segunda-feira, outubro 22, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Sede da Viúva Lamego, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Ilhéus, Brasil [A. Cabral]   

Jumento do dia
  
Passos Coelho
 
O primeiro-ministro aproveitou o facto de ter sido alvo de uma escuta de uma conversa banal para passar a imagem do honesto. Ainda bem, devia apoveitar a onda e divulgar as facturas do aluguer da sua casa de férias na Manta Rota nos últimos três anos, algo que sempre recusou por se tratar de algo do foro pessoal.
 
«O primeiro-ministro Passos Coelho afirmou no final do Conselho Nacional do PSD, que decorreu este sábado, não ter “nenhum receio” das escutas que terão sido realizadas no âmbito do caso ‘Monte Branco’.» [Notícias ao Minuto]
   
 Paulo Portas e as Olívia, a Olívia líder do CDS e a Olívia ministra
 

Mais uma vez a rábula de Ivone Silva assenta que nem uma luva a Paulo Portas, num dia é membro do governo e depois de longas horas de reunião aprova o OE, sai da reunião passa a ser líder do CDS, a opor-se a aumentos de impostos e à política governamental e três dias depois emite um comunicado informando que, apesar de tudo, vai votar o péssimo OE que já tinha aprovado quando era o Portas ministro.
 
 Crise política ou privatizações?

Anda por aí muita análise sobre uma eventual crise política, mas é muito provável que o negócio das nacionalizações e outros negócios do passado tenham mais peso no comportamento dos agentes políticos do poder do que qualquer questão de coerência. O negócios das nacionalizações envolve muitos milhões, são muitos contratos de assessoria e muitos milhões que poderão ser vendidos a um preço de saldo.
  
Não é fácil de acreditar que os nossos amigos estejam interessados numa crise política que os afaste do imenso pote das nacionalizações. Vale uma aposta?


  
 O triste fim do CDS
   
«1. Quinta-feira de manhã, o líder do CDS informou- -nos que o seu partido iria viabilizar o Orçamento de Estado. Têm razão os que dizem que há um problema de comunicação no Governo: levou três dias para que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros comunicasse ao presidente do CDS o que tinha sido aprovado por ele no Conselho de Ministros.
  
Um ministro de Estado que também é presidente dum partido da coligação escrever uma carta em que anuncia que apoia o Governo é um episódio que fica para sempre no anedotário da política nacional. Se fosse a primeira vez em que Paulo Portas nos brindava com este tipo de cenas dava para um cidadão se indignar. Agora, já não. É só mais uma na opereta que está a encenar em que nos tenta convencer que está no Governo mas não está, em que apoia o Executivo mas não apoia, que concorda com as medidas mas não concorda. Para dar colorido a este triste espectáculo ainda temos Vítor Gaspar a fazer "enormes" piadas de mau gosto com ele e Miguel Relvas - que renasceu, provavelmente convencido de que está tudo esquecido - a dar indirectas sobre estados de alma. Patético.
   
2. O CDS, segundo o comunicado do seu presidente, não confundir com o ministro dos Negócios Estrangeiros, afirma que "todos têm um contributo a dar para assegurar a estabilidade política, o consenso nacional e a coesão social em Portugal". É por isto e por ser um partido responsável que votará favoravelmente o Orçamento para 2013. Ora, ou Vítor Gaspar, Passos Coelho e, agora, Paulo Portas são os únicos cidadãos a viver em Portugal, e nesse caso há consenso em redor do Orçamento, ou o líder do CDS deve estar a falar de outro país qualquer. E só pode ser piada de mau gosto dizer, num mesmo documento, que se aprova o Orçamento e que se está a contribuir para a estabilidade política e a coesão social. Falências, desemprego em massa, miséria, destruição da classe média , instituições em colapso não serão propriamente a imagem dum país estável e coeso socialmente. E só estes três senhores é que pensam que executar este Orçamento ri- ma com responsabilidade. A esmagadora maioria dos portugueses, as principais figuras do PSD e do CDS, todos os ex-presidentes da República - o actual Presidente está escondido no Facebook, demasiado assustado com a dimensão do problema que vai ter de resolver -, os nossos credores e até as agências de rating, sempre ávidas de mais e mais austeridade, acham este Orçamento uma criminosa irresponsabilidade, um projecto inaplicável, um insulto aos portugueses, uma loucura dum cientista alucinado. Portas quer evitar uma crise política. Ainda não percebeu que está no meio duma. E não é só governativa, é uma que abana os próprios alicerces da democracia. E ele está a colaborar activamente no aprofundamento dessa crise.
  
