sexta-feira, março 28, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Vista de Lisboa desde o Miradouro de Monte Agudo
  
 Jumento do dia
    
Marques Guedes

Se alguém merece ser alvo de críticas é a comunicação social e muito menos os partidos da oposição, se Marques Guedes quer criticar alguém que critique a sua colega do ministério das Finanças, a única responsável pela informação prestada e pela sua qualidade. Mas é óbvio que para criticar a ministra é necessária muita coragem e Marques Guedes prefere dar aquele ar de político sérior e aproveita-se dos erros do seu próprio governo para dar os seus golpes baixos.

«Marques Guedes lembrou que o grupo de trabalho criado pelo executivo para estudar a matéria ainda não apresentou qualquer relatório sobre o tema e as hipóteses hoje avançadas na imprensa não vinculam o Governo.

"[As propostas] Nem sequer vinculam o grupo [de trabalho] nesta fase e muito menos vinculam o Governo ou o conselho de ministros porque ainda não recebeu nenhum relatório sobre esta matéria", sublinhou, acrescentando que a "interpretação" de alguma imprensa sobre o ponto de situação dos trabalhos nesta área é "no mínimo exagerada".

Num encontro informal com jornalistas, fonte oficial do ministério das Finanças disse que o Governo está a avaliar a possibilidade de aplicar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) de forma permanente, ajustando o valor das pensões a critérios demográficos e económicos, devendo o impacto da medida ser quantificado no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) em abril.» [Notícias ao Minuto]
 
 Terão sido electrocutados?
 
Foi notícia que Cao Guangjing, o patrão de Catroga e Mexia, foi afastado da eléctrica chinesa e o assunto quase nem foi notícia e passadas poucas horas o assunto foi banido da comunicação social. Digamos que para os nossos jornalistas serem electrocutados nem é necessário meter-lhe o cabo no dito cujo, basta recordar-lhes o peso da publicidade da EDP nos seus ordenados.

 Onde está Paulo Portas?
 
Paulo Portas deve estar a bordo de um dos seus submarinos pois desapareceu da comunicação social como se fosse o Cao da EDP. Nem mesmo a confusão que se assistiu na sequência do briefing do ministério das Finanças o fez aparecer, ele que consta ser o coordenador económico do governo.
 
 Do it for Denmark!


Cá foi o Passos Coelho que assumiu a tarefa por todos os portugueses.
 
      
 Passos Coelho, o calcinhas português
   
«Em mais uma reação ao "Manifesto dos 70", que tão nervoso deixou o governo, Passos Coelho disse que ele revela "uma concepção infantil, nem sequer é política, da Europa". Infantil porquê? "Estão a falar de uma Europa que não existe, nem existirá e ainda bem, porque ninguém aceitaria uma Europa em que uns poupam para que outros possam gastar". Repare-se que Passos não apela a um suposto realismo. Ele diz que ainda bem que a tal Europa não existe. E explica que essa Europa que felizmente não existe é aquela em que uns poupam e outros gastam. A dicotomia não é entre credores e devedores, centro e periferia, economias mais e menos desenvolvidas. Nada disso. Ele remete-nos para distinções éticas. Uns são poupados, outros gastadores. Eles vítimas pacientes, nós abusadores infantilizados.

Podia discutir a infantilidade (devolve-se o epíteto) deste ponto de vista. Mas isso obrigar-me-ia a descer o nível intelectual do debate até à imbecilidade. Não consigo. Poderia mostrar, através de quase todos os dados fundamentais, como este preconceito racista (estou a medir as palavras) é contrariado por quase todos os factos. Mas isso só faria sentido se estivesse a discutir com alguém que não conhece a realidade do País. O preconceito perdoa-se ao ignorante. Podia indignar-me com a utilização de estereótipos como arma política. Mas isso só faria sentido se estivesse a debater com um qualquer político estrangeiro e me visse obrigado a defender o bom nome de Portugal. Na realidade, tal como disse Constança Cunha e Sá,  apenas um líder de um partido de extrema-direita do norte da Europa teria o desplante de fazer este tipo de simplificação das relações entre Estados membros da União Europeia e lançar este anátema sobre os países periféricos. Acontece que esta frase é do primeiro-ministro de Portugal. É ele, e não Angela Merkel ou mesmo Marine Le Pen, que se encarrega de alimentar o preconceito contra os portugueses.

Indigna-me a insensibilidade social de Passos Coelho, que muitas vezes se evidencia na frieza com que fala do "ajustamento interno" (que, traduzido para a vida prática, corresponde ao engrossar do exército novos pobres vindos da classe média, que deixaram de poder comer peixe e carne ou de aquecer a casa). Mas poucas coisas me deixam mais perplexo do que o seu deslumbramento provinciano. Um sentimento comum em muitos portugueses, que se traduz nos elogios ao que se faz "lá fora" e à autoflagelação por coisas que "só neste País" acontecem. Um complexo de inferioridade que é responsável por muitos dos erros que cometemos no passado recente, a começar pela falta de sentido critico que mantivemos em todo o processo da nossa integração europeia. Mas como Passos Coelho a coisa chega a um ponto que roça o racismo contra nós próprios. Se isso seria incómodo em qualquer cidadão, num primeiro-ministro de um país em crise, deprimido e intervencionado por instituições externas, é assustador. Como pode o governo negociar com outros Estados e instituições externas se o homem que o dirige é o primeiro a produzir o argumentário e a reproduzir os preconceitos que são usados contra o seu próprio povo?

