domingo, setembro 09, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura -


 
   Foto Jumento
 

Chiado, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Aldeia de Benfeita, Arganil [J. Ferreira]   

Jumento do dia
   
Passos Coelho
 
Passos Coelho não só desrespeitou o acórdão do TC como o suou para aumentar a austeridade e promover um roubo dos trabalhadores em favor dos patrões. Passos Coelho é cada vez mais um primeiro-ministro que governa à margem de qualquer princípio constitucional, que usa a crise financeira para impor ao país uma agenda política ilegítima.

A tentativa de virar os trabalhadores do sector privado contra o Tribunal Constitucional ao mesmo tempo que se culpava esta instituição de uma medida há muito desejada por alguns sectores mais fascistas da direita portuguesa torna este primeiro-ministro num governante com um pé dentro e outro fora da legitimidade democrática.
    
 Bem-vindos à austeridade

O Jumento dá as boas vindas à austeridade a muitos dos seus grandes defensores que até agora não tinha tido o privilégio de a sentir, eram discriminados ao não sentirem o prazer do empobrecimento forçado ou da perda de rendimentos.
  
Desde logo dá as boas vindas ao pessoal do Banco de Portugal e aos seus administradores que ao longo de décadas conseguiram sugerir sucessivos programas de austeridade sem que se sujeitassem aos mesmos. E por falar de bancários aqui ficam as boas vindas aos administradores de banco, como um conhecido caga tacos, que defendiam cortes aos funcionários e pensionistas por oposição a cortes nos privados, num tempo sem grandes prémios sentirão o prazer de perder 7% dos seus avultados rendimentos.
   
As boas vindas igualmente para os fedelhos doutorados em Castelo de Vide, que enchem os gabinetes ministeriais onde se escapam às medidas de austeridade com o argumento de são privados, moram noutra freguesia.
     
 Quando o capitalismo legitima o comunismo

Se é legitimo senhores como Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo terem acordado hoje com muitos milhões de euros de lucros adicionais sem nada terem feito para isso, só porque o país está refém de um governo sem valores éticos, que tira aos trabalhadores para dar aos patrões sem que alguém possa dizer não, então é legítimo o povo juntar-se e expropriar esta gente. A política de Passos Coelho é a melhor legitimação do comunismo.
 

  
 Estamos tristes
   
«O País está triste. Não se sente querido no clube da eurozona nem acarinhado por quem tem a responsabilidade de governar. Ao ponto de já não celebrar os golos marcados, é certo que em tempo de compensação e com a ajuda do presidente do Banco Central Europeu, que anunciou a compra ilimitada de títulos da dívida de Estados em dificuldade, desde que assistidos por programas de austeridade violenta. Uma espécie, enfim, de eurobonds.
   
Da boca dos treinadores ouvem-se bojardas e reprimendas constantes do género "acabou-se o regabofe" do investimento público ou "se não fosse por nós Portugal já não estaria na Zona euro". E isto apesar da medalha de bom aluno, cego e cumpridor incansável da tática da austeridade que nos há-de conduzir ao caminho da recuperação económica que, infelizmente, não se vislumbra.
   
Em vez de estímulo, ouvimos incentivos à emigração e assistimos ao confisco permanente conduzido por Vítor Gaspar, que, certamente, ficará para a história como o ministro das Finanças que, em democracia, mais coro e cabelo "sacou" aos contribuintes portugueses.
   
Somos testemunhas do desmantelamento da escola pública e do que resta do Serviço Nacional de Saúde, "tendencialmente gratuito", como se a Constituição da República não existisse e pudesse ser ignorada.
   
Ficamos impávidos e sem sobressalto enquanto observamos a privatização de empresas monopolistas e, por isso, não concorrenciais, como são os casos da REN ou da ANA - operações capazes de deixar com os cabelos em pé qualquer liberal que se preza -, sem que se detete qualquer outro objetivo que não seja o de angariar dinheiro para tapar o buraco da execução orçamental.
   
Já sabendo nós que nada disto chega, ainda somos confrontados com a inevitabilidade de novo agravamento fiscal. Sim, foi isso que anunciou o primeiro-ministro esta semana - honra lhe seja, de viva voz e sem encomendar o discurso a um qualquer consultor ou ministro sem pasta -, quando afirmou que "todos desejaremos ultrapassar as nossas dificuldades sem sobrecarregar mais os portugueses com impostos, mas nenhum de nós - rigorosamente nenhum de nós - está em condições de dizer que não vai tomar uma ou outra decisão se ela tiver de ser adotada". Ora, perante a impossibilidade objetiva de cumprir a meta dos 4,5% de défice para este ano, e a necessidade dogmática e quase imperiosa de chegar aos 3% no final de 2013, o que Passos Coelho está a dizer é que os vampiros do fisco vão continuar a atacar, e cada vez com mais força.
   
Foi, aliás, este fado que o primeiro ministro confirmou ontem ao fim da tarde, poucos minutos antes do futebol, contradizendo, mais uma vez, tudo aquilo que sempre afirmou, ao anunciar o agravamento em 63,6% das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social. Na prática, do que se trata é do confisco de um salário completo a todos os contribuintes, público e privado, diminuindo drasticamente os já depauperados orçamentos familiares.
   
E, como se este quadro não fosse já de si suficientemente horripilante, ainda temos que levar com os insultos dos feitores da diabólica trindade por cá instalados, incapazes de reconhecer, um ano depois, que falharam. E não só não o reconhecem como ainda empurram para o Governo - que, assumidamente, se limitou a ser disciplinado e optou por ser mais troikista que a troika - a responsabilidade pelo fracasso e exigem mais sangue. Insistem que os salários médios - que já são dos mais baixos da União Europeia - ainda têm que ser reduzidos e que os despedimentos têm que se tornar ainda mais baratos, por via de uma redução ainda maior das indemnizações.
   
