domingo, setembro 20, 2015

Umas no cravo e outras naa ferradura



   Foto Jumento


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Flor do Parque da Bela Vista, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Passos Coelho

Ao dizer que quem vota contra um OE da direita está votando contra Portugal Passos Coelho está a assumir-se como um salazarista, acha que o exercício da democracia está em conflito com o país, o argumento usado pelo ditador que o inspira para impor uma ditadura. Tanto quanto se sabe o TC votou muitas vezes contra os seus orçamentos e a maioria dos portugueses também o fariam se estivessem em condições para o fazer.

Quem vota contra Portugal é quem escolhe políticos mentirosos e incompetentes e nesse capítulo este governo é uma nódoa.

«O presidente do PSD respondeu ao chumbo do orçamento de um governo de coligação, assumido ontem pelo secretário-geral do PS, António Costa. "Não podemos deixar passar em claro certo tipo comportamentos em relação àqueles que, um dia, reunindo com empresários incentivam a estabilidade e, dois dias depois, aparecem a dizer que votam contra o orçamento, mesmo sem saber que orçamento é esse. Quem faz isso, não está a dizer que vai voltar contra o orçamento, mas que vai votar contra Portugal", assinalou.» [DN]

 Sondagens 

A crer na última sondagem da Católica e se tivermos em consideração as expectativas de Passos Coelho é provável que os pafiosos estejam a contar ganhar as eleições com uma percentagem de votos que poderá situar-se entre os 60% e os 70%. É a consequência de fazer sondagens com a protecção do divino.

      
 Saiba tudo o que há para saber sobre as sondagens
   
«Também eu quis a minha sondagem mas tive alguma dificuldade em ter quem a fizesse: os oráculos estavam quase todos tomados pelo trabalho doméstico, em Atenas. A partir de amanhã haverá maior oferta, quando os adivinhadores já não estiverem ocupados com as eleições gregas. Mas, para agora, sem sibilas nem pitonisas, tive de recorrer ao único disponível no mercado, Tirésias, o profeta de Tebas, que, como sabem, é cego. Quem não vê talvez preveja melhor, augurei eu.

Percebi logo que o homem via mesmo longe quando me pediu duas cornucópias com dracmas. Na primeira abordagem - "profeta Tirésias, eu queria uma previsão para as eleições em Portugal" -, ele dissera que custava uma cornucópia. Eu disse que sim. "Então, estamos falados: são duas cornucópias", disse ele. Estranhei. Com o seu olhar postado no amanhã, Tirésias explicou-me: o trabalho constava duma previsão para o dia 4 de outubro, dia do voto, e duma previsão para o dia 5, quando se desembrulhar, ou não, o molho de brócolos da véspera. "Vender-lhe só uma previsão era como vender um Audi A6 sem a caixa de velocidades S tronic de dupla embraiagem..." Não percebi a mecânica da resposta, mas admirei aqueles inesperados conhecimentos em quem acabava de chegar da mitologia grega. A verdade é que paguei as duas cornucópias. Os tipos das sondagens, modernos ou antigos, conseguem sempre vender-nos o que querem.

Comecemos, então, pelo dia 4. "É domingo", disse o profeta, não mexendo em vísceras nem deitando búzios, mas debruçado (sem ver, claro, mas adivinhando) sobre um calendário, que reparei ser o Pirelli. Peguei nele, fiquei longo tempo a folheá-lo, matutando no estranho fetiche dum profeta da Antiguidade Clássica pela indústria automobilística. "E que significado tem ser domingo?", perguntei sem desgrudar do calendário (nunca se confronta o olhar dum profeta). "Exatamente, não tem nenhum", disse Tirésias. "O que fazemos domingo quase nunca tem qualquer sentido prático", disse. A primeira cornucópia começava a justificar-se. O voto de 4 de outubro talvez não resolvesse grande coisa...

Mas eu quis pormenores. Aquelas coisas, percentagens, margens de erro, subidas, descidas, tendências... "Pôr a política a nu não leva longe...", disse--me o de Tebas. Percebi que eu não ia ter números, muito menos daqueles separados por vírgulas - 43,7, 17,1... - com que as sondagens modernas nos querem convencer da sua ciência. Adivinhar o futuro, mesmo daqui a duas semanas, requer iniciação e ritos secretos. "Pôr a política a nu não leva longe..." Interpretei o profeta: a Joana Amaral Dias não iria ser eleita. Mas não posso garantir, talvez já eu confundisse o calendário Pirelli com a revista Cristina. Mas Tirésias já estava noutra: "Esconder a política, por seu lado, dá vantagens..." Essa entendi como um livro aberto: passa uma campanha sem falar do teu programa e terás boa votação... OK, a coligação estava lançada.

Mas, por Zeus, para saber que o Agir iria ficar quieto, e a PAF não levaria a bofetada merecida eu não precisava de ter contratado um profeta. Tentei ir às coisas práticas: "Passos ou Costa?" Tirésias não gostou. Deixem-me contar uma coisa sobre ele, para se entender o horror que tinha às respostas claras. Tirésias foi mulher por sete anos e homem, depois. Naquele tempo, isso não dava direito a ganhar um programa de televisão, como acontece hoje a Bruce/Caitlyn Jenner, e podia trazer até chatices. Os deuses e deusas do Olimpo querendo saber, com Tirésias, ainda não profeta, o que era melhor, homem ou mulher, ele deu a resposta errada. Uma deusa cegou-o e um deus, em compensação, deu-lhe o dote de adivinhar. Acho que ele preferia ver, dia a dia, o calendário Pirelli (ou a revista GQ), a poder adiantar-se a daqui a 15 dias.

Resumindo, o meu profeta, perante a pergunta direta e clara, fechou-se em copas. Interpretei que o Passos e o Costa podiam empatar no dia 4. E o governo era uma incógnita. Eu já estava arrependido por, em vez do Tirésias de Tebas, não ter contratado o Jorge Jesus do Sporting. Era igualmente caro mas ao menos nas derrotas era claro. Saltei para a segunda previsão: "E a 5 de outubro, como vai ser?", lancei. E não é que o homem estava outra vez debruçado sobre um calendário?! Desta vez era um almanaque português e antigo, exatamente de 1910. Hummm... Eu começava a entender essa coisa dos oráculos, de Pítia, de profetisas e profetas, com as suas respostas retorcidas... O próximo 5 de outubro vai ser uma grande confusão com a Primeira República!

Pronto, é o que o meu Tirésias tinha para vos dizer - e que não está (comparem nas bancas dos jornais) muito longe do que anunciam as sondagens de hoje.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.
  

   
   
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