sábado, setembro 17, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
    
Pedro Passos Coelho

Quando soube que Passos Coelho ia apresentar um livro de José António Saraiva disse cá para os meus botões que "estão bem um para o outro". Quando li que o livro do pequeno arquitecto tinha como apreritivo segredos sexuais de político achei que estavam ainda melhor um para o outro. Sempre é melhor que Passos se dedique aos segredos de alcova do que vê-lo armado em Nostrapassus e a fazer profecias para o mês de Setembro.

Quanto a questões de ética já todos conhecemos os valores de Passos Coelho, foi ele que reuniu com Sócrates para discutir um programa de austeridade e depois disse que tinha sido apanhado de surpresa. É a mesma surpresa com que ficamos quando o vemos baixar de nível.

«Pedro Passos Coelho mantém-se firme na intenção de apresentar o próximo livro do jornalista José António Saraiva - ex-diretor dos semanários Expresso e Sol - apesar de entretanto já ter percebido que contém revelações sobre a vida íntima de políticos, muitas das quais atribuídas a personalidades que já morreram, e baseadas em conversas privadas.

Eu e os Políticos - assim se intitula o livro, editado pela Gradiva, e que o líder do PSD apresentará no próximo dia 26, no centro comercial El Corte Inglés, em Lisboa. "O Dr. Pedro Passos Coelho aceitou o convite mesmo antes de ler o livro. Este convite foi aceite tendo em conta a admiração que o Dr. Pedro Passos Coelho tem pela carreira e pelo papel que o arquiteto José António Saraiva desempenhou e desempenha no jornalismo português." É este o conteúdo da nota enviada ao DN por um assessor de imprensa de Pedro Passos Coelho depois de o DN o ter questionado sobre se não se sentia "desconfortável" com o teor da obra e o facto de José António Saraiva contar várias histórias que lhe foram contadas em privado, muitas delas de conteúdo sexual.» [DN]

 Coisas do arco da velha

A justiça portuguesa teve a sua semana horribilis com a desastrada entrevista do juiz Alexandre e com mais um adiamento, ainda por cima com  mais seis meses de opção, da conclusão do inquérito do Caso Marquês. O juiz Alexandre perdeu uma boa parte da credibilidade junto de quem ainda lhe dava crédito, enquanto as manifestações de desconfiança em relação ao inquérito do caso se multiplicaram na comunicação social.

Mas a resposta não tardou, o CM publica uma primeira página com supostas provas, enquanto o Público faz novas relações. Apetece perguntar se não faria sentido o MP ter o seu próprio jornal diário, sendo a Procuradora-geral a sua directora por inerência. Assim, as peças processuais passariam a ter a forma de notícias tornadas públicas e em vez de serem levadas resmas de processos para os tribunais poder-se-ia dispensar este trabalho pois os juízes podiam ir acompanhando a produção de prova logo na fase da investigação e sem a chatice de aturarem advogados, No fim a sentença em vez de ser ditada por um juri poderia ser decidida por uma sondagem da Aximage.

      
 José António Saraiva espreita e baba-se
   
«O Eu e os Políticos, o novo livro de José António Saraiva (JAS), é um capítulo da obra mais vasta Eu e o Mundo que o homem anda a escrever há décadas. Por falar em políticos, Jérôme Cahuzac, ex-ministro francês, está a ser julgado por trapaças com o fisco. Há dias, no tribunal, pediram-lhe explicações por um depósito na Suíça, há 25 anos, e que ele ainda mantém. "Ah, era para apoiar o Michel Rocard", desculpou-se. Rocard é um político francês que morreu há dois meses... Nada como os mortos para depositarmos culpas. Canalhices de políticos lembradas, passemos então, sem sair do género, ao magnífico "Eu...", o JAS e as coisas picantes que ele sabe sobre os nossos políticos. Olha, o irmão que já morreu, a contar ao "Eu" a sexualidade do irmão; olha, o escritor que já morreu, a contar ao "Eu" as brejeirices dum ministro; olha, um ministro que já morreu e que, moribundo, invocou ao "Eu" a sua doença para sacar umas massas... Na capa do livro desenha-se um buraco de fechadura, erro gráfico: o JAS espreitou menos do que cavou em campas. E é pena, porque o "Eu", só, é mesmo fascinante. Falava ele com o político Arnaut, um dos responsáveis do Euro 2004 em Portugal, e disse-lhe: "Já pensou que se mandam um avião contra um estádio matam 40 mil?" Um mês depois, tungas!, havia F-16 a vigiar o espaço aéreo... "Espantosa coincidência!", ironiza no livro o nosso JAS, inventor, além do saco de plástico, dos primeiros drones antiterroristas.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

  O missionário de Mação
   
«Foi muito boa, a entrevista de Carlos Alexandre à SIC. Dos recados, dos ajustes de contas, da provocatória afronta ao dever de reserva e ao poder disciplinar da classe, da evidência de que não confia na Justiça para fazer justiça já muito se falou. Menos se frisou o facto de em nenhum momento este juiz de instrução, que supostamente serve para zelar pelos direitos dos arguidos, ter falado disso, de direitos. Pelo contrário: apresentou-se como herói da luta contra o crime - castigador, incompreendido, perseguido, ameaçado e mal pago. Um herói que, incensado como "super", não consegue disfarçar o azedume - raiva, até - por "numa casa grande" (um tribunal superior?) o apelidarem de "saloio de Mação". Um herói que se diz sem medo mas não aguenta gozos. Que precisa de se justificar, engrandecer e santificar, frisando as origens humildes, exibindo a religiosidade, detalhando as perseguições, escutas, ameaças e problemas de saúde dele e família numa espécie de "olhem lá como sou coitadinho mas aqui estou firme no meu posto sem me queixar (enquanto me queixo)".

