sábado, junho 06, 2015

De conquista em conquista até à destruição do Estado Social

Desde que Jerónimo de Sousa chegou à liderança do PCP e passados alguns anos desde o desmoronamento da ex-URSS que o PCP tem vindo a ser cada vez mais fiel aos seus valores ideológicos e aos “ensinamentos científicos” dos seus líderes históricos, incluindo Estaline a até a monarquia que dirige a Coreia do norte tem merecido aqui ou acolá alguns elogios. 
  
No plano nacional esta recuperação de valores antigos também se tem reflectido na sua estratégia política. Durante a liderança de Ávaro Cunhal e, depois, com a liderança de Carlos Carvalhas o PCP assumia-se como a liderança de uma maioria de esquerda e ou se governava segundo os seus objectivos ou se dividia a esquerda. Com Jerónimo de Sousa a maioria de esquerda caiu e nem o BE, que mais não é do que uma versão Apple do PCP, tem o direito a aparecer sob o manto protector do PCP. Com Jerónimo de Sousa desapareceram as frentes, ficou o partido e a liderança mais pura da sociedade, um proletariado que finalmente se revê no líder do partido do proletariado.

Ao deixar cair a “maioria de esquerda” dos tempos em que a gaivota voava incansavelmente, o PCP reduziu a frente, onde inclui os progressistas sem vocação para líderes, aos Verdes, o BE por mais que se pinte de amarelo não deixam de ser os velhos trotskistas e maoístas, agora com o design do iPhone, o PS é definitivamente um partido da direita, voltando ao estatuto que sempre teve desde os tempos em que era preferível ajudar Hitler a chegar ao poder do que suportar um governo da social-democracia.

Desvalorizando a importância do parlamento o PCP passou a opor às maiorias parlamentares onde domina a direita e o PS as maiorias da rua onde supostamente a liderança cabe ao PCP, ainda que nem sempre chegue à frente, como sucedeu na grande manifestação “que se lixe a troika” que já ia a meio caminho entre o Marquês e o terreiro do Paço quando o PCP correu de forma a chegar à cabeça dos manifestantes. Nada que seja novo, já a gloriosa Reforma Agrária foi uma conquista do PCP, ainda que as primeiras ocupações tenham sido promovidas pela extrema-esquerda, a mesma que agora anda armada em fina. Com este novo discurso todas as conquistas sociais são conseguidas na rua, o voto nas legislativas serve apenas para dar a voz soa representantes dos trabalhadores que, como é óbvio, são os candidatos a deputados designados pelo CC do PCP. Aliás, 
  
A modernização das escolas, a aposta no sector nacional das energias renováveis, a reforma da Segurança Social, tudo, tudo desde a Constituição da República à criação do Sistema Nacional de Saúde foram conquistas resultantes do PCP nas ruas, foi a luta dos militantes do PCP, nas ruas e nas fábricas que forçaram os inimigos do povo a votarem nessas medidas no parlamento. Não importa que a direita domine no parlamento pois do parlamento e da democracia o povo só pode esperar as conquistas de rua, conquistas que pelos grandes sacrifícios têm melhor sabor, algo que também não é nada de novo pois não raras vezes os valores do PCP se confundem com os da santa madre igreja.
  
Portanto os portugueses não devem recear que a direita acabe com o SNS, destrua a escola pública, despeça funcionários públicos, retire pensões aos idosos ou corte vencimentos e direitos dos funcionários públicos a torto e a direito porque a maioria da rua vai protege-los, como se tem visto nos últimos anos. De certa forma o PCP tem razão em adoptar esta estratégia pois mal ou bem ainda lhe devemos alguma coisa pelas suas lutas de rua, que se saiba a última vez que o seu voto parlamentar fez parte de uma maioria decisiva foi para derrubar um governo e ajudar esta direita a chegar ao poder.