segunda-feira, abril 29, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Palácio da Bemposta, sede da Academia Militar de Lisboa
 
 Com senso?

Se há coisa que não se pode dizer do discurso de Cavaco Silva é que foi um discurso com senso. Até parece que Cavaco pediu a equivalência a Presidente da República da Lusófona e aproveitou o 25 de Abril para ir festejar o canudo para o parlamento!

 O Gasparoika tem de explicar

Durante quase dois anos o caso dos swap foi abafado pelo ministro das Finanças que preferiu que o buraco aumentasse a denunciar um caso que punha em causa gente do PSD e membros deste governo. Agora promoveram uma mini remodelação pela calada da noite e tentam sugrerir que a culpa foi de Sócrates, como se militantes do PSD que chegaram a membros deste governo fossem boys do governo do PS.

Perante a denuncia do buraco causado por esta gente o que fez o Gasparoika, protegeu os interesses do país ou ignorou-os para abafar o caso e proteger a imagem do governo e dos seus membros irresponsáveis, senão mesmo corruptos?
 
 Cavaco tem de impedir eleições legislativas

Se estas se realizarem e o PS as ganhar só restará a Cavaco Silva a admitir que o seu comportamento partidário enquanto "p"residente provocou graves prejuízos ao país e à democracia e, em consequência, resignar. Cavaco não luta pelo país, luta pela sua sobrevivência e já ninguém o poderá ajudar a terminar o mandato com dignidade., acabar talvez, com dignidade já não será possível, perdeu-a neste dia 25 de Abril.

É a ironia da história, aquele que nunca usou cravo nessa data acabou por ficar encravado nesse mesmo dia.

 Sinais de desorientação


Aquilo que Cavaco fez no 25 de Abril foi um sinal claro de desorientação política que se está a alastrar à direita. Cavaco sabe que vai acabar sendo acusado de tudo o que sucedeu, incluindo as eleições que levaram o seu partido ao poder. O seu discurso não passou de uma forma atabalhoada de tentar impor o governo do Gaspar como se fosse um governo de salvação nacional que o PS devia apoiar incondicionalmente.
 
A direita não resistiu à gula e durante um ano e meio o país assistiu a uma verdadeira orgia, cada um propunha uma reforma, um despedimento colectivo, um corte de vencimentos ou de pensões. O país assistiu a este soltar dos cães, a uma política governamental sem quaisquer regras, com um Gaspar a decidir vagas sucessivas de medidas de austeridade, com cada pacote a ser mais brutal do que o anterior.
 
Para calarem qualquer voz discordante ameaçava-se com a troika, dizia-se que o país tinha perdido a soberania ou fazia-se a propaganda dos sucessos, Portugal voltava a ser um oásis no meio dos países do sul, era um caso de sucesso todos os dias elogiado pelos alemães. Só que a realidade está a impor-se à propaganda, a recessão agrava-se, o desemprego continua a acrescer, a receita fiscal afunda-se e o ministro das Finanças insiste nas suas políticas com uma teimosia que lembra o baterista dos Marretas.
 
O PSD já percebeu o logro em que caiu, a política do Gaspar é incompetente, em substituição de tudo o que Passos destruiu por ser obra de Sócrates não apareceu nada, e mesmo perante o desastre insistem em destruir o que podem enquanto tiverem tempo. Já não está em causa fazer sair a economia da crise, o que Gaspar e Passos pretendem é apenas destruir o mais possível o modelo económico e social de que discordam enquanto estiverem no poder.
  
Gaspar e Passos consideram que a destruição do Estado Social será um grande legado e percebendo que estão politicamente perdidos tentam agora impor as suas concepções ao país da pior forma, destruindo o que existe. De política desastrosa em política desastrosa, de desvio colossal em desvio colossal Vítor Gaspar e esta direita extremista vai tentar fazer o país vergar às suas concepções extremistas e anti-democráticas. Já não é só o Estado Social que está em causa com gente desta, é também a democracia e a própria paz.



  
 Nem maioria, nem governo, nem presidente
   
«A tolerância com o Presidente da República Cavaco Silva já faz parte da história da democracia portuguesa. Encolhiam-se os ombros quando ele se recusava a explicar lucros extraordinários numa compra e venda de títulos, assobiava-se para o lado quando, duma forma arrogante, afirmava a sua superioridade moral perante o comum dos mortais, engolia-se em seco quando ele promovia e apoiava patéticas conspirações contra um governo. - o episódio das escutas levaria num país minimamente civilizado à sua imediata demissão.
   
