segunda-feira, julho 28, 2014

A exposição

A exposição de parte da nossa classe política ao Ricardo Salgado é bem maior do que a das empresas portuguesas ao GES e bastaria o DDT (Dono Deles Todos) abrir a boca para que uma boa parte da nossa classe política tivesse de declarar insolvência. O caso mais evidente nestes dias é o de Marcelo Rebelo de Sousa que ainda ontem, no seu tempo de antena pessoal e intransmissível na TVI, se arrastou durante meia hora metendo os dedos pelas mãos.
  
O professor deu-nos uma lição sobre a gestão de empresas falidas no Luxemburgo e pelo meio ainda disse duas ou três vezes que foi o primeiro a lutar contra a promiscuidade entre finanças e política. Aliás, um famoso jantar na casa do Ricardo Salgado, onde juntou o banqueiro a Cavaco Silva, serviu precisamente para discutir este tema e criar uma frente nacional contra a promiscuidade. Marcelo ainda teve tempo para fazer um frete à PT tentando dizer que esta empresa já enterrava metade do seu valor na bolsa em títulos de risco da Rio Forte desde os tempos em que o Estado detinha uma golden share na empresa, isto é, desde os tempos de Sócrates. Pois, mas nem investia tanto, nem se entalou como agora sucede.
  
Políticos como Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Isaltino Morais e muitos outros sofrem de um grave problema, sofrem de Google, dantes a memória era propriedade dos jornalistas e da Torre do Tombo e todos sabemos como em Portugal é fácil de calar muitos jornalistas, basta um pacote de grão. Mas desde que o maldito Google existe a memória está à distância de um dedo e em poucas horas é possível encontrar todos os laços de algumas personalidades aos negócios.
  
Mas há uma imensidão de informação que não consta no Google, quem recebeu de quem, quem financio este ou aquele partido ou político, quem pagou as despesas de campanhas presidenciais, quem contratou políticos com o estatuto de assessor. E em Portugal quem tem mais informação sobre os podres de muito boa gente é o Ricardo Salgado, ele conhece a nossa classe política de ginjeira, é por isso que é o DDT.
  
Alguém acredita que Henrique Granadeiro deu de mão beijada 900 milhões de euros a uma empresa que ele sabia estar falida? É evidente que não, é evidente que alguém do círculo do poder político-financeiro lhe pediu ou ordenou, alguém que não podia dizer não a um Ricardo Salgado que estava em desespero. Não é apenas a CGD ou o BES que estão expostos ao GES, é uma boa parte dos nossos políticos que estão quase com o cu à mostra por causa da exposição ao Ricardo Salgado.