quarta-feira, junho 04, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

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Seca de carapaus, Nazaré (2006)
  
 Jumento do dia
    
Pedro Passos Coelho

Depois de um sem número de normas declaradas inconstitucionais e do maior ataque dos partidos da direita a uma instituição nacional, Pedro Passos Coelho decidiu brincar aos pareceres técnicos e tenta enredar o Tribunal Constitucional em truques dignos de um dirigente de uma associação estudantil do ensino básico.

Esperemos que o TC lhe dê a resposta que merece pois não cabe ao Tribunal emitir uma lista do que é inconstitucional ou do que deixa de ser. Passos Coelho sabe muito bem o que é ou não é inconstitucional, se tem dúvidas pergunte a Paulo Teixeira Pinto a quem em tempos encomendou um projecto para uma nova Constituição.

«O primeiro-ministro escreveu hoje à Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, a pedir que obtenha junto do Tribunal Constitucional "a clarificação técnica de algumas partes do acórdão".

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à Santa Casa da Misericórdia da capital, Passos Coelho explicou que a clarificação técnica que o Governo quer obter do Tribunal Constitucional (TC) visa "tornar mais claro" aspetos "muito práticos" do acórdão de sexta-feira em que a entidade chumbou três artigos do Orçamento do Estado.

"O Governo dirigiu à senhora Presidente da Assembleia da República um pedido no sentido de poder realmente tornar mais claro alguns dos aspetos que constam do acórdão, e que são aspetos muito práticos, que têm que ver com a execução do acórdão, nomeadamente com o processamento dos subsídios de férias e de Natal", declarou Passos Coelho.» [Notícias ao Minuto]

 
 Um samba dedicado a José António Seguro

 
 Cavaco será "simpatizante" do PS

Se Cavaco for um simpatizante do PS pode muito bem escolher o candidato deste partido a primeiro-ministro e nem precisa de se inscrever ou de aguardar pelo estudo do direito comparado conduzido por Maria de Belém.

Cavaco pode muito bem decidir quem é o candidato do PS a primeiro-ministro, basta convocar eleições antecipadas, inviabilizando a renovação da liderança e forçando este partido a ir a votos com um líder fraco e rejeitado pelos eleitores. Ao retardar o mais possível uma renovação da liderança do PS António José Seguro aposta numa crise vinda da coligação ou de uma mãozinha de Cavaco Silva.

Seguro está convencido de que os eleitores tradicionais do PS vão votar nele. Está redondamente enganado.
 
 Aclaração desta declaração: vai bugiar!

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 Uma dança em forma de quadrilha
   
«O drama dos poetas é eles não conviverem com os grandes deste mundo. Só assim se entendem as cartas de amor ridículo de Pessoa ou o poema a que Carlos Drummond de Andrade chamou Quadrilha, nome da dança em que as pessoas passam uma por outra sem se encontrar: "João amava Teresa que amava Raimundo/ Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ Que não amava ninguém./ João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,/ Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes/ Que não tinha entrado na história." Ah, se Drummond, em vez de vida vulgar, conhecesse a empolgante política portuguesa!... Marcelo amava Costa que não amava Seguro que amava concorrer com Passos que adoraria, oh quanto!, que isso acontecesse. Marcelo na TVI desancou Seguro que detestava a possibilidade de Costa disputar com Passos que também detestava tal e preferia mandar Costa para Marcelo que estava mortinho por ir às presidenciais, sim, mas com Guterres que amava fugir ao pântano que o fez encontrar Angelina Jolie que não entra nesta história mas é sempre boa de se encontrar. Guterres foi para os refugiados e não sabe para onde ir depois, Marcelo sabe que quer ir para Belém, Passos só sabe que preferia não saber o que lhe vai acontecer, Costa hesitou saber mas quando soube agarrou-se ao que lhe sabe bem e Seguro. Seguro, ponto?! Desculpem, foi erro. Seguro... Ah, assim, sim, já o reconhecemos.» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.
      
 Seguro quer ser o novo Marinho e Pinto e depois morrer de velho
   
«Se António José Seguro falasse a sério quando acusa António Costa de fragilizar o Partido Socialista por aparecer agora a disputar a sua liderança, semeando a confusão nas hostes e dando para o exterior uma ideia de divisão do partido quando ele deveria exibir uma coesão de aço, o secretário-geral do PS tentaria pôr fim à “confusão” o mais depressa possível e clarificaria a questão da liderança sem hesitação, aceitando o repto de Costa para o duelo na rua principal.

Ou seja, convocaria um congresso antes que Costa tivesse tempo de dizer “quadratura do círculo”. Isto era o que faria Seguro se considerasse seriamente que esta disputa pela liderança prejudica a capacidade política e a imagem do PS.

