sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
 photo musgo_zpscb8ce0c3.jpg
 
Cogumelos no meio do musgo, Quinta das Conchas, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 
 photo Janela_zps55b102fa.jpg
   
Janela [A. Cabral]

Jumento do dia

Artur Santos Silva

 Artur Santos Silva tem razão em quase tudo o que disse depois de os estudantes terem corrido com o falso doutor da sua universidade, só não tem razão quando manda acordar Belém. Tanto quanto se sabe o maior partido da oposição é o PS e o seu líder é Seguro. Tanto quanto se sabe Seguro esteve calado durante todas as revisões do memorando feitas nas sua costas, não discordou frontalmente das medidas mais brutais limitando-se a defender meias doses de inconstitucionalidades, só quando o seu próprio cargo esteve em perigo Seguro deu uns guinchinhos armado em grande opositor.

Não é Belém que tem de acordar, é o  Largo do Rato, a verdade é que apesar de tudo Cavaco até tem incomodado mais o Passos Coelho do que o Seguro e se alguém questionou os princípios da política económica do Gaspar foi Cavaco e não Seguro.

O PS é que precisa de acordar e perceber que quando não se é oposição é-se uma espécie de ala de namorados do governo e é esse o papel que até aqui foi desempenhado pela liderança do PS. Ou já se esqueceu de um extremista que para além de tudo o que o governo tenciona destuir ainda sugeriu a destruição total e imediata da ADSE. Pois é, esse extremista não é nem da extrema-direita nem do governo, é um braço direito de Seguro.

«"Algo se passa no palácio de Belém. Nós temos o desemprego no nível que temos, temos o PIB a cair, as insolvências, suicídios de empresários da restauração, vemos com os nossos olhos membros do governo serem ameaçados e o Presidente da República não diz nada? Este clima de exasperação que se sente nas pessoas não merece uma palavra de intervenção, uma palavra responsável do Presidente?", questiona, classificando "este silêncio de incompreensível".

O ex-ministro de Sócrates ironiza e recomenda assim que "alguém envie para Belém" a canção 'Acordai', alertando que a situação pode tornar-se mais violenta: "Estas reacções inorgânicas podem ser explosivas. Por enquanto, ainda só se chama gatuno. Um dia destes, se isto não pára, querem bater no ministro", vinca.

Tendo por referência o protesto desta terça-feira contra Miguel Relvas, o comentador da TVI24 considera que "este clima e estes comportamentos que estão um pouco na margem do sistema democrático também existem porque há um défice de representação politica e de projecção politica dos protestos, dos medos, das raivas, das angústias que as pessoas estão a sentir porque não vêm nenhuma luz ao fundo do túnel".» [DE]

 A ingenuidade do PS

A incompetência do ministro das Finanças é de tal ordem que até parece que foi colega de licenciatura de Miguel Relvas, não acerta numa previsão, não consegue criar um emprego, não para a espiral de recessão e em vez de inverter o rumo e aceitar as suas responsabilidades engana a Europa e o país pedindo mais tempo. Não pede mais tempo para poder aliviar a austeridade e mudar de política, pede mais tempo porque está convencido de que a sua política brutal deve ser prolongada por mais um, dois ou três anos.

A verdade é que Gaspar era o teórico que se opunha a mais tempo ou a mais dinheiro e que estava convencido que a solução era cada vez mais austeridade, promovendo uma eugenia empresarial que visa destruir sectores que ele acha que estão a mais na economia portuguesa. Gaspar estava pouco preocupado com o desemprego ou com as dificuldade, se as empresas estão especializadas no consumo interno e não são nem bancos nem foram vendidas aos chineses então que encerrem, os funcionários que sejam proletarizados e despedidos, os direitos sociais que sejam alinhados com o que existia no século XIX.

Agora a economia está à beira do colapso, Gaspar já pediu mais dinheiro e agora pede mais tempo para poder continuar a despedir, a destruir e a forçar à emigração.