Nesse sentido, do que revela, a entrevista é muito boa - mérito do entrevistado, porém. O juiz tinha um guião para o que queria dizer e disse-o - em certos momentos até repetiu para não haver dúvidas, como quando afirmou não ter "amigos pródigos" e a seguir reforçou: "O saloio de Mação (...) não tem dinheiros em nome de amigos, não tem contas bancárias em nome de amigos". Ante isto, que toda a gente interpretou como referindo o processo Marquês, ouvimos alguma questão, mais que não fosse "está a falar do processo Marquês?" Nada. Aliás, o juiz queixou-se do princípio ao fim de ganhar mal e nem quanto aufere lhe foi perguntado - cerca de 3000 euros limpos mais 620 euros, também limpos, do "subsídio de habitação", o que, convenha-se, faz da lamúria um show de mau gosto. Mas não ficou por aí: em notável demonstração de rigor, chegou a comparar o que ele, funcionário, ganha num turno de sábado com o que recebem os tradutores chamados ao tribunal, usando o suposto valor líquido para si (depois de impostos, Segurança Social, ADSE, etc.) contra o ilíquido de uma prestação de serviços. E afirmou terem sido os juízes os mais lesados nos cortes da função pública - quando só pode estar a referir os 20% retirados ao subsídio de habitação (era, em 2010, de 775 euros), um privilégio que só a judicatura detém.

Na verdade, pintando-se como "bicho-do-mato" espartano e devotado missionário, Carlos Alexandre revelou-se antes obcecado com a sua imagem, dotado de apreciável pendor demagógico, notório espírito de casta e total ausência de sensibilidade social - e senso. A lembrar Cavaco, quando em 2012 se queixou de não ganhar para as despesas. A esse, porém, logo se mandou à cara quanto auferia; o então PR caiu a pique nas sondagens e não recuperou. Mas, claro, era um político. Carlos Alexandre não, é sério. E pelo bem. Podemos estar descansados, a Justiça está em boas mãos.» [DN]
   
Autor:

Fernanda Câncio.

      
 Selimani levou as ideias de Jesus para Inglatarra
   
«A estreia de Islam Slimani pelo Leicester dificilmente poderia ter corrido pior... Pelo menos para Björn Engels, defesa do Club Brugge, que perdeu por 3-0 contra os campeões ingleses, no arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões.

O ex-avançado do Sporting empurrou o defesa, na grande área do Club Brugge, e o central belga de 22 anos acabou por sofrer uma lesão grave na queda.» [DN]
   
Parecer:

É bem mais f´+acil marcar golos empurrando os adversários.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Alexandre, um perigo para o país
   
«“Por que razão o juiz Carlos Alexandre deu a entrevista à SIC?” É a pergunta que muitos fazem, tendo em conta o dever de reserva dos juízes. A resposta é mais simples do que parece e tem como pano de fundo um conjunto de acontecimentos em que o magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal se viu envolvido nos últimos anos.

Ao que o Observador apurou, Carlos Alexandre pretendeu prevenir novas denúncias anónimas caluniosas por alegada violação do segredo de justiça que teriam como objetivo afastá-lo do Tribunal Central de Instrução Criminal. E também denunciar vigilâncias ilegais a que tem sido sujeito por forças que entende estarem ligadas aos serviços de informações. As declarações à SIC sobre o manual dos serviços de informações, que foi divulgado pelo jornal i e se tornou público, indicam que o juiz tem indícios de que são ex-agentes das secretas que o estarão a vigiar.

Tudo por força das decisões que tem tomado naqueles autos, de que o máximo exemplo foi a detenção no aeroporto da Portela e a consequente prisão preventiva do ex-primeiro-ministro no Estabelecimento Prisional de Évora durante 10 meses.» [Observador]
   
Parecer:

O homem deve estar doido.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 À direita só Crista sobe nas sondagens
   
«O PS foi o partido que deu segundo o maior salto registado entre os partidos com assento parlamentar, com mais 0,5 pontos percentuais do que na sondagem de agosto, conseguindo hoje 36% das intenções de voto dos portugueses, um valor muito próximo do que o PSD (mas coligado com o CDS) conseguiu nas últimas legislativas (36,8%). Curiosamente, se as eleições fossem hoje e a julgar pelos números divulgados pelo Expresso, os sociais-democratas (sem o CDS em coligação) teriam 32,1%, um valor que é quase igual ao que o PS (32,3) teve nas mesmas eleições. Uma troca de posições que, no entanto, não muda nada relativamente à incapacidade de um partido conseguir uma maioria absoluta, o que voltaria a exigir um processo negocial intenso.

No entanto, o PS segue uma tendência de crescimento volta a verificar-se em setembro, no sentido contrário ao PSD que caiu 0,4 pontos face ao mês passado. Mas o partido que o maior tombo deu neste estudo foi o Bloco de Esquerda, com menos 0,8 pontos do que em agosto, recolhendo agora 8,2% da intenção de voto dos portugueses. O BE viu ainda a CDU, a outra força à esquerda do PS, a a subir 0,3 pontos, para 8,1%, quase apanhando o partido liderado por Catarina Martins.

O CDS surge avaliado isoladamente (já que a coligação se dissolveu no dia seguinte às eleições), com 6,9% na intenção de voto, o maior salto que um partido deu neste estudo feito entre 7 e 14 de setembro. No último sábado, dia 10 de setembro (dentro do intervalo de tempo em que foi realizada a sondagem), a líder do CDS anunciou a sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa.» [Observador]
   
Parecer:

O PSD que se cuide.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos que tire as consequências do desprezo do eleitorado.»