quarta-feira, outubro 25, 2017

DEUS NEM SEMPRE É AMIGO

O Jumento divulga aqui a primeira entrevista dada por António Costa quando se deslocou ao local dos incêndios, que não foi transmitida pelas televisões porque estas tinham todos os recursos disponíveis a acompanhar os zigue-zagues de Marcelo rebelo de Sousa.Por isso ninguém soube da forma corajosa e disponível com que enfrentou os acontecimentos e acorreu às vítimas. Fica aqui a entrevista de que os portugueses não tiveram conhecimento por estarem a ver os abraços e beijinhos do Marcelo:

Jornalista: Vão ser concedidas indemnizações?
António Costa: É preciso que o levantamento seja feito e verificar se os requisitos legais estiverem preenchidos aplica-se a lei. Cada um tem um pequeno pé de meia, em vez de gastar mais aqui ou além, paga um prémio de seguro. Não imagina a quantidade de gente que me diz que já acionaram o seguro, isto é uma lição de vida para todos nós.
Jornalista: E quem não tem seguro?
António Costa: Quem não tem seguro aprende em primeiro lugar que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro.
Empresário que perdeu a empresa: O que diz aos empresários que viram as empresas destruídas?
António Costa: A mobilidade social funciona para todos e todos temos de ter a nossa responsabilidade também, no sentido de dizer, eu tenho um negócio, vou fazer o meu seguro para que se um infortúnio me bater à porta tenha valido a pena ter pago o prémio. Olhe, bem haja, tchau!
Jornalista: Já está a fazer o levantamento?
António Costa: É bom esperar que o levantamento seja feito pela autarquia, que é a autoridade adequada, verificar se os requisitos de calamidade se verificam e acionar a lei.
Jornalista: Vai haver ajuda imediata?
António Costa: Obviamente vai haver ajuda imediata, que é uma palavra de solidariedade humana, de presença do governo.
Jornalista: O que diz das vítimas mortais?
António Costa: Entregaram-se a Deus e de certeza que Deus com certeza que lhes reserva um lugar adequado
Jornalista: O Estado falhou?
António Costa: Não, a força da natureza na fúria demoníaca, embora os ingleses digam que é um ato de Deus “an ate of God”.


Não, não é uma entrevista totalmente falsa, não se trata de uma anedota de mau gosto ou de um texto de um programa de humor do Herman José, são mesmo palavras de um ministro competentíssimo, de um ministro da Administração Interna. Passos anda por aí a dizer que ganhou mas que não lhe deixaram governar. É mentira, não só formou governo como governou, governou o suficiente para vender a TAP e para mostrar a sua competência face a uma situação de calamidade. Foi uma pequena calamidade, o suficiente para ter destruído muitas empresas e para provocar uma vítima.

O ministro da Administração Interna do governo do PAF era Calvão e Silva, em Albufeira ocorreu uma enxurrada devido à incompetência e falta de prevenção por parte de autarcas do PSD. Muitas lojas ficaram destruídas e um cidadão morreu. A direita esqueceu-se deste acontecimento e agora quer passar a ideia de que com o PAF a situação resultantes dos incêndios teria sido enfrentada de outra forma.

É bom recuar no tempo e a entrevista a Costa só é falsa no que se refere ao uso abusivo do seu nome, se o substituirmos por "ministro da Administração Interna do PAF" a entrevista passa a verdadeira e mostra a competência do PSD e do CDS, a ligeireza com que pagam indemnizações e a forma como respondem a empresários que foram vítimas de uma calamidade imprevisível.

A direita pafiosa do CDS e PSD aproveitaram-se dos incêndios não só para beneficiar de forma oportunista da desgraça alheia, mas para passar a ideia de que com o PAF no governo seria tudo competência.





Os que agora criticam Costa por ter dito que os incêndios se poderiam repetir o que diriam se o primeiro-ministro se justificasse com a fúria demoníaca de Deus? E se Costa tivesse declarado que as vítImas dos incêndios se tinham entregado a Deus.

Os senhores do PAF andam muito esquecidos, não só já se esqueceram que formaram governo como no nesse pequeno período tiveram a oportunidade de demonstrar o que pensam das calamidades públicas, das ajudas às vítimas e de como entendem a ocorrência de vítimas mortais.

Foi uma pena o titular da pasta da Administração Interna que enfrentou os incêndios não tenha ser o ministro escolhido por Passos Coelho! Tudo teria sido resolvido com seguros e um par de terços.