Perante isto o PS festeja aquilo a que designa por pirueta de Vítor Gaspar, qual pirueta? o ministro não disse que ia mudar de política, não prometeu aliviar a austeridade, não jurou passar a repeitar e a cumprir a Constituição., limitou-se a dizer que ia haver mais do mesmo durante pelo menos mais um ano. Primeiro inventou ou criou desvios colossais para justificar as medidas que sempre achou que deviam constar no memorando, agora pretende eternizar estas medidas.

Que motivos terá o PS para rejubilar com esta suposta pirueta.
  
 Uma pergunta
 
Quantos portugueses conseguem ser mais ouvidos do que Miguel Relvas? Quantos portugueses conseguem obrigar a comunicação social a dar-lhes mais espaço do que a Miguel Relvas?
  
Não sejam idiotas, o Relvas pode sofrer de tudo menos de liberdade de expressão e são muitos mais os portugueses a perderem direitos por causa de um governo onde ele é responsável pela condução política do que o Relvas a sentir-se asfixiado por estar impedido de falar.
 
 O pescador, a dívida soberana e os mercados


Já aqui contei a velha anedota do senhor da capital que decidiu dar uma lição de ambição ao pescador que encontrou deitado na praia. Dirigindo-se ao pescador perguntou-lhe porque não ia pescar em vez de estar deitado na areia. Perante um  “para quê?” do pescador insistiu explicando que pescasse mais um dia podia comprar um barquinho, ao que o pescador retorquiu com um outro “para quê?”. O lisboeta insistiu, depois de comprar um barquinho o pescador poderia sonhar comprar um segundo barquinho e algum tempo depois até um terceiro barquinho, ao que o pescador voltou a retorquir com o “para quê?” Com três barquinhos o pescador não precisaria de trabalhar  e até podia vir deitar-se para a praia, explicou o lisboeta. E o pescador perguntou-lhe: “mas então o que é que eu estou fazendo?”
  
Infelizmente o que gente como o Gaspar tem feito lembra a anedota do pescador. Quando Portugal ainda estava nos mercados esta gente barafustou, protestou contra a austeridade, criticou a falta de crescimento, discordou dos orçamentos que esqueciam o investimento. Chegados ao poder impuseram austeridade atrás de austeridade, destruíram emprego, expulsaram portugueses do país, eliminaram direitos e foram ao bolso dos mais pobres sem qualquer cuidado, tudo isso para quê? Dizem que é para não aturarmos a troika e podermos regressar aos mercados.
  
Aqueles que festejaram os juros altos e desdramatizaram e defenderam a vinda da troika dizem agora que tudo o que destruíram foi para voltar aos mercados, isto é, para o país ficar como estava antes do pedido da ajuda. O país está melhor?
  
Não, não está e não é o dia de Carnaval ou o quatros feriados que às vezes até calham ao fim-de-semana que vai atrair o investimento para um país governado por extremistas, incompetentes e irresponsáveis que não percebem ou não querem perceber que as suas políticas vão conduzir ao colapso social. O modelo de crescimento defendido por Gaspar nada tem que ver com progresso, é um modelo onde só há lugar para ricos e pobres, para patrões e mão-de-obra barata.


 A pradaria começou a arder

E os estarolas do governo, bem como o bem penteadinho do Seguro insistem em não perceber:

 photo despejada_zps08f0e3dd.jpg
 
 Eu quero que o Relvas vá tomar no cu

Quando o Gaspar veio assumir que todos os sacrifícios que os pobres e a classe média fizeram apenas serviram para serem consumidos pelos seus erros, quando se soube que todo o OE de 2013 assenta em pressupostos aldrabados e que os cálculos foram feitos com base em números falsos no que respeita às previsões de crescimento, com que se preocupam as elites políticas deste país? Com a liberdade de expressão do Miguel Relvas.

