quarta-feira, julho 01, 2015

A jutiça feita com balanças para pesar toucinho

A vários meses das eleições legislativas os portugueses ainda não decidiram que os vai representar no parlamento que vai sair da próximas eleições legislativas. Mas mesmo sem ter sido necessário recorrer a qualquer julgamento já há quem não possa ser eleito representante dos portugueses, por outras palavras, há quem tenha sido condenado à perda de direitos políticos sem direito a qualquer defesa ou julgamento.
  
Não estou falando de José Sócrates porque como é sabido para esse há quem defenda que a prisão preventiva ainda é pouco, pelo que ficamos sem saber se o justo não seria afogá-lo numa gaiola, atirá-lo de um sexto andar ou, muito simplesmente, degolá-lo. Como é sabido, desde a tal transferência de dinheiro na CGD que deu origem ao processo aos muitos milhões que estão em nome de todos os ricos do país Sócrates é culpado de tudo e se alguém, tem dúvidas basta ler um dos vários dazibaos da nossa justiça para ficar a saber da enormidade dos crimes e das muitas provas já recolhidas.
  
Desta vez estou a falar de Miguel Macedo, apesar de no meio de tanta incompetência governamental sempre lhe ter reconhecido competência no exercício do cargo não tinha a intenção de votar nele, até porque no nosso sistema eleitoral não podemos votar em ninguém, ainda que na prática votemos num primeiro-ministro ao lado do qual os deputados fazem de peões de brega. Mas se me fosse possível escolher governantes ou deputados não perderia o sono se votasse em Miguel Macedo para ministro da Administração Interna ou mesmo deputado. Apesar das grandes diferenças políticas reconheço-lhe qualidades.
  
Mas nem eu nem os que insistem em simpatizar com ele vão poder votar nele porque alguém da justiça decidiu acrescentar o seu nome à lista dos condenados na praça pública. Ao que parece Miguel Macedo teve azar nos amigos e na profissão, se ao menos fosse juiz os seus telefonemas para amigos caídos em desgraça não teriam consequências de maior, mas sendo governantes está tramado. É muito fácil acusar hoje nos jornais e perdoar amanhã nos tribunais, nessa altura já a pessoa foi moralmente destruída e é bem provável que os jagunços que o destruíram tenham sido promovidos.
  
Na lógica canalha dos dias de hoje até poderia ficar contente, se lixaram um da esquerda e agora lixam um da direita há um equilíbrio sinistro a que alguns idiotas chamam justiça e vêm nisso motivo de elogio, como se sendo canalha tanto para um político de direita como para um político de direita transformasse um canalha numa flor de cheiro. Com esta lógica corremos um sério risco de vermos um político da esquerda a ser acusado porque um mês antes foi acusado um político da direita, pouco importando se são culpados ou inocentes. Desta forma a tal separação de poderes deixa de existir e passamos a achar que justiça significa equidade na administração da justiça.
  
Não era minha intenção votar em Miguel Macedo mas gostaria que os que querem votar nele pudessem contar com a sua candidatura, sem que esta tivesse sido manchada pelos gestores das acusações e das presunções da inocência. E no meio de tanta incompetência, a começar pela actual ministra da Administração Interno, receio que o passatempo dos nossos justiceiros seja a destruição dos competentes em nome da administração da justiça. Um dia destes só podemos votar em idiotas, mas ficamos muito descansados, podem ser idiotas e incompetentes mas são uns rapazes muito honestos e devidamente certificados pelos que agora promovem limpezas.
  
Tenho a sensação de que alguém anda a atacar à direita para justificar os ataques à esquerda numa lógica em que se confunde a balança enquanto símbolo da justiça com as balanças que servem para pesar toucinho.