sexta-feira, agosto 19, 2016

O cheiro da palha

Os que regressaram de África e que foram uma boa parte da militância do CDS e PSD reuniam-se no Rossio para vociferar contra os comunistas do MPLA e cada vitória da UNITA ou da FNLA era motivo de alegria, a mesma alegria que animou muita gente quando as tropas da África do Sul se aproximaram de Luanda.

O Almirante Rosa Coutinho era a reencarnação do demónio e os seus negócios com Luanda foram alvo de chacota durante muitos anos. Negociar com Angola era abominável, quase tão mau como fazer negócios com Moscovo, o dinheiro comunista era mais sujo do que o do tráfico de droga que  tanto encheu os cofres de alguns dos nossos bancos, num tempo em que tudo era feito no recato.

Quando a filha de Eduardo dos Santos começou a aparecer por Lisboa viam-se sorrisos e a burguesia falida da capital gozava dos novos ricos angolanos que frequentavam as melhores lojas da Avenida da Liberdade. Mas aos poucos a direita foi.-se apaixonando pelos ricaços angolanos, Mira Amaral foi o primeiro e nos dias de hoje já quase todos prestaram vassalagem ao dinheiro fácil de Angola.

Como seria de esperar ninguém fala de corrupção, de envelopes e diamantes e dos negócios fáceis em Angola, estão todos empenhados em defender o interesse nacional e para isso até são capazes de engolir tudo o que disseram no passado. Enfim, o cheito a palha faz milagres e até já vemos um conhecido deputado e comentador desportivo a manifestar o seu amor pelo MPLA, o rapaz que costuma referi-se ao Bruno de Carvalho como o "meu presidente" e ainda se engana e passa a tratar o José Eduardo como o seu presidente.