O ministro mais odiado, despreado e gozado deste governo decidiu ir a uma universidade daquelas onde se estuda dizer as suas banalidades, mas foi calado e corrido. Apareceram logo várias personalidades e opinion makers com aquele discurso idiota da liberdade e de que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade doss outros. Mas nenhum destes senhores, desde o Assis ao Artur Santos Silva se lembrou da jornalista do Público que foi perseguida ou de que o Relvas é o potuguês com mais liberdade de obrigar os outros a ouvirem-no.

Cá por mim já estou como o José Viegas e quero que o Miguel Relvas, mas a sua liberdade e a democracia que ele defende vá tomar no cu. Era oque faltava que o Relvas seja agora o barómetro da democracia portuguesa. E os pobres que têm direito à saúde e ficaram sem dinheiro para medicamentos? E os idosos que têm direito à segurança na terceira idade e depois de terem descontado estão perdendo o direito às pensões? E os trabalhadores do Estado que o Gaspar quer tornar em escravos? Os direito de toda esta gente não contam na avalição da democracia?

Relvas não é um político qualquer, é o "político" de um governo que parece odiar os portugueses, que despreza os seus direitos, que não tem consideração pela sua inteligência, que adopta políticas para as quais não tem mandato, que ignora as opiniões e conselhos do Presidente da República. Este Relvas foi beliscado na sua liberdade de expressão, problema dele.
 
 Anda por aí muita besta a precisar de ser castrada!
 
 photo equidios_zps652eb388.jpg
 
Mas para esses não é preciso cuidado, já o mesmo não se pode dizer dos burros de quatro patas. Uma iniciativa da APEGA.


  
 Estado de sítio 2.0
   
«Lamento mas não encontro nada a dizer de muito profundo sobre aquilo que já é conhecido como o último caso Relvas. É realmente um assunto menor. Vai um ministro, um ministro qualquer, até um secretário de Estado - o que digo? - um sub-sub-subsecretário de Estado a uma universidade numa altura destas e estamos à espera que ele seja recebido com um colar de azáleas e um ramo de oliveira? Que seja abraçado e elogiado e, quem sabe, beijado, benzido, beatificado?
  
É verdade: com Relvas é pior, é sempre pior, mas isso são coisas que já se espera. Relvas é o símbolo das negociatas, as verdadeiras, as imaginárias, as que foram, as que hão de ser, as que nunca serão. Imagino que nos dias que correm Relvas nem a um infantário consiga ir sem que alguém, por exemplo um bambino mais politizado, faça uma piada qualquer. Um homem que foi visto de truces (seriam bermudas?) no Copacabana Palace ao lado de lindas companhias não pode realmente queixar-se de nada. É sempre culpado, nem que seja de não ter um pingo de bom senso.
  
Mas fosse Relvas ou outro qualquer a visitar uma universidade e a coisa ia dar exatamente no mesmo: berros, palavrões, muita algazarra, empurrões, relativo escândalo. Numa época destas, é isso que se espera no Politécnico da Caparica ou até em Harvard. É normal, é previsível, é académico, de certa forma é irresponsavelmente bom. Não estou a dizer que é bacano grunhir para um ministro. Neste capítulo, os portugueses até são demasiado moderadinhos. Estou a dizer que ficaria mais preocupado se Relvas fosse acolhido sem escarcéu algum. Estou até positivamente convencido de que pior do que não deixar o ministro falar, neste caso, teria sido ainda mais grave (mais confrangedor para ele) deixá-lo mesmo elucidar-nos sobre o que espera do jornalismo nos próximos 20 anos. Digo: 20 anos é muita fruta e, embora Relvas tenha, a palavra é esta, traficado muito com repórteres políticos ao longo duma vida de marinheiro, eu acho que ele sabe tanto do assunto como o Governo de previsões económicas. Como se comprovou ontem, nestum.

