sexta-feira, outubro 12, 2012

Uma manif para exigir responsabilidades à troika


Mais do que uma manifestação a exigir a saída da troika faria sentido ir para a rua exigir à troika que assuma as suas responsabilidades na destruição da economia portuguesa, noutro contexto ate julgo que neste momento já há motivos para levar os responsáveis da troika a tribunal pelas consequências, sociais, económicas e humanas do que fizera, as suas propostas aceites sob chantagem financeira resultaram em graves prejuízos económicos e humanos, há empresas que foram destruídas, há gente que foi despedida, há mesmo quem se tenha suicidado em consequência das opções impostas pela troika.

Faz sentido exigir à troika as suas responsabilidades pois sem ninguém o fazer é a própria troika que antecipa e desastre e ao seu mais alto nível começa a descartar quaisquer responsabilidades, dizendo que as políticas que impuseram, apoiaram ou estimularam são da exclusiva responsabilidade do governo. Quem o disse foi o Durão Barroso, o mesmo Durão Barros que há poucos dias fez uma clara manifestação grosseira de ingerência nos assuntos internos de um Estado-membro ao anunciar que as medidas orçamentais já tinham sido aprovadas pela troika, medidas que eram do desconhecimento dos deputados, dos parceiros sociais e dos portugueses, medidas cuja aprovação carecem a aprovação pelo parlamento. Durão Barroso comportou-se como um sargento do exército de Hitler numa quinta ucraniana.

Esta intervenção de Durão Barroso nada tem de espontâneo, é um acto cobarde motivado por um relatório do FMI onde se reconhecem os erros cometidos. O FMI reconhece o erro nos seus cálculos, o presidente da Comissão Europeia foge das responsabilidades em relação ao seu próprio país como se fosse uma ratazana dos esgotos. Ainda há poucos dias, quando os portugueses rejeitaram na rua o golpe baixo da TSU um tal O’Connors, porta-voz do comissário europeu para os assuntos monetários veio fazer chantagem pública sobre o país, ameaçando com a suspensão da ajuda caso a medida fosse rejeitada.
 
Quando as coisas corriam bem os rapazolas da troika multiplicavam-se em seminários e entrevistas, elogiando o resultado do seu trabalho e tentando influenciar a opinião pública em favor de um governo que se revelou mais obediente do que a República de Vichy. Quando perceberam que a coisa ia dar para o torto aproveitaram-se da ambição desmedida do Gaspar e deram-lhe a tarefa de ler as suas avaliações. Desde então o representante do FMI foi substituído e os rapazolas da troika quase desapareceram. Cobardes.
 
É tempo de os portugueses irem para a rua exigir ao FMI, à Comissão Europeia e ao BCE que assumam as consequências económicas, sociais e humanas das experiências mengelianas que à margem dos valores constitucionais de um Estado-membro soberano impuseram a um governo servil. É inaceitável que as estas organizações insistam em impor uma política errada, cobrar juros abusivos e fugir às suas responsabilidades.
 
É bom lembrar que a "ajuda" da troika nada tem de ajuda, Portugal paga juros altos e em cima disso paga qualquer coisa como 655 milhões de euros em comissões. É com este dinheiro que os três rapazolas da troika se instalam em hotéis de 5 estrelas e que as suas dezenas de assessores são pagos a peso de outro. Tudo isto para dizerem baboseiras, para sugerirem soluções que viram noutros países ou, muito simplesmente, para arrastarem os rabos pelos gabinetes. Agora dizem que tudo foi responsabilidade do governo para fugirem às responsabilidades?
 
Há culpas e responsabilidades, Durão Barroso deve assumir as suas como fez a líder do FMI e não fazer como o senhor Draghi que insiste em tentar influenciar a opinião pública com supostos sucessos de um país à beira do caos. Estes senhores e os técnicos das organizações internacionais que sõ os co-responsáveis pelo desastre devem assumir as suas responsabilidades. O povo português deve ir para a rua para que o mundo olhe para o que estes canalhas fizeram e continuam a fazer a um país que lhes pediu ajuda.