No passado, quando Portugal ainda tinha um Império, usava-se um termo para os mestiços assimilados, que supostamente queriam ser considerados "civilizados". Eram os "calcinhas". Apesar da ter várias leituras, conforme quem a usava, a expressão era geralmente pejorativa e carregada de preconceito. O africano podia fazer o esforço para se vestir como o branco, falar como o branco e até pensar como o branco. Podia também ser mais instruído que o colono vindo das berças. Aos olhos do branco, nunca seria um deles. Um "preto de calcinhas", mas um "preto". É uma coisa que o nosso "calcinhas" um dia perceberá sobre si próprio e o papel que decidiu desempenhar nesta Europa em crise: que se pode esforçar para repetir o que os líderes das Nações que ele considera "civilizadas" pensam sobre esta "piolheira" e a excelente opinião que têm - e ainda bem para eles - sobre os seus próprio Países. Pode até dizer o que apenas o alemão mais preconceituoso pensa de nós. Será sempre apenas e só "the nice guy", como lhe chamou Angela Merkel quando o conheceu. Um "tuga" que gostaria de não o ser e que vive deslumbrado pelo seu próprio "colono".» [Expresso]
   
Autor:
 
Daniel Oliveira.
   
   
 O peixe das águas profundas veio à superfície...
   
«Jaime Gama, antigo presidente da Assembleia da República, foi hoje eleito, por unanimidade, em Ponta Delgada, para presidente do conselho de administração do Banco Espírito Santo (BES) dos Açores para o triénio 2014/2016.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Era assim que o designava Mário Soares que agora poderá dizer que em vez de um político de águas profundas passa a ser um bancário de notas superficiais.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
 Boas novas do ajustamento bem sucedido
   
«"Com índices de gravidade diferentes, Portugal está com problemas sociais graves, mas são praticamente os mesmos que foram identificados pelo Chipre, pela Grécia, pela Itália", disse Eugénio Fonseca à Lusa no final da apresentação de um relatório da Cáritas Europa, em Atenas.

O relatório "A crise europeia e o seu custo humano" analisa o impacto das políticas de austeridade que estão a ser aplicadas nos países da UE mais afetados pela crise (Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia e Espanha) e os seus efeitos na vida das pessoas.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Aos poucos a imagem de sucesso vai dando lugar á realidades.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
   
 Mais boas novas do ajustamento bem sucedido
   
«O presidente da Federação das Associações de Dadores de Sangue (FAS) denunciou hoje que "há gente com fome que quer mas não consegue dar sangue, porque tem as hemoglobinas em baixo, por não comer o que devia".

O alerta foi dado por Joaquim Moreira Alves, durante a cerimónia que assinala o Dia Nacional do Dador de Sangue, que juntou dezenas de dadores no Parque da Saúde, em Lisboa.

Na sua intervenção, Joaquim Moreira Alves, presidente da FAS, revelou-se preocupado com as consequências da fome na saúde de alguns dadores que, ao serem confrontados durante o exame médico com os níveis baixos de hemoglobina, não podem doar sangue.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Isto está a ficar feio.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Lambretas.»
   
   
 Ridículo
   
«O Governo aprovou um conjunto de medidas de simplificação e modernização administrativas, destinadas a modernizar a Administração Pública, em particular, o atendimento ao público.

Entre as medidas aprovadas esta manhã em Conselho de Ministros e anunciadas pelo ministro Marques Guedes, está a possibilidade da dispensa de apresentação de documentos ou de informação já detida pela própria Administração Pública (mediante o seu prévio consentimento), bem como a «desmaterialização e utilização de novas tecnologias em diversos aspetos da atividade administrativa».

Foi igualmente aprovada a criação de uma «Linha do Cidadão», na qual estarão todas as outras linhas públicas telefónicas de atendimento nacional.» [A Bola]
   
Parecer:

Ao fim de mais dois anos sem terem feito o que quer que fosse na modernização do Estado inventam umas colheres de pau para poderem dizer que estão fazendo alguma coisa. Estão a mudar os nomes para inventarem trabalho.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
   
 Uma anedota chamado Maduro
   
«Com o primeiro-ministro em Maputo e a ministra das Finanças em Washington,  Miguel Poiares Maduro, o ministro adjunto e responsável pela comunicação do Governo, não foi informado do encontro que quarta-feira decorreu nas Finanças com jornalistas de seis orgãos de comunicação social. "O Governo no seu todo foi surpreendido", confirmou ao Expresso fonte oficial.

A informação divulgada e que preencheu parte das manchetes dos diários enfureceu o primeiro-ministro, que prontamente desmentiu as informações que correm em Lisboa pedindo "serenidade" aos membros do Governo e classificou como "especulação" as notícias sobre novas fórmulas de cálculo das pensões.

Fonte próxima do primeiro-ministro, em Lisboa, confirmou ao Expresso que "o Governo tem tentado evitar passar para a imprensa informação que não cola com a realidade, mas desta vez correu mal".» [Expresso]
   
Parecer:

Pobre coitado, o ministro dos briefings foi rasteirado por um briefing.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
     

   
   
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