O problema é esse. Relvas vai ao ISCTE a convite da TVI. Não o deixam naturalmente discursar. Cercam-no. Passado um pouco, ele pira-se. O moralismo do costume incendeia-se: eis a oportunidade para defender Miguel Relvas, o mártir. Chamam-lhe emboscada televisiva, ratoeira mediática conduzida pela geração rasca 2.0: o homem vitimiza-se, o homem transforma-se numa vítima da liberdade de expressão (logo ele...). Relvas arde na pira dos media e renasce das cinzas. A minha opinião? Bom jornalismo, é isso que faz falta. Já fazia há 20 anos, vai fazer ainda mais nos próximos 20. Sem ele, continuaremos a ter assuntos irrelevantes servidos diariamente como grandes assuntos de Estado. Ontem Relvas, amanhã outro fogacho qualquer. Porquê? Porque é giro. O critério editorial é esse. Chamam- -lhe também informação espetacular. Cuidem-se...» [DN]
   
Autor:
 
André Macedo.   

 Até quando?
   
«Tomei conhecimento do duplo incidente com o ministro Relvas através de uma entrevista televisiva ao ex-ministro socialista Augusto Santos Silva. A indignação deste era tanta, por causa dos maus tratos de que o primeiro teria sido vítima, que julguei ter ocorrido uma nova "Noite Sangrenta" em Lisboa. Pensei que Relvas tinha sido metido numa camioneta, tal como António Granjo, Machado Santos e outros infelizes, assassinados na noite de 19 de outubro de 1921 por marinheiros revoltados. Felizmente, a III República não tem imitado, até agora, a cultura de violência da I. Nos tempos de abundância, Relvas seria uma figura de comédia. Os governados sempre gostaram de encarar alguns governantes com sarcasmo. Mas estes são tempos de escassez e tragédia. Convidar um homem que nunca escreveu uma linha digna de memória futura, e que só diz trivialidades, para uma conferência no Clube dos Pensadores (!) ou esperar que ele possa encerrar um colóquio sobre o futuro da comunicação social, quando a sua tarefa principal no Governo é a de lotear a rádio e televisão públicas, parecem-me dois gestos insensatos. Ficar condoído com o silêncio forçado de Relvas, e esquecer as vozes inteligentes que a sua ação tem afastado do serviço público de comunicação social, parece-me tão despropositado como acusar a poesia erótica de Bocage de pôr em causa as liberdades fundamentais do intendente Pina Manique. Em Berlim, um ministro que plagia uma tese sai do governo em menos de 24 horas. Em Lisboa, um homem cuja vida é um perpétuo faz-de-conta, esgota a agenda política. Só o primeiro-ministro não percebeu, ainda, que o caso Relvas não é uma questão de direitos constitucionais, mas um assunto de higiene pública. Contamina a pouca autoridade do Governo e mina o moral que resta ao País.» [DN]
   
Autor:
 
Viriato Soromenho-Marques.
      
 A tabuada de Gaspar
   
«Os portugueses começam a ter suores frios só de pensar que o ministro das Finanças pode carregar a qualquer momento na tecla F5 do seu computador para actualizar os gráficos de Excel e descobrir uma nova surpresa. A última apareceu ontem: dá pelo nome de recessão e onde antes aparecia 1% aparece agora 2%. Não sei se Vítor Gaspar perdeu o sono quando actualizou estes números, mas a insónia é capaz de ser o menor dos seus problemas. Primeiro, porque estes novos números significam que a actividade económica do País, que já está em apuros, vai contrair-se ainda mais do que o previsto. Depois, porque traduz mais um erro de cálculo do Governo que, ao confundir cautela com optimismo, acabou por desenhar um Orçamento para 2013 que não antecipou a velocidade a que o desemprego aumenta nem o ritmo a que a economia encolhe. Por fim, porque cada vez que Gaspar anuncia uma nova conta furada, apresentando a seguir a factura que o País tem de pagar pelo erro cometido, a já frágil esperança dos portugueses apaga-se mais um pouco - e, aos poucos, a fúria propaga-se. 

