quinta-feira, maio 26, 2016

6 meses de calhambeque


Foi difícil tirar o calhambeque da rua, convencê-lo de que já era tóxico, que apesar do seu ar garboso era rejeitado pela maioria. Custou mas foi, o calhambeque ainda circulou uns tempos convencido de que era um topo de gama mas acabou por se convencer a ir para a garagem, já ninguém olhava para o ver, ninguém queria embarcar nele.

Como calhambeque que é acaba por passar a maior parte do tempo, de vez em quando alguém lhe liga o motor e lá aparece ele a dar uma volta, faz umas propostas para investimento, acrescenta algumas reformas, anda aos solavancos, mostra cansaço e lá regressa à garagem para mais uns tempos. Só reaparece com receio de gripar.

Se não fossem os raters ruidosos da robusta e de saltos altos Assunção Cristas dir-se-ia que o calhambeque só faria algum ruído, sinal de um motor fraco, cansado e sem grande vontade de andar. Mas a líder do CDS lá vai carregando o pé no acelerador do calhamque e de vez em quando entre raters e engasgadelas o calhambeque lá dá uma ou outra aceleradela.

Mas já ninguém embarca nas ideias do calhambeque, nem mesmo o Marcelo Rebelo de Sousa, que em tempos foi dono do calhabeque, já se sente tentado a andar nele e muito menos a rebocá-lo até à garagem de São Bento. Marcelo não acredita no motor do calhambeque, é como se não passasse na inspecção, deita muito fumo, faz ruído, intoxica quem com ele se cruza, Marcelo tudo faz para que o tirem da circulação, pelo menos enquanto não lhe mudarem o motor.

Mas ninguém consegue convencer o calhambeque de que precisa de peças novas, não bastou uma revisão e a substituição dos pneus com a Assunção Cristas, o calhambeque precisa de muitas peças novas, de uma nova direcção e de substituir a embraiagem. Mas enquanto ninguém convencer o calhamque de que o seu tempo passou, os seus donos lá o vão exibindo pelas avenidas convencidos de que é um topo de gama. Temos de lhe ouvir os raters e tapar o nariz sempre que passa.