A paciência esgotou-se quando Cavaco Silva insultou todos os portugueses afirmando que ia ter muitas dificuldades em não ir às suas poupanças ganhando apenas cerca de 10 000 euros mensais em pensões.
   
Apesar de tudo, alguns preferiram não dar muito relevo a mais esse inconcebível desvario em razão das circunstâncias do País. Com a crise económica a acentuar-se, a crise política seria inevitável e, por isso mesmo, era importante preservar a imagem institucional do Presidente da República. No fundo, era necessário que o Presidente da República mantivesse a sua capacidade política para que fosse respeitado e se constituísse num mediador com peso num momento de extrema importância e fragilidade. Seria, e continua a ser, necessário construir pontes, gerir sensibilidades, criar consensos e, no limite, encontrar soluções de governo ou marcar eleições. Era fundamental que se percepcionasse o Presidente como equidistante dos partidos e das suas visões programáticas para que as suas decisões fossem vistas nos momentos decisivos como imparciais.
  
A esmagadora maioria dos que tantas vezes votaram em Cavaco desistiram dele no episódio das pensões. Cavaco desistiu de ser Presidente da República, na quinta-feira, quando renunciou a representar todos os portugueses.
  
Desistiu porque, de facto, desistiu de buscar consensos e optou pela mais radical das opções. Desistiu porque, numa altura em que todos lhe pediam que arbitrasse, ele decidiu colocar-se num dos campos. Desistiu porque se tornou na maior fonte de crispação política quando hipocritamente apelou ao fim dela.
  
Cavaco Silva fez um discurso absolutamente irresponsável. Dividiu o País em dois, cavou com as suas próprias palavras uma trincheira e preparou-se para o combate dum dos lados. Que consensos pode agora promover? Que diálogos pode gerar ? Que confiança pode inspirar?
  
Não, não vale a pena lembrar "os portugueses atingiram o limite dos sacrifícios" ou o "sobressalto cívico" de há dois anos e casar as frases com a presente "não se deve explorar politicamente a ansiedade e a inquietação dos nossos concidadãos". É náusea garantida. Também não vale a pena recordar a "espiral recessiva" de há apenas três meses. A falta de memória auto-infligida já não é propositada, é apenas desprezo por quem nos falha em tão decisivo momento. E não, também não é raiva pela incapacidade do nosso mais importante representante de não perceber o sentimento popular. O verdadeiro consenso que vai da esquerda à direita, de grande parte do seu PSD, dos seus próprios apoiantes, de todos os parceiros sociais. O consenso que rejeita a solução que agora é benzida por Cavaco Silva. A que, de forma clara e cristalina, ele acha que, apesar dos problemas, tem um saldo positivo. Um saldo positivo de miséria, de desemprego, de recessão, de incompetência, dum futuro sem perspectivas. Curiosamente, Cavaco vocifera contra as políticas de austeridade europeias e faz o tal balanço positivo das nossas. A irresponsabilidade é parente próxima da inconsciência.
  
Mas que fique rigorosamente claro: ninguém lhe pedia que escolhesse um lado, que optasse por contestar ou mesmo demitisse o Governo. Bem pelo contrário. Apenas que actuasse como Presidente da República nas circunstâncias presentes. Que se pusesse acima dos partidos, que fosse um fazedor dos consensos, um conciliador de vontades.
  
Mas Cavaco Silva não desistiu só de ser verdadeiramente um Presidente da República. Parece também ter desistido da Democracia. No dia 25 de Abril, na casa da democracia portuguesa, Cavaco Silva teve a ousadia de dizer que resultados de eleições nada mudariam, que "de nada valerá integrar o Governo ou estar na Oposição". Como se a decisão dos cidadãos de nada valesse, como se as opções dos portugueses devam ser desprezadas se não forem as consideradas certas por Cavaco ou a troika ou a Europa ou por quem quer que seja. Como se o povo não fosse soberano e tivesse que ser guiado por um qualquer iluminado.
  
A maioria deixou de o ser, o Governo está em desintegração e desde quinta-feira nem Presidente temos. E ainda há quem diga que não estamos a viver uma crise política.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.

