domingo, março 20, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Marco António, vice-presidente

Marco António parece estar a perder uma boa oportunidade para provar a máxima do traste de Massamá, que noutro caso judicial fez questão de dizer que os políticos não são todos iguais. Os políticos que são menos iguais do que os outros dão a cara e não se escondem atrás com processos que nada tem que ver com o caso de que todos ouvem falar. Depois das acusações que lhe foram feitas por amigo e camarada de partido seria de esperar que um vice-presidente do PSD desse a cara e não recorresse a evasivas.

«Segundo o PÚBLICO apurou, o pedido de autorização para ouvir Marco António Costa e Firmino Pereira já terá entrado na Assembleia da República, mas ainda não foi distribuído pelos deputados da subcomissão parlamentar de Ética, que terão que dar um parecer sobre a audição. O pedido deverá ser aprovado, já que só muito raramente estes são indeferidos. Nos termos do Estatuto dos Deputados, a solicitação para os depoimentos é feita pelo juiz competente em documento dirigido ao presidente da Assembleia da República e a decisão será precedida de audição dos deputados.

Esta semana foi aprovado no plenário do Parlamento um outro pedido de autorização que visava os mesmos dois deputados do PSD. Também neste caso, ligado a um processo antigo que data de 2007, o tribunal pede para inquirir os deputados na qualidade de testemunhas. A subcomissão de Ética votou no final de Fevereiro a autorização para os dois deputados do PSD serem ouvidos a pedido do tribunal, mas a 23 de Novembro passado já Marco António Costa pedira ao presidente da subcomissão, para depor por escrito, como lhe permite a lei pelo cargo público que exerce. Na carta que enviou, o porta-voz do PSD fazia, no entanto, referência a um ofício de 2016 que ainda nem sequer existia.


Contactado pelo PÚBLICO, Marco António Costa afirmou que só conhece este pedido já aprovado e que este “nada tem de criminal”. O deputado adiantou que o pedido foi feito no âmbito de um processo cível, que envolve o empresário Abílio Couto e o município de Gaia. “Trata-se de uma execução”, acrescentou. Já Firmino Pereira, que enquanto vereador tutelava o pelouro das Obras Municipais e da Educação, explicou que a câmara construiu uma rua num terreno na feira dos Carvalhos, que pertencia a Abílio Couto. O caso seguiu para tribunal e a autarquia viria a ser condenada e na sequência desta decisão, adianta, teve de cortar a rua a meio, vedando uma parte do terreno com um muro.» [Público]

      
 Limpeza no CCB?
   
«O ex-presidente do CCB, António Lamas, considerou hoje que a sua demissão foi "uma limpeza", criticando a forma como o ministro da Cultura o exonerou do cargo e admitindo que João Soares já deve estar arrependido.

"Pode ser que ele até já esteja arrependido da inusitada metodologia que seguiu para me afastar", afirma António Lamas, numa entrevista ao semanário Expresso divulgada hoje, sobre a sua exoneração do cargo de presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), ocorrida a 29 de fevereiro por decisão do ministro da Cultura, que acredita ter sido "uma limpeza".» [DN]
   
Parecer:

Bem, se aquilo que se passou no CCB foi uma limpeza teremos de esperar que aquilo tenha ficado mais limpo. Mas dizer que essa limpeza é inédita revela que o antigo presidente do CCB deverá ter estado muitos anos no estrangeiro ou então será um senhor muito distraído.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 Camarada Taor
   
«A última edição do semanário Expresso, num artigo sobre as informações contidas no Arquivo Mitrokhin - nome do arquivista dos serviços secretos soviéticos que em 1992 desertou para o Ocidente - relativas a Portugal, publica um conjunto de quatro fotos de alegados "jornalistas de confiança" do KGB em que na legenda se lê: "Fernando Lima, ex-diretor do Diário de Notícias e assessor de imprensa de Cavaco Silva, nome de código Taor."

Na página seguinte, ímpar, surge um destaque em letras grandes em que se lê: "Fernando Lima era amigo de Kovaliov, que "mais tarde veio a saber-se que era coronel do KGB"."

Este oficial é Eduard Kovaliov, chegado a Lisboa a seguir ao 25 de Abril de 1974 como jornalista e primeiro correspondente da agência TASS. Em plena Guerra Fria, "a revolução portuguesa estava a provocar o maior interesse na informação internacional e um dos países mais interessados não podia deixar de ser a URSS", conta Fernando Lima, que em 1974 era oficial miliciano e estava no gabinete do ministro da Defesa, coronel Firmino Miguel (futuro chefe do Exército).

Fernando Lima, que já era jornalista profissional quando se deu o 25 de Abril, frisa: "É abusivo deduzir que, pelas conversas que na altura fomos tendo, trabalhasse para aquele serviço secreto. Nunca lhe perguntei se tinha qualquer ligação aos serviços de informações soviéticos mas, pelas perguntas que me fazia nas nossas conversas, hoje não tenho dúvidas de que era uma das suas fontes de informação em Portugal."» [DN]
   
Parecer:

Está explicada a vocação deste artista para escutas telefónicas e outras manhas da espionagem.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»