quarta-feira, janeiro 22, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Retrosaria Bijou, Baixa de Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Marques Mendes, irmão de uma conhecida deputada

Esta separação da qualidade de cidadão em relação à de gerente diz tudo quanto a um personagem que parece achar que enquanto gerente se pode fazer o que na qualidade de cidadão é reprovável. O que este senhor sugere é que no mundo empresarial não há valores.

«“Ao contrário do que é insinuado no título da notícia, nenhum facto me diz pessoalmente respeito, a saber: a) contrato de venda de ações a que a notícia faz referência não respeita a qualquer transação pessoal feita por mim; b) muito menos intervim em qualquer venda ilegal, e muito menos, ainda, em fuga ao pagamento de impostos”, garante o ex-líder do PSD.

E, prossegue o comentador político, na senda dos esclarecimentos que fez questão de prestar por via da rede social: “Toda esta matéria tem a ver com relações entre empresas, de que fui gerente (e não sócio ou acionista) até há dois anos e em relação às quais, importa dizê-lo, há conflitos societários entre dois acionistas, objeto, inclusive, de processos judiciais em curso, há vários anos, e aos quais sou complemente alheio”.

Posto isto, continua, “a única intervenção que tive na matéria tratada na notícia, foi ter assinado, em 2011, na minha qualidade de gerente, e conjuntamente com um outro gerente, um contrato de venda de ações, contrato esse de resto que nunca foi declarado ilegal ou inválido, por qualquer entidade, designadamente judicial, havendo até já duas decisões judiciais que o dão como válido e legal”, sendo que, acrescenta, “é em relação a este contrato, celebrado entre duas sociedades, que a Fazenda Pública de Viseu terá entendido, muito recentemente (já depois de eu ter cessado as minhas referidas funções de gerente) que a venda das ações foi transacionada por valor inferior ao que deveria ter sido”.» [Notícias ao Minuto]

 
 Beauty - Rino Stefano Tagliafierro

 
 O governo e a ciência

Quem diz que o governo não aposta na ciência? Nenhum governo investiu tanta na ciência de enganar e espoliar os portugueses, na ciência de destruir os direitos laborais, na ciência do desrespeito pela Constituição, tudo projectos científicos de grande interesse para o tipo de empresário de que este governo gosta. É a ciência ao serviço das empresas como sugeriu a Santinha da Horta Seca.
 
      
 O elefante no meio da sala
   
«Marcelo não se importou com os mimos que Passos lhe dedicou, "cata-vento de opiniões erráticas", "alguém que busca a popularidade fácil", entre outros, e, em vez de assobiar para o lado e fingir que não percebia que aquilo era com ele, aproveitou para se pôr no centro da discussão: todos os outros possíveis candidatos do centro-direita serão avaliados em função de Marcelo. E não há quem não saiba - inclusive o próprio - que Marcelo é, de longe, o candidato mais forte desse espectro ideológico. Com Durão, a direita terá uma derrota humilhante - ninguém estará esquecido destes anos, nem da quebra de contrato entre ele e o eleitorado -, a hipótese Rio não passa duma jogada para o tentar afastar de outras possibilidades nada do agrado do atual poder no PSD e, convenhamos, abordar a possibilidade Santana Lopes roça o humorístico. A partir de agora, todos os outros possíveis candidatos não passarão de segundas escolhas. O ex-líder do PSD sabe melhor que ninguém a insustentável leveza das palavras em política e também não desconhece que há muita água para passar debaixo das pontes. Não é certo, muito pelo contrário, que a situação política e social seja de molde a dar muito espaço a Passos, e, além disso, todos sabemos que o primeiro-ministro não se prende muito às suas próprias palavras. De toda a forma, Passos prefere perder as presidenciais a ter Marcelo como presidente, o que pode não querer é ser responsabilizado por uma derrota estrondosa. Serão estes aspectos que ditarão o apoio de Passos a Marcelo. Algo diferente será o apoio não oficial do PSD ao professor: pode ser este o Cristo que fará Marcelo candidatar-se sem o apoio do presidente do seu partido. Talvez. Ainda falta muito.» [DN]
   
Autor:
 
Pedro Marques Lopes.
      