A tudo isto, há que somar ainda todo um cadastro de promessas não cumpridas por parte do Governo, que, sabendo de antemão que o caminho seria difícil, não hesitou em vender ilusões de campanha. Dito isto, não é pois difícil perceber porque segue o País a doutrina Ronaldo, esse infeliz.
Mitt Romney, o republicano que quer desalojar Barack Obama da Casa Branca, fez as contas aos desempregados norte-americanos e, no Ohio, disse que um treinador que tem um registo de 23 milhões de derrotas tem que ser substituído.
   
Em Portugal, as eleições ainda estão longe, felizmente. Mas o desemprego, esse, continua a subir. E Pedro Passos Coelho, que ainda tem três anos para mudar a tática e arrepiar algum caminho, devia ouvir com atenção o que o País tem para lhe dizer, em vez de se fechar na redoma habitual dos primeiros-ministros.
   
Se não se apressar a proceder a uma chicotada psicológica nas opções políticas e nos rostos que têm de as levar a cabo, arriscamo-nos todos a chegar a 2015 com uma economia de pantanas e sem País.» [DN]
   
Autor:
 
Nuno Saraiva   
     
     
 O regresso aos três cigarros cinco tostões
   
«A culpa, dizem grossistas e armazenistas, é da elevada carga fiscal que estimula a procura do produto mais barato. A Direcção-Geral de Saúde, por sua vez, considera o aumento do preço a melhor estratégia para reduzir o consumo.
   
Quem fuma, porém, dificilmente o deixa de fazer. Os fumadores sem dinheiro para comprar maços, que chegam a custar 4,20€, arriscam e procuramsoluções mais em conta. Numa ronda por diversos pontos de venda em Lisboa, o Correio da Manhã constatou a facilidade de encontrar quem venda cigarros avulso de qualidade duvidosa. O preço, dizem os vendedores, por regra imigrantes, varia entre os 25 e os 40 cêntimos cada, fazendo com que um maço atinja oito euros, quase o dobro dos legais.» [CM]
   
Parecer:
 
O país está a recuar aos anos 60.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Com este Passos Coelho ainda vamos dançar o Twiste.»
      
 Começa a ser um tique
   
«No passado dia três, os serviços da ARSN registaram a entrada de uma carta enviada pelo presidente da Câmara Municipal de Esposende, anterior entidade patronal da advogada Custódia Magalhães, na qual João Cepa, entre outras informações, revela que, ao contrário do referido no currículo publicado em anexo ao despacho de nomeação, "a nomeada não exerceu as funções de Coordenadora da Divisão de Assuntos Jurídicos de 2004 a 2012, mas sim durante um curto período de tempo, tendo sido exonerada em 2008 por incompetência" e por "faltar demasiado ao serviço".
   
Na mesma carta, o presidente da CM de Esposende, eleito nas listas do PSD, ironiza e aproveita "para felicitar o Ministério da Saúde pela escolha efetuada". Isto porque, acrescenta, "uma pessoa que nos últimos quatro anos apresentou mais de 50 atestados médicos e esteve ausente do serviço mais de 600 dias, tem o perfil adequado para dirigir um agrupamento de Centros de Saúde".
   
Contactada pelo Expresso, Custódia Magalhães garante que o seu currículo "não tem lapsos". Licenciou-se, diz, "numa universidade de reconhecida qualidade e nunca usei títulos académicos a que não tivesse direito".» [Expresso]
   
Parecer:
 
OPaulo macedo está de parabéns com a escolha.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao ministro da Saúde com  a recomendação de que promova uma missa pela saúde da senhora.»
   
 Até tu João Duque
   
«As medidas de austeridade anunciadas na sexta-feira pelo Governo são consideradas injustas pelo economista João Duque, já que incidem, sobretudo, sobre o rendimento disponível das famílias, e não serão suficientes para cumprir a meta do défice em 2013.
   
"O pacote de medidas é de alguma forma injusto, porque é muito dirigido às famílias e traduz uma sobrecarga sobre o rendimento disponível das pessoas", afirmou hoje à agência Lusa o economista, acrescentando que se trata de "quase um pacote de IRS [imposto sobre o rendimento], com a nuance da descida da taxa social única (TSU) das empresas".
   
Na sua opinião, "infelizmente, o pacote anunciado ainda deverá pecar por defeito, pelo que deve ser apenas o primeiro pacote de medidas" de austeridade que constarão do Orçamento de Estado para 2013.» [i]
   
Parecer:
 
Pois, pois, a pimenta começa a arder no rabinho.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
      

 O ministrozeco foi vaiado em Ponte de Lima
   
«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social foi hoje vaiado, por duas vezes, durante o tradicional cortejo etnográfico das Feiras Novas de Ponte de Lima, o único município do país liderado pelo CDS-PP.
   
O ministro Pedro Mota Soares foi convidado de honra deste cortejo, em que as 51 freguesias do concelho mostram habitualmente as suas atividades mais tradicionais, e logo à chegada foi alvo de vaias e insultos, ao passar pela multidão.
   
Este cenário repetiu-se, depois das 18:00, no final de um cortejo com mais duas horas de duração, na altura em que o ministro abandonava a tribuna de honra, com várias alusões dos populares às novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo na sexta-feira.» [DN]
   
Parecer:

Coitadito do Lambretas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»