sábado, julho 22, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Ana Paula Vitorino, ministra do Mar

Foram poucos os ministros com a tutela da pesca que não cederam aos armadores, neste capítulo tiro o chapéu a Assunção Cristas que teve a coragem de proibir a pesca da sardinha quando as quotas foram atingidas, apesar das imensas pressões a que foi sujeita depois de tomar a decisão. Infelizmente foi a única vez que um governante da tutela enfrentou o choradinho dos pescadores e dos armadores, que enquanto existir uma caixa de sardinha para pescar vão defender que a espécie é abundante.

Os nossos armadores são umas bestas quadradas em matéria que defesa do ambiente e o seu objetivo é o dinheiro a curto prazo, enquanto existir sardinha que proporciona dinheiro fácil pescam, quando esgotarem os stocks de pesca vendem as licenças aos espanhóis, depois fazem manifestações a exigir licenças porque me Portugal se abateram os barcos e os espanhóis podem pescar. Ganharam com a pesca excessiva, voltaram com a venda dos barcos e a venda das licenças, e quando forem concedidos nos subsídios para a construção de barcos e receberem novas licenças voltarão a ganhar.

Este é o ciclo oportunista da pesca em portugal e os governantes são os grandes responsáveis. normalmente o secretário de Estado das Pescas é escolhido entre os que merecem a simpatia dos armadores e no exercício dos seus cargos estão mais ocupados a defenderem os maus interesses do setor, borrifando-se para o  interesse nacional.

Vejo a ministra responder ao alvoroço em torno da notícia e que um estudo defendia uma moratória de 15 anos na pesca da sardinha, argumentando que o estudo foi feito com base em dados desatualizados. Não percebo muito bem como os cientistas se esqueceram de pedir os dados atualizados ao governo, assim como também não entendo como é que estes dados podem sofrer alterações brutais em poucos anos, tanto quanto sei as sardinhas não se reproduzem como os coelhinhos. Além disso alguém está a mentir, o secretário de Estado disse que a quebra dos stocks se devia ao aquecimento global, dois dias depois a ministra diz que os dados estão desatualizados, isto é, não se regista escassez e, portanto, a questão do aquecimento não se coloca.

Como os stocks de peixe na costa portuguesa interessa a todos os portugueses e não apenas aos armadores, seriam bom que ministra demonstrasse a sua tese divulgando os tais dados atualizados, bem como os estudos feitos com base nesses dados atualizados, de forma a verificarmos que a sua teses da abundância é verdadeira, É que daqui a meia dúzia de anos, quando se verificarem as consequências das decisões atuais, a ministra já está reformada e muito provavelmente a comer sardinhas congeladas, isso se o mau cheiro não a incomodar pois sardinha ainda não é coisa fina. Até lá tenho muitas dúvidas em relação à honestidade da tese da ministra, porque entre um estudo supostamente com dados desatualizados e declarações sem dados e sem estudos, confio mais no primeiro.

 Os restaurantes e a pesca da sardinha

A TVI24 passa uma reportagem onde se dramatiza a falta de quota para pescar sardinha, com o argumento demolidor que sem sardinha fecharão muitos restaurantes e muita gente ficará sem emprego. Este dramatismo encerra uma notícia tranquilizantes, significa que toda a sardinha que vai para as mesas é fresquinha e bem paga, isto é, nenhum restaurante usa sardinha congelada, com um preço que pode ser um terço do da sardinha fresca.

Brevemente aparecerão também os donos das tascas improvisadas dos santos populares, pois imagino que na balbúrdia das festas também só se utiliza sardinha vivinha. Um dia destes vou analisar as estatísticas de importação de sardinha congelada, pois acho que não bate a bota com a perdigota.

Mas este dramatismo chantagista encerra um raciocínio curioso que me faz recordar os restantes asiáticos quem vendem carne de cão ou a tradição de comer a carne dos touros mortos da arena. Entre os hábitos humanos e a proteção de valores éticos ou o ambiente, salvem-se os hábitos tradicionais e tudo o resto que se lixe.

O que os donos dos barcos e dos restaurantes não explicam é que ganha o país quando toda a sua costa for um imenso deserto submarino, quase sem vida e sem nada para pescar.

      
 É o mercado estúpidos
   
«O líder da distrital de Lisboa do PSD vai criar um grupo de trabalho para poder tomar medidas contra a “compra” de votos em eleições internas. A decisão de Pedro Pinto é assumida ao PÚBLICO depois de o jornal online Observador ter filmado uma das facções candidatas à distrital da capital – a liderada por Rodrigo Gonçalves (concelhia de Lisboa) – a transportar militantes para o local de voto no dia das eleições para aquela estrutura.

Pedro Pinto, figura próxima de Passos Coelho e que foi eleito líder da distrital nessa ocasião, disse ter “preocupação” por esse tipo de influência de voto. “Não quero um partido de votantes a votar nas eleições sem saberem porquê”, afirmou o dirigente social-democrata. Nesse sentido, será criado um grupo de trabalho, com elementos da distrital e de fora dela, para fazer uma "reflexão" sobre as influências no voto e "formas de participação" interna.» [Público]
   
Parecer:

Um dia destes vamos ao mercado e perguntam-nos "queres carapau azul ou votos laranja?"
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»