quarta-feira, fevereiro 07, 2018

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Marcelo rebelo de Sousa, Presidente da República

O discurso presidencial revela poucos conhecimentos de economia, senão não falava em continuidade em relação a políticas contraditórias, onde a segunda desmontou a primeira. Mas o mais grave neste discurso do Presidente da República não está nos seus conhecimentos, há muito que desde o professor ao comentador e acabando no Presidente, Marcelo fala do que sabe e do que não sabe, o que importa é falar.

Mas depois de ter posto o líder do PSD a marinar, não escondendo o desejo de se ver livre dele, não é muito elegante elogiar agora aquele que ele ajudou a derrubar. Coragem seria ter elogiado Passos Coelho enquanto estava na liderança do PSD, assim nem é coragem, nem é lealdade com os agentes políticos. A democracia não precisa apenas de abraços, beijinhos e de sopas para os pobres entre duas jantaradas com banqueiros, precisa também de lealdade, de coragem e, já agora, de algum tento na língua, para não falar de uma rolha enfiada na boca da fonte de Belém.

«A plateia era de gente ligada ao sector financeiro e o Presidente da República puxou pelos louros do anterior Governo de direita. Ao discursar na Banking Summit, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa não só elencou uma série de desafios que considera colocarem-se ao atual Governo, como reconheceu que António Costa herdou, em 2005, "um trilho aberto, e começado a percorrer, com inquestionável mérito", por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.

"A governação substituída em 2015 deixou com inquestionável mérito um trilho aberto e começado a percorrer de redução drástica do défice, de sensibilização para a prioridade nacional do saneamento das contas públicas e do crescimento da economia portuguesa", afirmou o PR, lembrando que remontam ao anterior Governo as primeiras "diligências" para estimular o turismo e trazer a Web Summit para Portugal.


Registado o elogio a Passos e Portas, Marcelo também elogiou o atual Executivo, que conseguiu provar estarem enganados os que lhe anteciparam fracasso. Mas passou logo para o caderno de encargos que na sua opinião tem de ser rapidamente posto em prática se o país quer "virar definitivamente a página das crises endémicas, dos conjunturalismos e das soluções para o imediato".» [Observador]

 Discursos



 Contratos sem termo

Há duas relações que são para toda a vida, o pai e o patrão se tivermos um contrato sem termo. No caso do contrato sem termo o patrão está obrigado a manter o emprego do trabalhador até que a empresa morra. Não importa se o trabalhador tem uma qualificação que foi ultrapassada pela tecnologia, se os bicos de papagaio o impedem de acompanhar o ritmo de trabalho exigível ou mesmo que o patrão morra.

É uma herança dos tempos da servida, substituída mais recentemente pelo paternalismo do corporativismo. O resultado é um mercado de trabalho dualista, de um lado trabalhadores com todos os direitos e do outro trabalhadores sem quaisquer direitos, no meio as lutas laborais tendem a transformar-se em lutas entre gerações, um fenómeno frequente num país que leva a incapacidade de reformar a extremos.

Acontece no mercado de trabalho o que sucedia com o regime do arrendamento urbano, durante décadas o Estado não tocou no regime, transformou os senhorios numa segurança social privada obrigatória, as rendas antigas atingiram valores simbólicos, as novas rendas atiram os jovens para as periferias ou mesmo para fora do país. Os centros das cidades envelhecem, a novas atividades empresariais procuram as periferias, no centro ficam as mercearias de bairro e, mais recentemente, as lojas dos chineses.

De um lado há uma direita que acredita que a escravidão traz progresso, do outro há uma esquerda que insiste em manter um modelo social que corresponde a um modelo económico que ajudou a abolir. No meio desta direita e desta esquerda fica uma juventude que parte e que prefere a precariedade na Alemanha ao contrato sem termo em Portugal. Perdemos jovens qualificados, investidores e empresas, ficamos com empresas antigas e trabalhadores a caminho da reforma.

 O pilar da democracia

Nos últimos tempos temos ouvido repetidamente a retórica de que o grande pilar da democracia é o Ministério Público e, de forma subliminar umas vezes, direta outras vezes e noutras ocasiões acompanhando este discurso com buscas ao gabinete de um ministro, passa-se a mensagem de que os políticos são um perigo para a democracia. De um lado estão os eleitos por cidadãos distraídos ou enganados, do outro um grupo de pessoas iluminadas, que receberam uma vacina especial contra o vício, uma espécie de sacerdócio à prova de pecado.

