quarta-feira, abril 02, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Pormenor de flor do Parque Florestal de Monsanto
  
 Jumento do dia
    
José Luís Arnaut

Se tivessem de ser escolhidos os políticos portugueses em relação ao quais a natureza se parece ter recusado a ser generosa na distribuição das capacidades intelectuais, entre esses políticos estaria certamente José Luís Arnaut, uma segunda figura construída na sombra de Durão Barroso e que só Deus sabe qual o contributo técnico poderá prestar à Goldman Sachs.

Só mesmo alguém menos dotado poderia lembrar-se de vir em defesa do secretário de Estado da Administração pública por já não haver o Relvas para bater. puro engano, toda a gente percebeu que Leite Martins foi vítima das jogadas da sua ministra e ao contrário do que o consultor da Goldman diz o Relvas até já anda por aí, como se viu pelo pontapé do Zezé Clemente.
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«Os antigos ministros Vera Jardim e José Luís Arnaut comentaram, na antena da Rádio Renascença, a recente polémica sobre a suposta medida alternativa para substituir a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). Se o socialista considera tratar-se de mais uma “trapalhada” do Executivo, o ‘laranja’ sai em defesa do secretário de Estado, afirmando que “seguramente não o fez com qualquer má intenção”, e que como Miguel Relvas já saiu “tinham de encontrar em quem bater”.» [Notícias ao Minuto]

 
 Poiares Maduro

Este vinho é uma martelada tão mal feita que desde que chegou à garrafeira de Passos Coelho ainda nem se percebe se é branco ou tinto. Veja-se o caso do Aguiar, é uma zurrapa mas ao menos não deixa dúvidas quanto à uva utilizada, é Branco! Não admira que com vinhos destes o governo dê tantos sinais de intoxicação alcoólica, vulgo bebedeira.
 
 Marcelo Rebelo de Sousa

Agora agora candidato que diz que não é candidato assumiu o papel de defensor oficioso de Passos Coelho e só isso leva a que se perceba a forma como abordou o problema das pensões, atacando o pobre do secretário de Estado da Administração Pública e o Maduro, deixando impunes Passos Coelho e a ministra das Finanças.

Marcelo sabe muito bem o que se passou, sabe que não estamos nem perante uma fuga de informação, nem perante uma má gestão da comunicação, o que aconteceu foi uma manobra de manipulação da opinião pública combinada e decidida ao mais alto nível. É preciso muito cinismo para o ignorar e tentar atirar as culpas sobre segundas figuras.
 
 Finalmente Passos Coelho tem alguma razão

Quando diz num entrevista a um jornal moçambicano "Tivemos que percorrer este caminho para agora poder ter o crescimento da economia e para podermos ter um futuro melhor para todos os jovens portugueses e de todos os portugueses" Passos Coelho fala com razão, talvez pela primeira vez desde que é o primeiro-ministro deste desgraçado país. Todos os jovens que foram forçados a abandonar o país podem agradecer-lhe terem arranjado emprego e ganhar mais do que alguma vez se há-de ganhar neste país. A dúvida está em saber se algum desses jovens lhe vai agradecer.
 
 Uma perguntinha

Mas não era suposto desde o princípio de que a troika sairia sem qualquer programa cautelar, não era isso que tinha sido acordado com os credores e consta do programa?
 



 Hoje é o dia de Paulo Portas
   
«Confrontado com a redução drástica do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção, Paulo Portas disse, na sexta-feira, aos deputados: "essas pessoas deixaram de ter rendimento mínimo porque, por acaso, tinham mais de 100 mil euros na conta bancária". Estava-se a falar de 26 mil famílias que perderam esta prestação desde que o governo tomou posse. O que quer dizer que esses depósitos teriam de estar bem disfarçados para que, com tal riqueza acumulada, conseguissem receber o RSI. Ou seja: 95 mil espertalhões com mais de cem mil no banco e capazes de enganar o Estado para receber, em média, 88 euros por cabeça. Isto diz bem da imagem que Portas tem do País onde vive. Ou aquela que ele gosta de passar para a opinião pública.

