domingo, outubro 07, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

Pormenor do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular
Entre-campos, Lisboa

Da série estátuas de um povo de gente piegas.
      
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Aldeia do Juncal [A. Cabral]   
A mentira do dia d'O Jumento
 
  
  

Jumento do dia
   
Passos Coelho
 
Passos Coelho diz que sabe para onde vai. O problema é que não recebeu mandato para saber para onde vai mas sim para cumprir um programa eleitoral com que ganhou as eleições. É essa a diferença entre os ditadores, mesmo os imbecis, e os democratas, uns sabem para onde vão, os outros respeitam a vontade do povo quanto ao caminho a seguir.

Mesmo assim é muito duvidoso que Passos Coelho saiba para onde vai na condição de timoneiro de um governo naufragado, a verdade é que ele não passa de um mero grumete de um barco onde o verdadeiro capitão é o Gaspar. E chamar grumete a Passos Coelho já é um elogio, ele faz lembrar os papagaios dos barcos de piratas.
 
«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou neste sábado que o Governo sabe para onde vai, depois de ser questionado sobre a advertência feita pelo Presidente da República, Cavaco Silva, de que Portugal precisa de ter um rumo.» [CM]
   
 Brasão de armas de Castelo Rodrigo

 
A propósito de Cavaco ter içado a bandeira nacional invertendo o sentido do escudo vale a pena recordar que Castelo Rodrigo exibiu durante muito tempo o elmo invertido no seu brasão de armas, condenação decidida por D. João I depois de a a sua população ter aderido à causa de  Castela.
  
Agora temos um governo que parece ter aderido à causa alemã o que em matéria de simpatias da direitas pelos boches nem sequer é novidade. Enfim, o que seria da bandeira nacional se com este governo o D. João I ainda andasse por aí.

 Música destes dias
 
 
 Portugal ainda tem governo e presidente?

Governo tem mas não parece ter, presidente parece ter mas não tem.

 Isto vai acabar em matricídio
 
 
Este Passos em vez de remodelar o governo para tentar sobreviver parece ter percebido que era ele próprio a precisar de uma remodelação. A total ausência de vergonha na cara faz destes políticos gente sem grandes princípios, parece que o importante é ficar no poder até vender a CGD, a RTP e outras empresas públicas aos amigo que o ajudaram a chegar ao poder para mal dos nossos pecados.

Mas até podemos imaginar o telefonema de Passos a Merkel:

Está titi Ângela?
Sim.
Não se zangue muito comigo..
Porquê?
Vou ter que dizer umas coisitas de si por causa dos paspalhos dos portugueses?
Vais passar a ser contra a austeridade?
Ainda não. Vou só dar-lhe um beliscão.
 
 A Agenda da reunião do conselho de ministros deste domingo

  1.  Oração presidida pelo supranumerário Macedo.
  2. Pequeno almoço de scones e compotas confeccionadas e servidas por Assunção Cristas.
  3. Reunião da manhã presidida por Vítor Gaspar, apoiado por Passos Coelho nas fotocópias e Miguel Relvas no projector do PowerPoint.
  4. Intervalo pra exercícios físicos conduzidos por Miguel Macedo e apoiados pelos seguranças pessoais do auxiliar das fotocópia.
  5. Almoço de carapaus alimados confeccionados pela dona Maria e ofericidos pelo Tio Silva da Coelha.
  6. Cafés servidos por António Borge com animação de palhaços assegurada por Álvaro Santos Pereira com o apoio do Moedas.
  7. Reunião da tarde presidida por Gaspar, apoiado nas fotocópias pelo Relvas e no PowerPoint pelo Passos Coelho.
  8. Intervalo para café aproveitado pela ministra para uma pequena sessão de teatro onde representará um juiz dos Tribunais Plenários onde o fascismo praticava a sua justiça contra a impunidade.
  9. Continuação da reunião.
  10. Arrumação e limpeza da sala por Crato, apoiado pelo Aguiar-Branco.
 
  
 Pela boca morre o peixe
   
«Em 1999, salvo erro, Paulo Portas - então "Paulinho das Feiras" - recitava à exaustão uma ladainha de campanha eleitoral que era, no fundo, a sua cartilha contra "o esbulho" fiscal com que o Ministério das Finanças de então massacrava os contribuintes. Rezava mais ou menos assim: "Se bebo um café, pago IVA; se trabalho, pago IRS; se tenho uma empresa, pago IRC; se compro um carro, pago imposto automóvel; se fumo um cigarro, pago imposto sobre o tabaco; se morro, pago imposto sucessório, a mais criminosa das taxas, em que o Estado, depois de nos tirar tudo o que pode em vida, vem buscar o resto depois da morte..." E seguia por aí adiante.
   
Treze anos passados, o CDS - que à época era PP - entra para a história como cúmplice do maior assalto fiscal de que há memória na história recente de Portugal. E, Paulo Portas, queira ou não, será recordado como um dos principais rostos do "esbulho"e do "bombardeamento fiscal" praticados pelo atual Governo.
   
O mesmo Paulo Portas que, bruscamente no verão passado, escreveu uma carta aos militantes do seu partido garantindo que não autorizaria mais aumentos de impostos porque o País atingiu "o limite" em matéria fiscal. O mesmo Paulo Portas que, na última campanha eleitoral, se assumia como uma espécie de provedor do contribuinte que recusaria qualquer agravamento fiscal.
   