 Além de Marcelo,Passos excluiu mais
   
«Passos Coelho traçou o perfil e Marcelo concluiu que não encaixa. Espero que outros, também indesejáveis para candidatos a Presidente, tirem as devidas conclusões. É que o líder do PSD, para o tal perfil, se só usou três parágrafos, atirou borda fora uma multidão. Quem foram os excluídos? Sabe-se, Passos não quer "cata-vento de opiniões erráticas", Marcelo acusou o toque e disse: tá bem, saio. Mas, repito, há outros. Passos quer um PR com "papel construtivo" (logo, não será Vasco Pulido Valente), "positivo" (nem Medina Carreira) e que "não complique" (Manuela Ferreira Leite). Mais: "O PR deve comportar-se..." (não pode ser Jardim). Quere-o "moderador" (sem surpresa, Passos não quer Ana Gomes). Quer um PR "movendo-se" (não será, pois, Seguro). Que tenha "respeito pelos partidos" (não será um taxista). "Evitando tornar-se protagonista" (bye-bye, Mourinho!) ou "catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes" (nem pensar, Mário Nogueira!). Não deve ser "cata-vento de opiniões erráticas" (esse já se assumiu) e buscar a "popularidade fácil" (não será Tierry, da Casa dos Segredos). "Não podendo ter partido" (niet, Jerónimo), "não pode colocar-se contra os partidos" (é, além da Constituição não o permitir, Passos também não quer a candidatura das capas do Correio da Manhã). E Passos admite um candidato "ainda que possa não obter a aprovação generalizada dos políticos em confronto" - quer dizer, não está a pensar na Joana Amaral Dias.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.
      
 O novo oásis
   
«Num dia de Julho de 2011, ao tempo em que era embaixador em Paris, fui a uma televisão debater com um representante de uma agência de ‘rating' a forte degradação da nota portuguesa, pouco depois da assinatura do Memorando com a ‘troika'.

Em irónica esquizofrenia, puniam-se as novas medidas de ajustamento com que Portugal se acabara de comprometer dado o seu impacto recessivo. À saída, o meu interlocutor, disse-me: "Portugal não é o problema. A questão para o euro está na Espanha e na Itália. No dia em que a Europa conseguir convencer os mercados de que suportará aqueles países, a vossa vida tornar-se-á mais fácil".


Tinha razão. A partir do momento em que a acção persistente do BCE convenceu os mercados da determinação europeia em sustentar a moeda única, quando os fantasmas sobre as economias espanhola e italiana começaram a dissipar-se, as pressões dos mercados atenuaram-se. Isso reflectiu-se sobre as taxas de juro portuguesas, ajudadas pelo facto da ‘troika' premiar, em nome dos credores, o zelo do governo nas medidas para o ajustamento. Taxas que, contudo, continuam incomportáveis, afectando já bastante a taxa média da nossa dívida, o que suscita, aliás, questões de fundo a que todos fogem.


Gostava de voltar ao Memorando, que hoje já ninguém lê, e aos seus objectivos: "Reduzir o défice das administrações públicas para (...) 5.524 milhões de euros (3% do PIB) em 2013, através de medidas estruturais de elevada qualidade, minimizando o impacto da consolidação orçamental nos grupos vulneráveis. Baixar o rácio da dívida sobre o PIB a partir de 2013". Onde tudo isso vai!


Como dizia o outro, é fazer as contas. O défice não será de 3%, mas cerca de 5,5%, e, em lugar dos 5.220 milhões de euros previstos, os números mostram que estamos acima de 9.000 milhões "Medidas permanentes de alta qualidade" pouco se vêem, com meros cortes ad hoc a serem os responsáveis essenciais pelo conseguido. Quanto à minimização do "impacto da consolidação orçamental nos grupos vulneráveis", estamos conversados. O rácio da dívida sobre o PIB não só não declinou a partir de 2013 como aumentou nesse mesmo ano. Não acertaram uma!


Abstenho-me de elaborar sobre um desemprego que se mantém a níveis altíssimos, não obstante uma emigração que está já nas médias mais altas do século passado (com um inédito ‘brain drain'), números impressionantes de falências, um forte empobrecimento da classe média e camadas mais indefesas, esmagadas por aumentos nos transportes, na energia, na saúde, etc. Esqueçamo-nos também de um país dividido como nunca, onde se incita o privado contra o público, os novos contra a "peste grisalha", os activos contra os pensionistas.


A ‘troika' vai sair, nós ficaremos por cá, na convalescença do "sucesso", a caminho do novo oásis. As eleições são dias depois. Aposto em como vai haver dinheiro para os foguetes.» [DE]
   
Autor:

Francisco Seixas da Costa.
   
