quarta-feira, março 15, 2017

O Conselho de Ministros que assinam de cruz


“Assunção, por favor vai ao teu email e dá o OK, porque isto é muito urgente, o Banco de Portugal tomou esta decisão e temos de aprovar um decreto-lei.”
“Como pode imaginar, de férias e à distância e sem conhecer os dossiês, a única coisa que podemos fazer é confiar e dizer: Sim senhora, somos solidários, isso é para fazer, damos o OK.” [Público]Assunção Cristas

O que mais impressiona na explicação dada por Assunção Cristas sobre a forma como, na qualidade de ministra assinou de cruz a resolução do BES, nem é a decisão mas sim o seu estado avançado de ingenuidade a roçar a demência intelectual, ao assumir desta forma que assinava de cruz decretos de tão grande importância e nem tinha a mais pequena ideia do que se passava no BES, a ministra assinou a resolução do maior banco português enquanto metia as "sandochas" no saco da praia. Aliás, Paulo Portas, o líder do CDS que, como se sabe anda por paraísos fisco-tropicais a gozar de licença sabática, já anteriormente tinha declarado que o BES nunca foi discutido em Conselho de ministros, a não ser ”em abstrato”.

Recorde-se que a resolução do BES implicou duas reuniões do Conselho de Ministros, a primeira realizou-se na quinta-feira 31 de Julho, reunião que não é a referida por Assunção Cristas e em que Paulo Portas esteve ausente. A segunda reunião ocorreu no dia 3 de Agosto e aí foi aprovado o Decreto-Lei 114-B/2014 que determina resolução do BES. Foi esta reunião extraordinário, a que Portas disse ter estado presente e que foi por ele presidida, que se realizou, segundo se disse na ocasião, por meios electrónicos:

«O enquadramento legislativo da resolução do caso BES exigiria um segundo decreto, aprovado num conselho de ministros secreto realizado "em modo eletrónico" no domingo 3 de Agosto - reunião essa sim onde Paulo Portas já participou, coordenado, dada a ausência do primeiro-ministro.» [DN]

Agora, graças à leviandade de Assunção Cristas, a mesma senhora que disse que Costa é um mentiroso porque o acordo do salário mínimo ainda não teria uma confirmação electrónica por parte de um parc eiro social, percebe-se que a tal “reunião electrónica” foi uma mentira.  Cristas prova agora que o Conselho de Ministros foi uma mentira jurídica, ela assinou por email e seguindo instruções de Maria Luís Albuquerque, não existiu qualquer reunião, nem presencial nem realizada com recurso a meios de comunicação online. A reunião não ocorreu.

Eram assim as reuniões do Conselho de Ministros no tempo de Passos, Portas e Cavaco, Cavaco tinha ido de jipe para a Traia dos Tomates, Passos Coelho andava a molhar os ditos na Manta Rota enquanto Portas fazia de primeiro-ministro e era a Maria Luís que de telefonava a uma ministra do CDS a dizer-lhe para abrir o email e assinar a papelada.

Agora sabemos como se enterrou o maior banco privado português, Paulo Portas presidiu a uma reunião electrónica do Conselho de Ministros que não se realizou, ou que consistiu em telefonemas como o que a Maria Luís fez à São para ela assinar de cruz e devolver por email. E a esta bandalhice jurídica há quem chame Estado de direita em vez da merda do estado a que o país chegou.