Não é fácil fazer previsões económicas num tempo tão incerto e cheio de dificuldades. É quase tão impensável como pedir a um neurocirurgião para dirigir uma operação montado num carrossel. Não se espera por isso que o Governo antecipe o futuro com o rigor de um ponto percentual, porque não é futurismo que se espera dele. É realismo que se pede. E é competência que se exige. Gaspar montou uma equação complexa para antecipar a economia dos próximos anos, mas desvalorizou a variável mais importante de todas: a realidade. E essa é a variável que está a furar todas as previsões, que está a inundar os centros de emprego, que está a levar os portugueses a cantar em protesto, que está a ameaçar as ruas com novas invasões populares. 

O governo não pode virar as costas a esta realidade, com a mesma facilidade com que um ministro abandona uma sala depois de um grupo de estudantes o impedir de falar ou que um primeiro-ministro garante que o desemprego não lhe tira o sono. Por isso, quando um ministro assume que voltou a falhar previsões, não pode assumir que os portugueses vão dar a isso pouca importância, encolher os ombros e seguir com as suas vidas. Porque já são demasiadas previsões falhadas e erros demasiado importantes para serem ignorados. A realidade dos portugueses é demasiado séria para ser levada a brincar. E não pode tremer cada vez que se pensa que alguém no Terreiro do Paço vai actualizar gráficos de Excel no computador.» [DE]
   
Autor:
 
Helena Cristina Coelho.
     
 Gaspar tem de regressar à casa de partida
   
«O País está numa espiral recessiva e os portugueses já mergulharam numa espiral depressiva, porque o Governo decidiu gerir o País sem sair do gabinete, porque Vítor Gaspar pôs-se a jogar ao monopólio e assumiu o papel da ‘banca' e, ao mesmo tempo, de jogador, lançou os dados e foi avançando, mas está agora perto de cair na prisão. O Governo só tem uma saída, é regressar à casa de partida e abrir um verdadeiro processo político de renegociação do acordo com a ‘troika'. Um ‘reset'. Para garantir que os últimos 18 meses e o regresso aos mercados não foram um fim em si mesmo.

O programa de ajustamento desenhado em Abril de 2011 esgotou-se, foi executado ao limite, levado ao extremo do suportável. Ultrapassou a linha que separa a austeridade do empobrecimento estrutural e permanente. Uma recessão de 3,8% no último trimestre de 2012 não está em linha com as previsões do Governo, não está em linha com nada nem com ninguém, talvez se aproxime rapidamente da linha dos gregos. Chegou a hora de Vítor Gaspar mudar as regras do jogo que tem jogado, não com os portugueses, como devia, mas com os credores internacionais, a ‘troika'.

O Governo tem, por isso, uma oportunidade única. Quando Vítor Gaspar anuncia que Portugal deverá ter mais um ano para cumprir a redução do défice público para valores abaixo de 3%, está apenas a prolongar a agonia de uma economia e de um povo. Será contraproducente. Será, aliás, a segunda vez no espaço de meses que Portugal negoceia o prolongamento das metas de redução do défice. Como se vê, não chega sequer para compensar os desvios de uma economia que não resiste a um ajustamento suportado em aumento de impostos. Nem o reescalonamento - mais um eufemismo - do reembolso do empréstimo. São aspirinas, que adiam o inevitável. 

O Orçamento de 2013, já aqui o escrevi, não é exequível. Já não era em Outubro, é menos ainda em Fevereiro. Gaspar comprou tempo, não comprou o suficiente. E a revisão das projecções para este ano, uma recessão de 2%, é ainda optimista. Gaspar continua a acreditar que o mundo não mudou assim tanto. Já mudou. 

