quinta-feira, abril 05, 2018

PREGUIÇA

Há dias assim, apesar de não faltarem motivos não nos apetece opinar, estamos com preguiça. Hoje até temos muita matéria para dizer qualquer coisa, mesmo sem fazermos como o Rui Rio que só se interessou por três tensas, incêndios, saúde e Montepio.

O medo de Catarina Martins que o país fique às escuras para Centeno brilhar daria muito para falar, talvez fosse boa ideia sugerir à líder do BE que estudasse a distribuição de rendimentos em Portugal para percebermos se a melhoria dos rendimentos dos mais pobres resultaram da combinação entre rigor e criação de riqueza ou da generosidade revolucionária.

A esquerda idiota inventou algumas bandeiras ridículas como a ideia de que défices generosos sapo de esquerda porque geram riqueza e melhor distribuição de rendimentos. Os últimos dois anos provam que isso é mentira e um estudo sério talvez demonstre que os mais pobres sempre pagaram a generosidade com língua de palmo. Infelizmente a Catarina Martins é mais dada à prosápia do que ao estudo e vai continuar a defender défices generosos e a reestruturação da dívida, para que em vez de ser o Centeno a brilhar seja o seu amigo Yanis Varoufakis.

Também me apetecia opinar sobre essa choraminga de algum pessoal da cultura a pedir mais dinheiro dos contribuintes. Parece que algumas formas de cultura precisam de subsídios, embora ainda não tenha percebido muito bem porque motivo um jovem escritor, cujos livros não geram grande receita pode viver sem subsídios e os artistas de teatro ou de cinema têm de ser subsidiados. Cá por mim que ao Estado cabe subsidiar a cultura dos cidadãos através do ensino e não aqueles que já são cultos e querem vender a sua cultura.

Não sei se Marcelo já foi distribuir beijinhos para Penacova ou se prefere chegar no dia do funeral ou da missa do sétimo dia. Mas enquanto a Assunção Cristas não culpa o governo da explosão na capela Gondolim, se a Catarina Martins não vier denunciar que o país está a explodir porque o brilho de Centeno faz faísca, interrogo-me sobre as razões porque em Portugal é tão fácil morrer. O que nos impede de raciocinar e de perceber que uma capela, onde não faltas velas a arder e outras formas de ignição, são guardados os foguetes da festa.

É raro o dia em que não há notícia de mortes que se devem a uma espécie de cultura de negligência, são mulheres deixadas à sua sorte depois de pedirem ajuda ao MP contra os maridos assassinos, explosões de foguetes em capela, incêndios em salões de associações, incêndios descontrolados, acidentes rodoviários, acidentes de trabalho por falta de segurança. Portugal é um país onde a falta de cultura se faz sentir na morte desnecessária e inexplicável de muitos portugueses. Algo que devia merecer um debate sério e sem oportunismos.