serviço público a privados “envolve o mesmo custo para o contribuinte que a manutenção da RTP sob propriedade e gestão pública”. Isto apesar de não garantir “o mesmo serviço público, nem o mesmo retorno financeiro para o Estado”.» [i]
   
Parecer:
 
O homem tudo tem feito para se esquecerem dele, até encomendou o frete da RTP ao delicodoce António Borges.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Mas que belo ajustamento
   
«O consumo de combustíveis está em queda, devido à alta dos preços, e os portugueses metem cada vez menos na hora de abastecer. Segundo dados revelados esta terça-feira pela consultora Kantar os condutores meteram 567,6 milhões de litros no automóvel nos primeiros três meses do ano quando no terceiro trimestre de 2010 - quando se atingiu o maior pico do consumo nos dados apresentados - este valor era de 923 milhões de litros de combustível. São menos 359,1 milhões de litros o que significa uma quebra no consumo de 40 por cento.» [CM]
   
Parecer:
 
Na edição online o CM atribui a redução do consumo apenas ao aumento do preço dos combustíveis. Uma defesa quase anedótica do governo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Agradeça-se ao Gaspar a poupança de tanto combustível.»
   
 Andam a perseguir Miguel Relvas?
   
«O ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, chegou nesta terça-feira a Timor e à sua espera, numa das principais ruas de Díli, tinha uma faixa com a seguinte mensagem: “Vai estudar ó Relvas.”» [Público]
   
Parecer:
 
É uma verdadeira ternura com que Relvas andam a ser tratado, nunca se viu tanta preocupação com que alguém estude.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vai estudar Relvas.»