sábado, dezembro 19, 2015

Algumas das minhas interrogações sobre o Caso Marquês

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As minhas dúvidas sobre o Caso Marquês

E a tal transferência que desencadeou a investigação?
A investigação parece uma pandemia da gripe das aves, já se falava dela antes de começar, quando a extrema-direita entregou um dossier com negócios da famílai de Sócrates no MP, parece ter começado na CGD, já passou pelas obras escolares, pelas empreitadas do Grupo Lena, por Angola e Venezuela, até foi ao Brasil a bordo do Lavajato, agora anda pelo Algarve. Curiosamente nada se sabe sobre a transferência que deu lugar a uma suspeita de branqueamento de capitais. Sabe-se de tudo um pouco, que o Sócrates usa papel higiénico fofo e perfumado, a cor dos lenções de Paris, etc., etc.,, mas da tal transferência evocada pela PGR para a risão do perigoso criminoso no aeroporto de Lisboa nada se sabe.

Quem é quem nesta investigação?

Às vezes não percebo muito bem quem manda na investigação, se o juiz que deve velar pelos direitos dos arguidos, se o inspector tributário que lá longe, em Braga, é um perito que apoia o MP ou se o procurador do MP. O perito aparece como vedeta nalguns jornais e tudo leva a crer que o Caso Marquês ainda vai acabar por ser julgado num tribunal tributário, o juiz é promovido a super juiz e inimigo número um de todos os portugueses que merecem castigo, o procurador, o procurador na sua gabardina que já teve melhores dias, o seu cigarro quase beata no canto na boca e o seu olhar de quem está a ver o que se passa atrás de nós parece um Columbo na versão de Loures.

A PJ está de fora?

Esta é a primeira grande investigação conduzida pelo MP em que a PJ fica de fora, o braço armado do procurador são funcionários do fisco, alguns dos quais nunca deram um tiro com uma espingarda de pressão de ar. O mais curioso é que o centro da investigação se situa em Lisboa mas a equipa que trabalha na investigação está e é de Braga. Enfim, um dia destes o MP investiga alguém em Bragança com pessoal tributário do Porto Santo. Mas a PJ está de fora por opção, porque o procurador confia mais no pessoal de Braga ou porque esta investigação é um rastreio às bases de dados do fisco na esperança de encontrar um qualquer negócio que envolva um amigo, conhecido, primo, vizinho ou motorista de Sócrates?

Os jornalistas são bruxos?

Como é que no meio de 90.000 páginas os jornalistas descobriram logo matéria interessante sobre Sócrates? Num dia o Tribunal da Relação decide permitir aos arguidos do processo e à boleia deste os jornalistas que se constituíram assistentes acederam igualmente ao processo, poucas horas depois já os jornais publicavam títulos dignos de duas edições. É casa opara dizer que abriram os processos e sem que ninguém os ajudasse era cada cavadela uma minhoca. Sendo assim não se entende onde está a dificuldade da investigação, se um jornalista abre o processo e descobre logo o que lhe interessa o melhor seria a PGR em vez de arregimentar o fisco de Braga era contratar meia dúzia de estagiários de jornalismo da Cofina.

Qual o interesse na vida privada de Sócrates?

Pela forma como é dada a importância à vida privada de Sócrates fico com a impressão de que os procuradores e inspectores em vez de terem andado no Centro de Estudos Judiciários ou no Centro de Formação do fisco terão anda numa escola de lavores e formação profissional de varinas. Por aquilo que se vai sabendo é caso para dizer que em vez de terem licença de uso e porte de armas deviam usar ligas e assim poderiam andar de faca na liga.

Que futuro?

Já se investigou se o homem era gay, já desmontaram um centro comercial tijolo a tijolo ali para os lados de Alcochete, já vasculharam nas despesas com cartão Visa  de todos os ministros, já analisaram os projectos da Covilhã, já investigaram a relação entre a disciplina de inglês técnico e exercício de um cargo político, já investigaram os negócios do homem, dos amigos, familiares, namoradas e vizinhos. Encerrado o Caso Marquês o que lhe farão a seguir?