terça-feira, janeiro 06, 2015

Promblemas que nos atormentam:o desemprego

“Eu sei que a vida quotidiana das pessoas não está melhor, mas não tenho dúvidas de que a vida do país está muito melhor”

A frase ficou famosa o seu autor foi Luís Montenegro que numa tentativa de explicar à jornalista do JN o disparate que tinha dito explicou que a vida dos portugueses em 2011 “era uma vida ilusória, porque o país não tinha dinheiro para sustentar tudo aquilo que era disponibilizado pelo Estado”.

Um dos capítulos que melhor ajuda a explicar este brilhante argumento do líder parlamentar do PSD é o do desemprego. Pelos indicadores estatísticos há muitos mais empregos e muitos menos desempregados, mas a verdade é que os desempregados não encontraram emprego, os mais jovens ou estão desempregados ou emigram. Com tanta gente a encontrar emprego não se sente qualquer aumento significativo da produção de riqueza quando se sabe que para a economia portuguesa criasse emprego teria de crescer acima dos 2%.
  
Os indicadores do desemprego serve para orientar os governos e para informar os cidadãos sobre a situação do emprego. Se estes indicadores são manipulados criando a ilusão de que o desemprego desapareceu não só todas as políticas no domínio económico ficarão viciadas por assentarem em pressupostos falsos, como o debate político assenta numa mentira.
  
Aquilo que se passa é ridículo pois temos mecânicos em estágios de jardinagem, empregados de mesa a tirar cursos de electricista e trabalhadores da construção civil a serem contratados ameias com o Estado por empresas de segurança ou de produção de calçado. Como é óbvio a produção de riqueza destes trabalhadores é simbólica, o seu contributo para a sustentabilidade da Segurança Social é nulo e dentro em breve estarão novamente desempregados.
  
Estas mentiras estatísticas podem iludir os eleitores e Bruxelas até pode fazer de conta que acredita nesta ficção, mas a verdade é que se o governo pode dizer que as contas públicas são transparentes, em compensação está aldrabando a realidade e um dia destes os nossos indicadores sociais são tão fiáveis quanto os da Coreia do Norte.
  
Se foi o líder parlamentar do PSD quem veio dizer aos portugueses que se devem sentir felizes porque a ficção é bem melhor do que a realidade, tem cabido aos ministros do CDS a criação desta ilusão estatístico, Pires de Lima e Mota Soares não passam de ilusionistas políticos, o primeiro gere a economia lendo estatísticas e seleccionando as melhores, o segundo inventa creches duplicando o número de crianças por sala ou emprega desempregados nas estatísticas enquanto os entretém com cursos de jardinagem. 
  
É muito perigoso para o país que em vez de empregar os quadros qualificados e criar emprego por via do investimento e do crescimento económico o faça com truques de ilusionismo estatísticos, combatendo o desemprego com falsos empregos.