A diminuição do número de beneficiários do RSI resultou sobretudo da alteração da lei, em 2012. Para não me abandonarem já, por não aguentarem a estopada de cálculos técnicos, fica um exemplo (não sendo a minha especialidade, espero não me enganar nas contas): um casal com um filho que tivesse um rendimento total de 300 euros recebia, antes de 2012, cerca de 94 euros por mês de RSI. Passou a receber 22 quando a lei mudou. Acrescente-se mais uma criança a esta família e mais cem euros de rendimento e passamos de um RSI de 83 euros, antes de 2012, para ficar bem longe de receber alguma coisa depois da mudança da lei. Isto porque cada segundo adulto e cada criança perderam peso nos cálculos feitos através do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), que é a medida para estas contribuições.

Basta olhar para a evolução do numero de beneficiários para perceber que tudo tem a ver com a mudança dos cálculos a fazer. Na noite de 30 de junho para 1 de julho de 2012, quando a nova lei entrou em vigor e sem que qualquer nova fiscalização fosse feita, cerca de 10 mil famílias (mais de 39 mil beneficiários) perderam o direito ao RSI. Quando o foi reduzido o valor integral do RSI perderam o direito ao subsídio, no dia 1 de Fevereiro de 2013, mais duas mil famílias (9 mil beneficiários). De resto, a descida tem sido mensal, num momento em que a pobreza aumenta. Desde que a lei entrou em vigor, 32 mil famílias perderam o acesso ao RSI, o que corresponde a mais de cem mil beneficiários. Aliás, até à nova lei, no primeiro ano deste governo, o número de famílias e beneficiários aumentou ao ritmo que aumentava o empobrecimento do País. Como seria natural.

Hoje, para o receber o RSI é preciso acumular o estatuto de quase indigência com a capacidade (até financeira) de vencer o labirinto burocrático que foi construído para desmotivar as pessoas a candidatarem-se ao RSI. Para além disso, o regime hoje existente corresponde a multiplicar as punições de quem receba o rendimento, expulsando o máximo de pessoas do sistema sem que isso tenha correspondido a qualquer alternativa para as suas vidas. É esta a política social do governo. Prefere a velha sopa dos pobres.

Claro que me podem dizer que Paulo Portas não estaria a falar de todos os cem mil que saíram do RSI quando falou do que tinham no banco. Apenas de uma parte, pequena que fosse. Eles de facto existem. Também existem os que perderam o direito ao subsídio por ter património imobiliário superior a cem mil euros. É claro que para violar estas regras era preciso que todos os restantes pressupostos para receber o RSI resultassem de uma fraude. Não é possível ter este dinheiro guardado e, honestamente, ser candidato ao RSI.

Quantos foram então os espertalhões apanhados? Os números exatos terão de ser conhecidos brevemente e esperemos que o Ministério de Mota Soares não os trate como tem tratado quase todos outros: de forma criativa. Se surgir um número estapafúrdio, como já aconteceu no passado, caberá aos jornalistas pedir para ter acesso direto aos números por tratar. Por mim, é com alguma segurança que aposto que bastam duas mãos para contar as famílias que viram, desde a aplicação da nova lei, a sua prestação suspensa ou cessada por terem mais de cem mil euros no banco. No caso do património, os dedos de uma mão chegarão. Ou seja, Paulo Portas multiplicou a realidade por umas boas dezenas de milhares para fazer a mais rasteira das demagogias. Sem se incomodar com o facto de estar a chamar vigaristas a cem mil portugueses.

Porque se sente à vontade para o fazer? Porque apesar do RSI e do Complemento Solidário para Idosos (os apoios aos mais pobres foram os que mais sofreram nas mãos deste governo) terem sido extraordinariamente eficazes na diminuição da severidade da pobreza em Portugal, este género de prestações sociais é quase sempre impopular até o cidadão que a maldiz precisar dela. Assim sendo, as pessoas não se importam de comer qualquer mentira sobre o assunto. Se não é verdade podia ser, pensa quem ouve. Por outro lado, Paulo Portas está, neste momento, tão a leste da realidade que nem se apercebe da dimensão demencial de algumas mentiras que atira para o ar. Ele acredita mesmo que a esmagadora maioria dos beneficiários do RSI são ladrões ou candidatos a isso. Por fim, o vice-primeiro-ministro conta com a preguiça de muitos jornalistas ou apenas com o facto da maioria dos portugueses não lerem jornais exigentes. Depois de dito, poucos saberão que mentiu.