3. O CDS, alinhando com este Orçamento, perde toda a credibilidade, sobretudo face ao seu eleitorado tradicional. O partido do contribuinte perde todo o seu capital político (fica para mais tarde falar do projecto de destruição em curso do mais importante partido português, o PSD).
   
O CDS depende da sua capacidade de condicionar políticas, de mostrar ao seu potencial eleitorado que consegue impor parte da sua agenda. Se não o consegue fazer, particularmente num momento como este, deixa de fazer sentido. Que dirá Paulo Portas aos seus eleitores quando daqui a uns meses o País estiver no caos e Portugal estiver a pedir o segundo resgate? Que foi forçado a assinar o Orçamento? Que se enganou? Ninguém acreditará nele, nem os seus mais fervorosos seguidores. O CDS não tem implantação autárquica, não está ligado a movimentos sociais como sindicatos ou organizações cívicas. Responde apenas pelos seus actos, não tem esses, digamos, mantos protectores. Portugal cedo ou tarde levantar-se-á, o CDS assinou a sua certidão de óbito. E da maneira mais infeliz de todas: colaborando num Orçamento que, implementado, destruirá o País por muitos anos.
4. Convinha acabar duma vez por todas com a conversa da falta de alternativa. Desde quando o suicídio colectivo é o único caminho possível? É bom que os deputados, aquando da votação do Orçamento, se lembrem disso. Em última análise serão eles os responsáveis por tudo o que se irá passar dentro de pouco tempo.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.   
     
     
 Nem dá para acreditar
   
«Os magistrados do Ministério público admitem fazer greve em protesto contra a proposta de Orçamento do Estado para 2013, pois dizem que viola a Constituição da república.» [DN]
   
Parecer:
 
Mas não cabe ao MP velar pela legalidade democrática?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos ilustres magistrados ocmo defendem a legalidade constitucional se estão em greve porque o governo borrifa-se na Constituição.»
      
 Governo sofre do complexo Miguel Relvas
   
«Segundo o Correio da Manhã, no próximo ano o Estado vai gastar mais de 86 milhões de euros em estudos, pareceres, projetos e consultadoria. Num ano de forte contestação social, o Executivo vai também despender 89 milhões de euros em vigilância e segurança.
   
Os números constam da proposta da Lei de Orçamento do Estado para o próximo ano, na área dedicada às despesas correntes por equipa ministerial. Apesar de estarem cabimentados menos 14,1milhões de euros para este tipo de despesas em relação ao montante gasto no ano anterior, os ministérios da Justiça, da Agricultura e dos Negócios Estrangeiros vão gastar mais dinheiro na contratação de estudos, pareceres e consultadoria, adianta o Correio da Manhã.» [DN]
   
Parecer:
 
Parece que superam a ignorância gastando dinheiro em estudos, ainda por cima estudos para nada fazer.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Professores recomendam livros gratuitos da net
   
«As escolas registam mais casos de alunos que não têm dinheiro para comprar todos os manuais, uma despesa pesada na carteira dos pais, a que se acrescentam ainda as obras literárias que são de leitura obrigatória. Para contornar este problema, os professores começam já a dizer aos alunos que recorram às obras na Internet.
   
Quem pode sair a perder são as editoras, que, tal como admite a direção de comunicação da Leya, são afetadas pela circulação livre das obras que pertencem ao domínio público. "Isso afeta em determinado grau a venda do livro, seja em formato papel seja em eletrónico", respondeu um dos gigantes livreiros em Portugal, que não disponibiliza conteúdos literários gratuitamente na Internet.» [DN]
   
Parecer:
 
FAzem muito bem, só é pena que a net em português seja pobre. Porque não alguns professores juntarem-se para produzirem manuais gratuitos?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se e incentive-se.»
   
 Escutas
   
«Ricciardi refere, em resposta escrita à TVI, que telefonou a membros do Governo para manifestar a sua “discordância” pelo facto de o Estado ter decidido entregar à norte-americana Perella Weinberg, por ajuste directo, a consultoria financeira das privatizações da EDP e da REN.
   
“Não traduz ilicitude, irregularidade ou sequer censura que se questione eventualmente um membro do Governo sobre se há intenção de ceder a pressões políticas promovidas pelas lideranças europeias, amplamente divulgadas na imprensa de então”, argumenta Ricciardi, acrescentando que tinha como única intenção “fazer cumprir as regras do concurso, ou seja, a da ajudicação à proposta com melhor preço e condições mais favoráveis para o Estado”.
   
Segundo a edição deste domingo do Diário de Notícias, que não revela o nome do banqueiro que ligou a Passos Coelho, este não terá “dado troco”, afirmando que não tencionava interferir no processo em causa. » [Público]
   
Parecer:
 
Tudo muito íntimo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»