(induzido em erro pelo DN a autoria deste artigo foi indevidamente atribuída a Alberto Gonçalves. Aqui ficam as desculpas aos dois e aos que estranharam a mudança de Alberto Gonçalves)

 Sorria, está a ser roubado
   
«Contratos swap são instrumentos de gestão financeira altamente especulativos. Um daqueles investimentos em que nenhum leitor de boa-fé gostaria de ver o seu dinheiro, sobretudo a partir da crise de 2008. Uma espécie de casino em que se perde sempre.

Não foi o que pensaram os administradores de nomeação governamental da maioria das empresas do sector empresarial do Estado. A partir de 2008, e com especial destaque para as empresas de transportes, qualquer novo empréstimo implicou a subscrição destes instrumentos especulativos em que os “azares” do Estado resultam numa mina de ouro para a banca.

Só a Metro de Lisboa, cuja dívida total é de 4117 milhões de euros, tem contratos swap assinados no valor de 5551 milhões de euros. Esta empresa, no primeiro semestre de 2012, perdeu em juros e perdas swap 297 milhões, o equivalente a dois anos de salários dos seus trabalhadores e, considerando a totalidade do que terá sido investido neste casino, pensa-se que poderá vir a perder o equivalente ao valor de 18 anos de bilhetes e passes dos utentes. Mas a Metro do Porto lidera este campeonato do descalabro financeiro. Os prejuízos já atingem os 832,4 milhões de euros, o equivalente a 142 anos de salários dos seus trabalhadores ou 23 anos de transporte gratuito.

Na Assembleia da República, PCP e BE denunciaram-no ao passo que PS, PSD e CDS iam fazendo saltitar os “empreendedores” administradores públicos entre empresas do Estado e o governo. Aliás, mesmo os representantes da banca envolvidos na negociata são hoje administradores dos interesses do Estado, como António Borges, que cuida das privatizações, ou Moreira Rato, que cuida das renegociações com os antigos patrões.

Como diria o Presidente da República é preciso criar os consensos necessários... para que o roubo continue, acrescento eu.» [i]
   
Autor:
 
Tiago Mota Saraiva.
   
  

   
 Cavaco desorientado
   
«O Presidente da República exortou hoje os partidos políticos a estudarem cuidadosamente a fase 'pós-troika' para evitar sacrifícios desnecessários aos portugueses e para que depois não lhe digam que não os avisou em devido tempo.

"Não me venham dizer depois que eu não avisei em devido tempo que é preciso desde já, no fim de abril de 2013, ter em consideração os desafios e as exigências que serão colocadas a Portugal depois de terminar o programa de ajustamento", afirmou.

Cavaco Silva falava aos jornalistas à margem do 34.º Congresso Nacional de Cardiologia, a cuja sessão de abertura presidiu, e que decorre até terça-feira num hotel de Vilamoura.

De acordo com o Presidente da República, é fundamental que todos os partidos, deputados e agentes políticos portugueses estudem muito cuidadosamente o que é que significa o 'pós-troika' e quais os desafios e exigências que advêm do final do programa de assistência financeira, para que não sejam exigidos sacrifícios desnecessários aos portugueses.

"Depois introduzam as condições que nos vão ser colocadas nos seus raciocínios políticos, nas suas atitudes", apelou, acrescentando que basta estudar os documentos divulgados pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional, tarefa que diz já ter cumprido.» [DN]
   
Parecer:

cavaco tenta responder aos que o criticaram passando-lhes um atestado de falta de aplicação, sugerindo que estudem o pós troika. O problema não está no pós troika e neste país todos os democratas dispensam as suas lições de economia, aquilo que Cavaco falou no 25 de Abril não foi da economia pós troika, foi da democracia pós troika e o que ele disse foi que a democracia era inútil.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

      
 O país vai livrar-se do Gasparoika
   
«A última remodelação do Executivo de Passos Coelho, feita por fases, parece não ter sossegado os espíritos quer dos centristas quer dos sociais-democratas. De acordo com o Jornal de Notícias a cabeça do ministro das Finanças continua a ser a mais pedida e fontes da maioria acreditam que a saída de Gaspar já terá sido mesmo acertada com o primeiro-ministro.» [Notícias o Minuto]
   
Parecer:
 
É uma questão de salvação nacional o país mandar o Gasparoika para que o aturem em Bona.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Passos se já pediu outro Gasparoika à senhora Merkel.»
   

   
   
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