quarta-feira, março 13, 2013

“Habemus” avaliação?


A palhaçada montada pela troika e pelo governo em torno da sétima avaliação põe a ridículo não só a política que tem vindo a ser seguida, como evidencia a falta de credibilidade a instituições que fazem parte da troika ou ainda a incompetência da rapaziada que aquelas instituições achou que servia para brincar com Portugal.

A troika que fazia ameaças em público agora prolonga as negociações, a troika que fazia chantagem com o dinheiro agora aceita negociar, a troika que usava um palerma chamado O’Connor para avisar o povo português de que ou aceitava tudo ou não levava a próxima tranche agora está muito dialogante. A troika que impunha um programa económico salvador a um povo irresponsável procura agora uma saída que ilibe as suas responsabilidades na destruição da economia de um país.

Estas supostas negociações transformaram-se numa palhaçada de tal ordem que um dia destes ainda vamos ter papa antes de haver avaliação e quando o Gaspar se decidir a fazer a sua conferência de imprensa para explicar como vai prosseguir o seu aturado trabalho de destruição do país, já os fieis ouviram a bênção do novo papa na Praça de São Pedro, no Vaticano. A nossa sorte é não estarmos no Terreiro do Paço, ao relento, esperando que o neto da senhor de Manteigas venha à janela anunciar a boa nova, se assim fosse até a estátua equestre do D. José se fartava e um dia destes o cavalo aparecia deitado.

Então não foi o Gaspar quem teve a ideia de rever as funções do estado, ideia a que o Passos Coelho, que como se sabe é um intelectual de primeira água, designou por “refundação” para dois ou três dias depois o pequeno Marques Mendes ir à TVI explicar quantos milhões seriam cortados em cada função social do Estado? Então não foi o governo que para chegar a um corte de 4 mil milhões sugeriu ao FMI um portefólio de cortes de 12 mil milhões num estudo que elaborou e a organização do palerma do Salassie emprestou a sua chancela? Então não foi o governo português que organizou um debate num palácio, com os portugueses de primeira para discutir como aumentar os impostos e os cortes aos portugueses de segunda e criar um estado social exclusivo para os portugueses de terceira? Então não é este governo que anda há meses a dizer que o corte é de 4 mil milhões e que não há dinheiro para manter o estado social?

Se assim como é que agora dizem que de um lado está a troika a exigir um corte de 4 mil milhões e do outro está um governo a opor-se? É evidente que toda esta avaliação é uma palhaçada pouco abonatória para um governo e que põe em causa a credibilidade internacional do FMI e da União Europeia.
Enfim, a dúvida é saber quem vem primeiro à janela, se o novo papa para explicar aos fieis como vão ter de expiar os pecados do mundo, ou se o Gaspar para explicar aos portugueses que trabalham a que penitência adicional vão ser condenados para pagarem pelos pecados dos banqueiros e de outros canalhas do nosso jet set económico, jornalístico, judicial e político.