terça-feira, setembro 08, 2015

O líder da coligação pafiosa

A estratégia de Passos Coelho para estas eleições é óbvia, criou a ilusão de um país bem-sucedido enchendo os cofres com mais empréstimos, aumentando de forma artificial a receita fiscal e chamando a si os louros dos resultados de factores externos favoráveis como a mudança de postura do BCE ou a queda do preço do petróleo, agora desvaloriza as eleições ignorando-as e evitando qualquer debate sério sobre o país.
  
Mas esta estratégia teve uma consequência inesperada, é o CDS que dá a cara pela coligação e é Paulo Portas que se assume de forma vaidosa e arrogante como a cara dos pafiosos. A ministra das Finanças anda fugida enquanto é Pies de Lima que responde por questões como o défice orçamental ou a venda do Novo Banco, ministros como Crato, Paula Cruz ou Paulo Macedo andam desaparecidos, do ministro da Defesa nem se sabe muito bem quando foi a última vez que se deixou ver, enquanto a ministra da Administração Interna vai exibindo a sua incompetência de incêndio em incêndio ou de funeral em funeral.
  
As verdadeiras caras do governo são os ministros do CDS, não são muitos mas são eles que dão a cara pelo governo ou que exibem os seus sucessos. É um secretário de Estado do CDS que monta a mentira da devolução da sobretaxa, é a Cristas que resolve o problema da sardinha e enquanto o Mota Soares faz o milagre da criação de empregos é o vaidoso Pires de Lima que se exibe em Milão ou que dá a cara pelo negócio do Novo Banco.
  
Passos Coelho entregou a liderança da coligação a Paulo Portas e é isso que explica o facto de ter exigido que Portas beneficiasse um tratamento igual ao seu nos debates televisivos, Paulo Portas não é o número dois da coligação, e um par em condições de igualdade com Passos Coelho e na ausência deste é o verdadeiro líder da coligação. 
  
Pior, sem uma maioria absoluta Paulo Portas obrigará Passos Coelho a engolir com língua de palmo as ofensas que lhe infligiu durante estes anos. Passos Coelho tenta o tudo por tudo para governar mesmo sem maioria absoluta, mas isso significa que ou tem obediência total em relação a Paulo Portas ou deixará de ser primeiro-ministro num instante, até porque na próxima legislatura o presidente vai ser outro.
  
O verdadeiro líder e a cara da coligação pafiosa não é Passos Coelho, é Paulo Portas.