   
 Cidadão exemplar, mas um gerente descuidado
   
«João Gouveia, o único sobrevivente da tragédia que levou à morte de seis estudantes da Universidade Lusófona, ainda não prestou declarações à polícia por se encontrar num estado de “amnésia seletiva”, conta o Diário de Notícias. O jovem está a ser acompanhado por um psicólogo que avaliará quando João estará apto para se submeter ao inquérito das autoridades.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Também me dava jeito ter uns ataques de amnésia selectiva, principalmente na hora das contas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Desejem-se as melhoras ao rapaz, novas e mais radicvais praxes académicas esperam pelo seu contributo.»
  
 Mais candidatos ao conforto europeu
   
«O MAS integra elementos da FER (Frente de Esquerda Revolucionária), que abandonou o Bloco de Esquerda (BE), nomeadamente Gil Garcia.

O partido foi legalizado em agosto, quando o Tribunal Constitucional (TC) revelou que a força política poderia a partir de então concorrer a eleições, após a entrega de perto de 20 mil assinaturas para a sua formalização enquanto partido.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

São quase todos contra a UE mas na hora do tacho todos querem ir para o Parlamento Europeu.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Grupo GPS caiu em desgraça?
   
«Os colégios do grupo GPS, que têm vários contratos de associação financiados pelo Estado, estarão a ser alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária, segundo avança a TVI.

A investigação estará já a decorrer há mais de um ano e em causa estarão crimes de corrupção, branqueamento e enriquecimento ilícito, aponta o site da estação televisiva. » [DN]
   
Parecer:

Este grupo recebeu quase 50 milhões de euros do Estado e até parece um BPN do ensino.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Crato qual o motivo da zanga.»
   
   
 Só agora?
   
«A Universidade Lusófona de Lisboa, na qual estudavam os seis universitários que morreram na praia do Meco, decidiu abrir um inquérito interno para "aclaração dos factos" e "lançar luz sobre a génese do acontecimento" que vitimou os estudantes.

Num despacho conjunto do reitor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Mário Moutinho, e do administrador Manuel Damásio, datado de hoje, a universidade determinou "abrir um inquérito para aclaração dos factos que tiveram lugar durante o fim de semana em que ocorreram as mortes dos estudantes".» [DN]
   
Parecer:

Digamos que os senhores da Lusófona têm andado muito distraídos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apurem-se as responsabilidades da Lusófona.»
   
 Este está a gozar conosco
   
«Depois de uma reunião organizada pela associação Portugal Outsourcing, esta manhã, na Embaixada de Portugal em França, sobre investimentos franceses no nosso país, o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Pereira Gonçalves, disse que a saída de quadros, com elevada formação académica, do nosso pais, "traz coisas boas para Portugal". 

Convidado pelo Expresso a explicar melhor a sua ideia, disse: "A exposição dessas pessoas no estrangeiro é positiva para Portugal e, depois, elas podem regressar ainda mais qualificadas e experientes, é bom que elas saiam do país, embora o devam fazer por livre vontade e não por necessidade".

"Por exemplo, acrescentou o governante português, o caso de Carlos Tavares à frente da Peugeot-Citroen é uma mais-valia, é bom para o nosso país ter quadros destacados no estrangeiro".» [Expresso]
   
Parecer:

O rapazola confunde um quadro que vai trabalhar um ano numa universidade estrangeira com quadros que abandonam Portugal sem intenção de regressar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
   
 Mais um milagre da Santinha da Horta Seca
   
«Além da reclassificação das despesas de I&D, também as despesas com equipamento militar deixam de ser consideradas como um consumo intermédio e passam a ser classificadas como investimento.

As alterações ao Sistema Europeu de Contas vão fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano aumente mais de 2%, acima da estimativa mais alta do Eurostat, afirmou hoje o INE.» [i]
   
Parecer:

Devem ser mandados parabéns à Santinha pelo inesperado crescimento económico.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Mais um milagre da Santinha da Horta Seca
   
«Portugal atrairá mais investimento em 2014, o primeiro ano de crescimento neste capítulo "em muitos", num padrão idêntico ao que ocorreu em Espanha em 2013, segundo o ministro da Economia, António Pires de Lima.

"Portugal vai, muito rapidamente, ao longo de 2014, dar nota do mesmo padrão que em Espanha se verificou em 2013. Espanha tem uma pequena vantagem: não chegou ao ponto de pedir a assistência financeira, enquanto Portugal teve que pedir, com todos os custos que isso implicou do ponto de vista de credibilidade e reputação", declarou Pires de Lima, em Madrid.» [i]
   
Parecer:

Este milagreiro foi chegar, ver e vencer.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Parta-se em romaria de devotos da Santinha da Horta Seca.»
     

   
   
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