Se Seguro o tivesse feito logo, imediatamente, sem hesitação, sem sequer consultar os “notáveis” que o aconselham, com determinação e com confiança, sem pôr as sobrancelhas em acento circunflexo (e sem aquele ricto perturbador que exibe quando está pouco à-vontade, o que é quase sempre), até seria possível que algumas das pessoas que duvidam da sua capacidade de liderança revissem a sua posição e se perguntassem se não teriam afinal julgado injustamente o homem.

Mas acontece que Seguro não fez nada disso e decidiu fazer precisamente o contrário, escolhendo a solução que mais tempo vai arrastar a disputa. Tanto tempo, aliás, que nem sequer há fim à vista. A escolha de Seguro demonstra que ou (contrariamente ao que diz) não acha que um período prolongado de disputa interna seja um problema para o PS ou que se está relativamente nas tintas para o que seja bom ou mau para o PS desde que a solução consiga garantir a sua própria sobrevivência ou, no pior dos casos, adiar o seu fim inevitável.

Pode acontecer que Seguro se ache, sinceramente, o melhor líder possível para o PS. Mas, nesse caso, por que tem ele, de quem se diz que domina o aparelho, uma tal falta de confiança no congresso e nas estruturas do partido? E por que tem uma tão grande confiança nas primárias dos militantes+simpatizantes? E por que decidiu de repente aderir a umas primárias que sempre rejeitou? E por que decidiu avançar com uma proposta de resolução da disputa de liderança totalmente à margem dos estatutos (para não dizer contra os estatutos) depois de ter tentado bloquear o avanço de Costa com argumentos puramente administrativos? E por que decidiu avançar já com a proposta de primárias apesar de ela estar ainda tão pouco amadurecida que pediu a Maria de Belém para ver como é que essa coisa das primárias se fazia nos outros países para depois a gente ver como é que vai fazer por cá?

A resposta a todas estas perguntas pode muito bem ser a mesma: Seguro quer ganhar tempo. Mas ganhar tempo para quê?, perguntarão os leitores sagazes, que sabem que uma evolução de um Seguro para uma espécie politicamente interessante levará, segundo as leis de Darwin, cerca de 14.000 anos. A resposta é: para dar tempo ao Neo-Seguro de sair da casca.

Quem é o Neo-Seguro? O Neo-Seguro já tem espreitado por diversas vezes pela frincha da cortina mas fez a sua aparição em nudez frontal na última Comissão Nacional do PS, para vir propor (a despropósito) uma redução do número de deputados para 180. Esta é uma das várias medidas que, segundo Neo-Seguro, o PS irá incluir na proposta de lei eleitoral que o partido irá apresentar ao Parlamento. Outras novidades serão a possibilidade do eleitor escolher o deputado em que vota e a criação de círculos uninominais. Em que data será esta proposta apresentada? Neo-Seguro garante que será antes de 15 de Setembro. Um bocadinho antes das primárias, altura em que os simpatizantes do PS já deverão ter percebido que não só Neo-Seguro quer mesmo aproximar os cidadãos da política como quer reduzir o número de calões que andam a viver à conta do pagode sem fazer outra coisa que não seja gastar o veludo dos bancos dos Passos Perdidos.

Seguro sabe que é preciso aguentar porque foi assim que chegou a secretário-geral do PS. Aguentar sem dizer nada de substantivo para não assustar ninguém e para não ser confrontado com eventuais contradições. E estas duas coisas – esperar e não dizer nada – são coisas que Seguro faz muito bem. É mesmo provável que, como dizia Brecht de não sei quem, que Seguro se saiba calar em várias línguas, o que poderia fazer dele um funcionário internacional em potência.

Mas Seguro sabe ainda uma outra coisa: sabe que Marinho Pinto teve mais de sete por cento nas últimas eleições apresentando-se numa plataforma justiceira e subtilmente “antipolíticos”. Seguro pensa que estes votos são de “simpatizantes” do PS ou de pessoas que poderão vir a “simpatizar” e vai pedir a Maria de Belém que não se esqueça de os registar a todos, mas quer ter alguma coisa na mão para lhes acenar.

É provável que a campanha dentro do PS vá ficar feia, mas Seguro ainda nos pode surpreender. É possível que ele seja ainda pior do que nos tem mostrado.» [Público]
   
   
 Brilhante Dias faz lembrar o ministro da Informação do Iraque
   
«A direcção do PS queria ontem falar de outros temas. Quando Eurico Brilhante Dias chegou à sala da música na sede do PS, estava o secretariado nacional a terminar, a intenção era lembrar o “8º chumbo do TC” ao Governo, cuja “incompetência” este tentava “esconder atrás do Tribunal Constitucional”. Mas a conferência de imprensa foi antes dominada sobre as consequências da derrota de Seguro nas primárias que propusera no Vimeiro.