Paulo Portas habituou-se a fazer política assim: dirigindo-se preferencialmente a um eleitorado desinformado e marcado pelo preconceito. Sente que se disser a mentira certa que faça acordar os ódios certos tudo correrá pelo melhor. Até agora, assim tem sido. E é por isso que lhe dedico hoje, dia das mentiras, este texto. Muitos farão associações deste dia a Cavaco, Guterres, Barroso, Santana, Sócrates ou Passos Coelho. Serão sempre aprendizes. Portas bate-os a todos e a todos parece ir sobrevivendo. Reconheça-se então a qualidade do artista. No seu caso, até Aleixo falha: para a mentira ser segura e atingir profundidade, Portas já dispensa que se misture qualquer coisa de verdade.» [Expresso]
   
Autor:

Daniel Oliveira.
      
 Psicanálise ao filho de António Passos Coelho
   
«A história pessoal do Dr. António Passos Coelho, contada pelo próprio, tem carga simbólica. O pai do atual primeiro-ministro foi para Angola em 1970. Montou e dirigiu num hospital um serviço de pneumonologia apontado como "moderno". Há o 25 de Abril, há a descolonização, há a guerra entre MPLA e UNITA. O médico teve de ir embora, tal como a mulher e os quatro filhos. Embarcou no último avião de carreira para Lisboa, em novembro de 1975. Uma odisseia pessoal, semelhante à que traumatizou todos aqueles que, na altura, classificámos com um vagamente paternalista e um tendencialmente insultuoso termo: "retornado".

Diz o autor do livro "Angola, amor Impossível", numa entrevista à agência Lusa, que achou Portugal "sujo e imundo". Refere o desleixo das pessoas de então, que achou mal vestidas. Impressionou-lhe ver tantas barbas mal feitas. Notou nos rostos "uma alegria que não parecia natural".

Nos dias de hoje já não é a sujidade nas ruas que fecha a pupila dos seus olhos com 87 anos. Agora incomoda-o o ruído. Queixa-se da "normalidade" da falta de educação. Não aceita que se insultem ministros e presidentes. Afirma mesmo que não se revê neste Portugal.

Penso no que eu seria, no que pensaria hoje sobre a organização da sociedade, o poder político, a repartição da riqueza, se um acidente de automóvel, em 1972, não tivesse tirado a vida ao meu pai e eliminasse a emigração para África já contratada por um, diziam-me, fabuloso salário: 22 contos mensais.

Imagino o que seria a minha visão do mundo, aos 10 anos, se tivesse vivido no estatuto das classes abastadas e me visse obrigado a fugir, em 1975, de Luanda ou de Lourenço Marques, provavelmente sem bens. Acharia Portugal sujo? Odiaria a Revolução dos Cravos? Acreditaria que aqui ninguém trabalha? Que o Estado é um empecilho? Seria racista? Anticomunista? Teria saudades da era colonial? Odiaria o "povinho"? As manifestações? Os mal barbeados e mal vestidos?... Talvez sim... Talvez não...

Mas António Passos Coelho diz que gosta da liberdade de expressão dada pelo 25 de Abril. Adora o Serviço Nacional de Saúde criado pela Revolução. Até na justiça ele vê coisas melhores do que no tempo da Luanda fotografada na sua memória como "florida e limpa". Também isto ele ensina.
O filho deste homem devia ter uns 10 anos quando veio de África. Tal como o pai, envolveu-se na política, no PSD. Hoje governa o País. Conhecemos os seus ideais. Seria de esperar que ele fosse outro alguém do que aquele que ele hoje é?... Talvez sim... Talvez » [DN]
   
Autor:
 
Pedro Tadeu.
   