O Governo não precisa, ainda, de pedir mais dinheiro. Se não fizer essa renegociação, agora, já, aí sim, será inevitável um novo resgate, venha ele a ter a configuração que tiver, com mais dinheiro e mais austeridade. Uma renegociação política do acordo com a ‘troika' interessa a Portugal, interessa à ‘troika'. E só faz sentido se for ambiciosa, se o Governo considerar medidas de excepção para um momento de excepção. Sem pôr em causa a necessidade de fazer o ajustamento das contas públicas.
A reestruturação da economia está em curso, a austeridade está a produzir uma reestruturação mais rápida e mais profunda, surpreendeu um ministro que foi avisado a tempo, e com tempo. Tem, agora, de garantir que os recursos financeiros que deixaram de ser canalizados para os sectores protegidos da economia cheguem aos sectores expostos à concorrência. Não estão a chegar, não há projectos porque não há nenhum investimento que garante uma taxa de rentabilidade suficiente para pagar o custo desse financiamento. Hoje, nem as PPP são financiáveis àqueles juros. Gaspar tem, agora, de garantir incentivos de choque para promover o investimento empresarial privado, ao mesmo tempo que terá de manter o objectivo de redução do peso da despesa pública corrente em percentagem do PIB.

Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar têm, por isso, a partir de 25 de Fevereiro a última oportunidade para causar uma última boa impressão. Vão dar razão a António José Seguro? É justo reconhecer as razões do líder do PS nesta questão, quando, em Julho do ano passado, afirmava em entrevista ao Diário Económico que a sua alternativa à política do Governo era mais tempo para fazer o ajustamento. É a vida. O País é mais importante.» [DE]
   
Autor:
 
(Como é divertido concordar com o director do DE que durante tanto tempo foi um ideólogo oficioso do Gaspar e das suas opções extremistas!) António Costa
   
  
     
 Estranha correlação
   
«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ministro adjunto, Miguel Relvas, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, estão à beira do alerta máximo de segurança. Este nível de ameaça de risco, avaliado pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) e comunicado à PSP, determina um grau elevado de proteção dos governantes.» [CM]
   
Parecer:
 
Há uma elevada correlação entre a incompetência e o risco de segurança, sinal de que os portugueses estão fartos de incompetentes.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos portugueses que os agridam violentamente cantando a Grândola Vila Morena, música extremamente violenta para ouvidos da extrema-direita.»
      
 Afinal a nossa Igreja não era assim tão exemplar
   
«O presidente da Comissão Instaladora da Rede de Cuidadores confirma a existência de relatos de assédio sexual que envolvem o ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo, hoje noticiados pela Visão, mas sublinha à Lusa que "não confunde homossexualidade com abusos".

Álvaro de Carvalho explicou que a associação de defesa de crianças vítimas de maus-tratos está focada nas abordagens, seduções e abusos de menores" e que "não assobia para o lado se tal se verificar com adultos", contudo, salientou que "esta matéria, por aparentemente não existir conduta criminosa, não foi objeto de denúncia ao Ministério Público (MP)".

O responsável da Rede de Cuidadores, organização não-governamental que em dezembro denunciou ao MP casos de abusos sexuais alegadamente cometidos por sacerdotes ou responsáveis de instituições católicas, disse à Lusa que assinala o facto de "a Igreja continuar a dizer que não há casos de cariz sexual".» [DN]
   
Parecer:
 
Durante demasiado tempo a Igreja Católica tentou passar a imagem de que os casos que a atingiam noutros países não aconteciam em Portugal. Agora percebe-se que a Igreja estava convencida de que tudo poderia continuar como estava.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»
   
 A Cândida andava a meter o bedelho onde não devia?
   
«O "Público" escreve hoje que "foi uma pergunta da Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, à diretora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, a questioná-la sobre a eventual existência de um inquérito naquele departamento do Ministério Público que levou a magistrada, que será substituida no cargo em Março, a abrir um inquérito já este ano às atividades da Tecnoforma, uma empresa que teve o atual primeiro-ministro como administrador entre 2006 e 2007. A ligação de Pedro Passos Coelho àquela empresa é mais antiga, tendo o político sido consultor pelo menos a partir de 2001".

Segundo o jornal, "uma fonte do DCIAP adiantou que meses antes foi aberto um outro inquérito no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra às atividades da mesma empresa, que terá sido favorecida por Miguel Relvas, então secretário de Estado da Administração Local, na atribuição de financiamentos (2003 e 2004) para a formação de funcionários das autarquias.