A cada processo, a cada edição de alguns jornais, a cada busca domiciliária, a cada inquérito, a cada acusação cria-se a ideia de um país destruído por uma classe de políticos corruptos, um país depravado, uma Sodoma e Gomorra que urge sanear. De um lado estão os pilares da democracia, magistrados anónimos, procuradoras destemidas e com uma pronuncia de quem sofre de dores nos dentes pela coragem com que ataca os poderosos. Do outro, a imensidão de corruptos que urge prender.

Quem acredita nesta retórica arrisca-se a pensar que o MFA foi um movimento de magistrados, liderados por juízes dos tribunais plenários que derrubaram o regime fascista, que a Assembleia Constituinte foi um congresso extraordinário do sindicato do Dr. Ventinhas, que contra a vontade dos políticos adotou uma nova constituição e que se existe um parlamento devemos ao pessoal mais esclarecido que antes de se reunirem em congresso sindical constituinte beberam as ideias democráticas no MRPP.

Alguém tem de explicar a estes novos sacerdotes que o pilar da democracia não é nem o MP, nem o quartel do Carmo ou o posto da polícia, o pilar da democracia é o Parlamento e se temos de agradecer a democracia é aos muitos que ao longo dos anos se bateram contra a ditadura, os seus polícias e os seus juízes e que hoje são muitos milhares de cidadãos que dão muito mais do que recebem e que não reivindicam salários altos para defenderem a dignidade das suas funções.

A Dra. Joana Vidal ou a Maria José Morgado podem ser muito competentes, felizmente o que não falta neste país são dirigentes do Estado competentes e dedicados, ainda que estejam a toda a hora a serem difamados. Mas na hora de agradecermos a democracia é a gente como Salgueiro Maia, Mário Soares, Álvaro Cunhal e muitos outros, uns conhecidos e outros anónimos, uns porque fizeram um mero discurso e outros porque passaram pelo Tarrafal, é a esses que devemos a democracia são esses e muitos outros os verdadeiros e únicos pilares da democracia. 

É tempo de acabar com esta retórica dos falsos pilares da democracia, os pilares da democracia são os democratas, seja o jardineiro, o advogado, o médico, o deputado, os que defendem que o poder emana do parlamento e que cabe a este escolher quem nos governa. Na construção da democracia vi operários, empresários, advogados, professores, desempregados, vi independentes e militantes, vi civis e militares, até vi padres e bispos, mas não me recordo de ver magistrados. Se toda esta gente construiu a democracia, melhor saberá defendê-la sem que tenhamos de sujeitar o país a penitências decidia por sacerdotes.

      
 Sindicalistas que se deixam surpreender com facilidade
   
«A ausência de "um excecionalismo de circunstâncias" que justifiquem a escolha de um embaixador político para a UNESCO levam a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP) a contestar a escolha de Sampaio da Nóvoa para o cargo.

Em comunicado enviado esta terça-feira ao DN, a ASDP argumenta que a representação de Portugal no exterior "deve assentar no exercício profissional do ofício diplomático, que se aprende e treina durante uma vida dedicada ao serviço público".

Assim, a escolha de Sampaio da Nóvoa - antigo reitor da Universidade de Lisboa e ex-candidato à Presidência da República - por parte do Governo "é motivo de completa surpresa e estranheza", pelo que a ASDP pede ao Governo "que reconsidere" aquela proposta.» [DN]
   
Parecer:

Será que a gestão de tachos e tachinhos é matéria sindical?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»


 Momento idiota
   
«O Partido Socialista pediu desculpas ao presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, depois de alguém com acesso à sua conta oficial ter partilhado um tweet (entretanto apagado) em que classificava como “assustador” uma das frases proferidas pelo dirigente desportivo na conferência de imprensa desta segunda-feira à tarde: “Eu não sou daqueles que dorme com um olho aberto. Eu quando durmo tenho os três olhos fechados.”» [Observador]
   
Parecer:

O amadorismo imperdoável quando se trabalha na comunicação de uma grande instituição como é o caso do partido do governo. É lamentável ver um descuido envolver um partido no lamaçal em que se está a transformar o mundo do futebol português.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada»

 Uma senhora sem princípios
   
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Parecer:

Na hora de ganhar protagonismo a líder do BE não respeita nada nem ninguém, deve ser um complexo de inferioridade ou, talvez, pequenez.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»