   
 Boas novas do ajustamento bem sucedido
   
«A taxa de desemprego em Portugal manteve-se nos 15,3% em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, tendo, entre os jovens, subido para os 35%, segundo dados hoje divulgados pelo Eurostat.

Os indicadores do gabinete oficial de estatísticas da UE revelam que, após 10 meses consecutivos de queda, a taxa de desemprego em Portugal estabilizou nos 15,3% desde dezembro de 2013, ao manter-se em janeiro e em fevereiro neste valor, o quinto mais elevado da União Europeia.

Todavia, na comparação homóloga, ou seja, com fevereiro de 2013, o desemprego em Portugal recuou 2,2% (pois há um ano era de 17,5%), sendo esta a terceira maior descida entre todos os Estados-membros, apenas atrás de Hungria e Letónia.

Já em termos de desemprego jovem (pessoas com menos de 25 anos), a taxa subiu em Portugal pelo segundo mês consecutivo: depois de baixar para 34,3% em dezembro de 2013, aumentou para 34,6% em janeiro e para 35% em fevereiro, um dos valores mais elevados da UE e muito acima das médias da zona euro (23,5%) e do conjunto da UE (22,9), que conheceram, ambas, ligeiros recuos em fevereiro, de 0,1%, face a janeiro.» [DN]
   
Parecer:

Desta vez a santinha da Horta Seca não anunciou nenhum milagre nem declarou Portugal como um país abençoado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à santinha quando tenciona apregoar mais milagres.»
  
 Resposta manhosa
   
«"Esse assunto não foi tratado no Eurogrupo", foi assim que a ministra das Finanças respondeu esta tarçe-feira, em conferência de Imprensa dada em Atenas, às questões levantadas pelos jornalistas sobre a polémica que envolveu o secretário de Estado da Administração Pública sobre os futuros cortes nas pensões e salários da Função Pública.

Desviando a questão, Maria Luís Albuquerque refugiou-se na tradição de não falar sobre política interna fora do País. Com uma resposta ao lado e uns sorrisos, fechou a porta a que os jornalistas a questionassem mais sobre o tema.» [Expresso]
   
Parecer:

A resposta é boa mas não abona nada a favor da ministra.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Repita-se a pergunta quando a senhora chegar a Lisboa.»
   
 Generais assinam a petição
   
«São quase três dezenas os nomes de oficiais generais e oficiais superiores das Forças Armadas que já assinaram a petição "Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente", que saiu do Manifesto dos 70. Entre estes subscritores há várias ex-chefias das Forças Armadas, como é o caso do ex-chefe do Estado Maior do Exército (CEME), o general Pinto Ramalho, que acredita que o país vive "um autoritarismo fiscal para o qual não há resposta".

Além de Pinto Ramalho, subscreveram a petição um ex-chefe do Estado Maior da Armada, Melo Gomes, e quatro ex-vice-chefes do Estado-Maior da Armada: os vice-almirantes Pires Neves, José Conde Baguinho, Fernando Matos e Rui Palhinha. Também a assinou o tenente general Mourato Nunes, que foi comandante-geral da GNR até 2008 e que há dois anos se demitiu de director do Instituto Geográfico Português criticando a ministra da tutela, Assunção Cristas, e até a orgânica do Ministério da Agricultura, Mar e Ordenamento do Território - que "não serve os interesses do país, disse então.

Não há nada organizado. "O que me move é um exercício de soberania", diz Pinto Ramalho, justificando por que assinou a petição: "Custa-me ouvir dizer que não há solução." São vários os nomes de militares, onde se incluem até generais de Abril, como Adelino de Matos Coelho e Luís Sequeira. "Estranha que em quase 30 mil assinaturas estejam militares na reserva ou na reforma?", questiona o ex- -chefe do Estado Maior do Exército, para logo responder: "As pensões de alguns militares atingiram cortes de 50%. Não admira que assinem."» [i]
   
Parecer:

Isto está a ficar feio.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário a Cavaco Silva.»
     

   
   
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