O jornal adianta que "o processo aberto em Coimbra tem por objectivo investigar o financiamento na formação de centenas de funcionários das autarquias da região Centro que alegadamente iriam trabalhar para aérodromos e heliportos municipais, a maior parte dos quais sem qualquer atividade".» [DN]
   
Parecer:
 
Percebe-se agora o porquê da alegria do sindicato patrocinado pelos banqueiros falidos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 O Gaspar vai concorrer com o Santana Lopes
   
«A agência que gere o crédito público, o IGCP, conta lançar nos próximos três meses novos instrumentos de financiamento do Estado dirigidos aos investidores de retalho. Apesar de não ter entrado em detalhes sobre os produtos a ser lançados em breve, o presidente do IGCP deu os exemplos da Irlanda, de França e de Itália na estratégia para atrair a poupança dos investidores de retalho.

No caso irlandês, a agência que gere o crédito público do país criou uma marca própria para o retalho e tem dois tipos de produtos. Além de angariar depósitos entre um a dez anos com taxa fixa e variável, Dublin oferece ainda títulos de dívida, conhecidos como ‘prize bonds'. Estes instrumentos não pagam juros mas dão direito aos seus detentores a entrarem em sorteios semanais e mensais. Todas as semanas, a Irlanda premeia um investidor com 20 mil euros, dá cinco prémios de mil euros, 500 de 100 euros e cerca de 8.000 prémios no valor de 50 euros. Já o sorteio mensal contempla um investidor com um milhão de euros. "É um produto peculiar que poderá fazer sentido explorar", referiu o presidente do IGCP.» [DE]
   
Parecer:
 
Vamos ter o tesouro a fazer concorrência aos jogos da Santa Casa, digamos que também para boas causas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Razão tinha o Sócrates com o ensino de inglês
   
«"Aproveitem a oportunidade de estudar. Não desistam. Não desperdicem o que está hoje ao vosso alcance e que dará os seus frutos quando mais precisarem". Foi com um apelo sentido ao investimento dos jovens na sua educação que o Presidente da República colocou um ponto final no discurso que proferiu esta manhã no Palácio de Belém, em Lisboa, a fechar o encontro da associação Empresários Pela Inclusão Social (EPIS).

"O tempo [de crise] deve ser aproveitado para ir mais longe. Educar e aprender", afirmou ainda o chefe de Estado para logo a seguir acrescentar: "Portugal é um dos países onde é maior o retorno em educação."» [Expresso]
   
Parecer:
 
Cavacco tem toda a razão no que diz aos jovens, só se esqueceu de lhes dizer que estudem muito bem o inglês e partam porque com governantes como ele este país vai ficar pouco recomendável para os nossos jovens mais capazes e habilitados. O país vai ficar boma mas apenas para os calões, para os que seguirem o exemplo desse grande símbolo da liberdade de expressão que é o nosso Relvas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Coitado do Guedes
   
«O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros deplorou hoje a “triste confusão” feita por “grupos minoritários”, que têm perturbado iniciativas onde participam membros do Governo, entre o “direito de se fazerem ouvir” e o “silenciar os outros”.

“Há de facto alguns fenómenos nos últimos dias em que tem havido uma triste confusão entre o direito que todas as pessoas têm de se fazer ouvir, inclusive nos seus protestos, com o direito a silenciar os outros. Porque esse direito a silenciar os outros não existe em relação a nada nem a ninguém numa sociedade tolerante e democrática como a nossa”, disse Luís Marques Guedes, no final da reunião do Conselho de Ministros.» [i]
   
Parecer:
 
É lindo ver um governo que respeita tanto a Constituição  os direitos dos portugueses etar tão empenhado nos direitos dos seus membros.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   

   
   
 photo Luigi-Casagrande-5_zps5a12e997.jpg
  
 photo Luigi-Casagrande-4_zps0e8b0c60.jpg
   
 photo Luigi-Casagrande-3_zpsee8c6691.jpg
   
 photo Luigi-Casagrande-2_zps64e9cf47.jpg
  
 photo Luigi-Casagrande-1_zps124f2ff6.jpg