Em suma, o mesmo Paulo Portas que jurara a pés juntos que só iria para o Governo caso tivesse força. Ora o que o novo pacote de austeridade, melhor dito, brutalidade, veio demonstrar foi a inutilidade deste CDS. A sua incapacidade e falta de força para influenciar ou condicionar a governação.
   
Dito isto, aqueles que pensavam que as notícias do fim da coligação PSD-CDS eram manifestamente exageradas, enganaram--se. O casamento de conveniên- cia chegou ao fim e os dois partidos, como disse Miguel Sousa Tavares, limitam-se agora a dormir em quartos separados até que o divórcio seja consumado.
   
Quinta-feira, na Assembleia da República, findo o debate das moções de censura, Paulo Portas voltou a vestir o fato de líder da oposição ao Governo de que faz parte, e demarcou-se do "enorme" aumento de impostos anunciado na véspera por Vítor Gaspar. E, ficou a saber-se no dia seguinte, o CDS prepara uma "bateria de alterações" ao Orçamento do Estado - como se, estando no Governo, não fosse corresponsável pela elaboração do documento original - e equaciona mesmo a possibilidade de abandonar o barco.
   
Como se percebe, continuamos em ambiente de crise política. E Cavaco Silva, ao fazer questão de recordar os poderes presidenciais como "moderador em caso de conflitos" institucionais, mostrou estar consciente de que a rutura está iminente. O mesmo Presidente da República que, no discurso do 5 de Outubro, fez questão de ignorar o "melhor povo do mundo" que desespera por uma palavra de esperança. O mesmo Presidente da República que, por muito menos do que isto - por ventura terá mudado de opinião -, denunciou que "há limites para os sacrifícios que se podem pedir ao comum dos cidadãos". Enfim, o mesmo Presidente da República que hasteou a bandeira nacional de pernas para o ar, na metáfora perfeita de um País em sobressalto que não vislumbra o limite para os sacrifícios que podem ser-lhe pedidos, por uma coligação que agoniza ligada ao ventilador, e com políticos que fogem e se escondem do povo.
  
É evidente que a consolidação orçamental tem de ser feita. As nossas dívidas têm de ser pagas. Os nossos compromissos têm de ser honrados. Por ventura, a austeridade é inevitável. Mas por que carga de água não nos disseram tudo? Porque diabo nos prometeram, há pouco mais de um ano, que as medidas que estavam em execução eram suficientes? Por que que raio não nos contaram que o objetivo era empobrecer, matar a classe média e liquidar a economia? Por que razão nos querem agora sacar seis vezes mais do que é oficialmente necessário, alcandorando os remediados à categoria de ricos? Porquê?
  
Como diz o povo, seguramente o melhor do mundo, pela boca morre o peixe.» [DN]
   
Autor:
 
Nuno Saraiva. 
 
 A grande golpada
   
«O Governo decidiu extinguir a Fundação das Salinas do Samouco, instituição que o Estado se comprometeu a criar junto de Bruxelas como contrapartida do financiamento comunitário para a construção da Ponte Vasco da Gama.
  
A fundação tinha por objectivo preservar as salinas que se encontram na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo. Entre as entidades presentes na génese da fundação, está a Lusoponte, presidida por Ferreira do Amaral, que, como concessionária da ponte, assumiu o compromisso de contribui r com 300 mil euros anuais, até 2030, para o funcionamento da fundação. Com a extinção decretada, o Estado liberta a Lusoponte de qualquer compromisso e transfere todas as responsabilidades para o Instituto Nacional de Conservação da Natureza.» [CM]
   
Autor:
 
Miguel Ganhão.
      
  
     
 Ex-vice da Moody's apela a revolução no sul da Europa
   
«"Está na hora de uma revolução na zona euro, o tempo para uma discussão educada terminou. O que está em causa não são um ou dois por cento de crescimento económico no Sul, mas, pelo contrário, a diferença entre um futuro de prosperidade e um de depressão", refere hoje Christopher T. Mahoney, ex-vice presidente da agência de notação Moody's, num artigo intitulado "Southern Europe Must Revolt Against Price Stability ", publicado no "Project Syndicate".
   
Essa "revolução" deve ser "liderada pela França, Itália e Espanha", com a França à cabeça, e os seus alvos principais são a Alemanha e o Bundesbank. "O tempo é agora, antes que a Espanha e Itália sejam forçadas a capitular à estricnina e ao arsénio da troika", sublinha.
   
Mahoney é um veterano de Wall Street que saiu de vice-presidente da Moody's em 2007. Considera-se um "libertário do mercado livre".
   
"Se o Sul continuar a permitir que o Norte administre o remédio envenenado da deflação monetária e da austeridade orçamental, sofrerá, desnecessariamente, anos e anos", adverte Mahoney, para, depois, apelar à "revolução" do Sul.» [Expresso]
          
 António Costa pede desculpa
   
«O presidente da Câmara de Lisboa enviou neste sábado uma carta ao Presidente da República em que pede desculpa pelo "desagradável incidente" do hastear da bandeira nacional ao contrário nas cerimónias do 5 de Outubro, assumindo as "responsabilidades" pelo sucedido.» [CM]
   
Parecer:
 
Depois de ter dado a cara pelos medos de Belém assumindo a responsabilidade por ter expulso o povo das comemorações do 5 de Outubro o autarca de Lisboa vem dizer que assume a responsabilidade por Cavaco nem ter olhado para a bandeira?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»