quinta-feira, setembro 13, 2012

Será incompetência, loucura ou má fé?


Mesmo sendo um economista modesto, desligado da realidade social e até há pouco quase desconhecido da ribalta dos professores de economia o ministro das Finanças deverá saber o mínimo para perceber que muitas das suas decisões são erradas, que as suas previsões eram fantasiosas e que os pressupostos das suas políticas assentam em previsões claramente falsas.
   
Sendo assim como explicar uma política fiscal desastrosas, níveis de recessão muito acima do previsto e taxas de desemprego que se pensava serem impossíveis em Portugal? E como explicar que o ministro insista na mesma estratégia, aumentando taxas de impostos que convidam à evasão fiscal, retirando recursos da economia para os transferir para off shores após passagem pelas contas de lucros dos grandes grupos?
   
A incompetência quando combinada com a teimosia e com a crença de que se têm os dois olhos numa terra de cegos conduz ao fanatismo. Vítor Gaspar não reconhece os seus erros, nunca admitirá que é um economista falhado que imaginou ir além do que era capaz, o ministro das Finanças comporta-se como a senhor que foi assistir ao juramento de bandeira do filho e ficou cheia de orgulho porque o seu rebento era o único soldado que tinha o passo certo na parada.
   
Se Vítor Gaspar insiste nesta política suicida mesmo depois de se perceber que falhou ou está louco ou está de má fé e o desastre ocorreu porque era esse o seu objectivo. Vítor Gaspar sabe o que quer para o país, mas também sabe que em democracia as suas ideias não são viáveis, não pode reformatar um país convencido de que é um deus da economia contra um povo de iletrados ou idiotas, como o líder parlamentar do CDS.
   
O problema das últimas medidas de Vítor Gaspar não é do foro da política económica, qualquer economista duvida da sua eficácia e conclui que o beco sem saída em que o país está resulta mais do excesso de austeridade do que da situação financeira. Assim, sendo restam duas abordagens, a d psiquiatria e a política.
Vítor Gaspar tem uns tiques que nos levarão muitos portugueses mais letrados a dizer que tem um problema nos carretos. Poder-se-á recear que o homem está louco e tal como Hitler imaginava exércitos a salvar Berlim também Gaspar imagina investidores por todo o lado a aproveitar a descida da TSU e também poderá sentir-se um incompreendido que prefere que o país se afunde. Mas esta tese não é lógica e Vítor Gaspar poderá ser louco mas não é parvo ao ponto de caminhar para o suicídio.
  
Outro argumento em favor da sanidade mental de Vítor Gaspar foi a forma que soube excluir o Banco de Portugal de todas as medidas de austeridade, incluindo a descida da TSU, garantindo assim que quando deixar de ser ministro ficará isento de sofrer as medidas que ele próprio impôs ao país. Da prometida reestruturação do Estado o ministro das Finanças só promoveu a reestruturação de dois organismos, o fisco que entrou em taquicardia desde há um ano e o Banco de Portugal, onde o ministro trabalha, que graças ao novo estatuto ficou protegido e passou a ser uma espécie de off shore dentro do país. Não é por acaso que o ministro foi buscar o Rosalino para secretário de Estado da Administração Pública, o rapaz não sabe de nada mas soube elaborar o novo estatuto do Banco de Portugal de forma a que os seus funcionários públicos sejam tratados como diplomatas suíços. Enfim, mesmo que se conclua que o ministro pode ser mesmo louco, teremos de concluir como o povo, o homem pode ser louco mas não é parvo, parvos somos nós!
     
Não se concluindo pela loucura subsiste uma tese bem mais grave do que ser mais troikista do que a troika, a desgraça do país que tanto preocupa os portugueses poderá não preocupar tanto o ministro das Finanças e o próprio imbecil que o apoia. O ano de 2012 estragou os planos e as hipóteses de reeleição de Passos Coelho são quase nulas, a hipótese de conduzir a sua política até ao fim são cada vez mais reduzidas e sem pretende reformatar o país à margem de regras constitucionais só lhe resta conduzir o país para a desgraça invocando a situação de excepção para impor o seu projecto idiota.