Sem querer dizer preto no branco, Eurico Dias lá afirmou que as primárias aconteceriam “o mais cedo possível” e que “todos deverão tirar as suas ilações, quem perder e quem ganhar”. Não se falou mais nos 135% do PIB da dívida pública ou da “incompetência” de Passos Coelho.

E da mesma forma que a conferência não correu como Dias pretendia, o dia também não correu exactamente como a direcção do PS esperava. Culpa dos dirigentes distritais.

“Carne para canhão”. Foi assim que alguns dos líderes distritais que têm apoiado Seguro nos últimos dias classificam a sua situação depois da carta jogada pelo secretário-geral no passado sábado, ao convocar eleições distritais no PS, ao mesmo tempo que propôs primárias para o candidato a primeiro-ministro.» [Público]
   
Parecer:

Pobre Brilhante, está a perder o brilho e o verniz.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 O que estarão a produzir os novos empregados?
   
«O ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional realçou hoje que Portugal continua a liderar a redução do desemprego com uma descida da taxa de 17,3% para 14,6% em abril, a segunda maior queda homóloga na União Europeia.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Há qualquer coisa de errado nos indicadores do desemprego, diminuíram os desempregados mas não se dá pelo aumento da produção. Ou a redução do desemprego não resultou da criaçã de emprego ou os novos empregados estarão a partir pedra.

Começa a ser óbvio que alguém anda a tentar iludir os indicadores do desemprego com truques porque é impossível que a redução em 2,6% do desemprego tenha sido conseguido à custa de empregos produtivos sem que isso tenha tido qualquer reflexo em indicadores relativos à produção ou ao crescimento do PIB. Estamos perante mais um milagre da Santinha da Horta Seca.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Oportunista de luxo
   
«O antigo comandante da Protecção Civil, Gil Martins, gabou-se ontem, em tribunal ,de ter podido gastar até 80 milhões de euros, quando estava em funções, sem obrigação de prestar contas a ninguém.

A declaração indignou uma das juízas do colectivo das varas criminais de Lisboa que está a julgar Gil Martins pelos crimes de peculato e falsificação de documentos: “Mas passa pela cabeça a alguém dizer isso?!”. O antigo comandante é acusado de ter desviado cerca de 118 mil euros dos fundos do dispositivo de combate a incêndios para pagar despesas suas, de familiares e de amigos, 70 mil dos quais gastos em refeições, muitas delas em restaurantes de luxo.  

Tudo se terá passado entre 2007 e 2009, período em que foi reembolsado pela Protecção Civil de inúmeras despesas alegadamente feitas ao serviço. Confrontado com o facto de ter feito, segundo o Ministério Público, seis refeições no mesmo dia à custa do erário público, em locais tão distintos como Coimbra, Espinho, Aveiro e Cadaval, o arguido limitou-se a dizer não estar certo de todas as despesas serem, efectivamente, suas – embora assuma algumas delas: “Se eram restaurantes caros? Eram, se fossem comparados com a tasquinha da esquina”. 

Numa marisqueira de Espinho, só de uma assentada foram 348 euros. Doutra vez, num restaurante do Guincho, foram mais 210 euros. “Mas era dinheiro dos contribuintes! Por que razão serviu para pagar este tipo de refeições? Gastava o que quisesse, sem limite nem preocupações?”. À pergunta da juíza, o antigo comandante respondeu pouco depois: “O meu tecto de despesa eram 80 milhões de euros. Com um estalar de dedos, sem ter de justificar nada a ninguém”.

Em causa está ainda a compra de telemóveis, cada um deles no valor de centenas de euros. Entre outras coisas, os juízes quiseram saber por que motivo foi necessário a Protecção Civil pagar ao motorista de Gil Martins um aparelho de mais de 400 euros – o que causou alguma estranheza ao arguido, que encara esta e outras despesas com naturalidade.

Nas buscas à casa da ex-mulher de Gil Martins foi descoberta uma máquina fotográfica de 1400 euros, um televisor LCD, uma câmara digital e um leitor de DVD, entre outros artigos. Tudo também pago pela Protecção Civil, e adquirido sem concurso público. O antigo comandante alega que se tratava, na sua maioria, de equipamento do qual precisava para trabalhar. » [Público]
   
Parecer:

Este oportunista chegou a culpar Sócrates de perseguição.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde.-se pela sentença.»
     

   
   
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