segunda-feira, agosto 06, 2012

Universidade de Verão da Praia dos Três Pauzinhos (3)

  
Pecado da gula (Hieronymus Bosch)

O fundamento ideológico subjacente à política económica do Vítor Gaspar é a que os portugueses menos ricos andaram a comer em excesso, por isso as suas medidas são um misto de castigo e de dieta económica do dr. Talon, os portugueses menos ricos devem reaprender a virtude de passar fome e pagar com língua de palmo a ousadia que tiveram e as consequência dos seus excessos. Sendo o Gasparoika um bom cristão deverá ver esta política como resultado de uma determinação divina, não se devem ter contemplações com os que cometem o pecado da gula.

Seguindo este profundo raciocínio que casa o melhor do catolicismo com o melhor do monetarismo protestante os bancos tiveram de desviar o crédito da actividade económica para poderem financiar o consumo galopante e incontrolável. Os empresários tiveram de desviar os seus investimentos dos bens transaccionáveis e dos mercados de exportação para poderem responder à procura interna. Grupos económicos como o Pingo Doce ou a Sonae que desejavam investir a pensar na exportação foram forçados a orientar o seu investimento para a abertura de centros comerciais e grandes hipermercados. Até o Estado teve de aumentar o défice das contas públicas e promover o investimento em saúde para ajudar a economia a dar resposta à gulodice dos pobres portugueses.

Enquanto os pobretanas deglutiam os bifes do lombos, de divertiam na Praia dos Tomates e tomavam banhos nas piscinas da Quinta Patino, os ricos e seus servidores sofriam em silêncio vendo os seus recursos esgotarem-se no festim dos mais pobres. O dr. Ulrich roia as unhas, o pessoal do Banco de Portugal poupava, o professor Gaspar rezava terços atrás de terços na esperança de Deus perdoar a orgia de consumo desta Sodoma lusa.

Mas Deus quis que o país fosse regenerado e iluminou o caminho de Passos Coelho que encontrou gente pura como o Gaspar, o Portas, a Cristas o Álvaro, o Macedo ou o dr. Relvas. Estão agora a fazer os ajustamentos necessários para endireitar o país.

Os pobres estão a levar a coça que merecem à luz dos ensinamentos cristãos, estão sendo curados com o jejum enquanto devolvem aos mais ricos tudo o que ousaram tirar-lhes. Pagam em impostos, em perda de vencimentos e pensões, em horas de trabalho à borla, em dias de feriados nacionais transformados em dias de trabalho voluntário.

A banca que ficou esgotada com a violência a que foi sujeita pelos consumidores vê os seus capitais repostos à custa do ajustamento destes, os empresários que foram incapazes de investir em tecnologias e gestão para melhorarem a produtividade recebem agora trabalho gratuito para serem recompensados pela longa noite consumista.